Violência no Campo
Execuções no campo crescem no governo Bolsonaro; há 30 anos, sindicalista era assassinado no Pará
Por Lúcia Rodrigues*
Do Vi O Mundo
Hoje faz 30 anos que Expedito Ribeiro de Souza foi fuzilado a mando do latifúndio, na pequena Rio Maria, no Pará. À época, em 1991, ele era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria e dirigente do PCdoB no Estado.
Seis anos antes, em dezembro de 1985, João Canuto, que também presidia o mesmo Sindicato de Expedito, tombava pelas balas pagas por fazendeiros. A família Canuto teria ainda mais dois irmãos de João executados pelo poder do latifúndio. Assim como Expedito, Canuto era militante do PCdoB.
Prestes a completar 35 anos de sua morte em maio, Padre Josimo, então coordenador da CPT no Araguaia (PA), foi mais uma vitima dos latifundiários da região, em 1986.
O mesmo destino teve o ex-deputado estadual pelo Pará, advogado dos trabalhadores rurais e dirigente do PCdoB no Estado Paulo Fonteles, em junho 1987.
O ambientalista e sindicalista seringueiro Chico Mendes, cuja morte ocupou o noticiário internacional, engrossou a lista macabra ao ser abatido em dezembro de 1988, em Xapuri, no Acre.
Antes deles, Margarida Maria Alves, que inspira a Marcha das Margaridas, já havia sido executada na Paraíba, em agosto de 1983.
Desde 1985, quando a CPT (Comissão Pastoral da Terra) começou a contabilizar os conflitos no campo, a matança de lideranças não parou.
E sob Bolsonaro, as execuções aumentaram.
O ultimo relatório divulgado pela entidade, em abril do ano passado, com dados referentes a 2019, primeiro ano do governo, aponta um crescimento de 14% nos assassinatos de lideranças em relação ao ano anterior.
Dessas mortes, 84% se concentraram na região amazônica.
O relatório revela ainda que sob Bolsonaro houve um recorde nas disputas por terra, desde que a CPT passou a contabilizar os conflitos no campo.
A entidade registrou em 2019, 1.833 conflitos. O Pará lidera a lista como sempre.
*Lúcia Rodrigues é jornalista e formada em Ciências Sociais pela USP