Denúncia
Prefeitura de Atalaia (AL) continua sem garantir água para acampamento
Da Página do MST
A denúncia dos acampados e acampadas em Atalaia, Zona da Mata de Alagoas, ganhou o país no dia de ontem (22). Com o bloqueio de trecho da BR 316 no município, o acampamento Marielle Franco denunciou a falta de abastecimento por parte da prefeitura que deixa a comunidade há mais de 20 dias sem água. Ainda assim, a gestão comandada por Ceci Rocha (PSC) não disponibilizou o caminhão-pipa para as 120 famílias acampadas.
Mesmo com a presença da prefeita no trecho bloqueado da rodovia, o abastecimento de água da comunidade, em estado de emergência, foi enviado pelo Governo do Estado de Alagoas, através do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (ITERAL) após a repercussão da denúncia, além de outro caminhão enviado por um vereador do município a partir da articulação do comando da Polícia Militar em Atalaia.
Em contato com a imprensa, a assessoria da Prefeitura de Atalaia chegou a sinalizar que a falta de abastecimento no acampamento é justificada pelo estado dos caminhões-pipa que fazem esse serviço e estão todos quebrados.
“É inadmissível que no meio de uma pandemia a gestão municipal negue água para uma comunidade inteira. É um ato cruel para a situação em que vivemos, onde o acesso à água é fundamental para garantir os cuidados individuais contra a disseminação da Covid-19”, reforçou Margarida da Silva, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Além de pautar a falta de água no acampamento, a ação denunciou ainda a ameaça de pedido de despejo realizado por parte da prefeitura que ameaça a permanência dos camponeses e camponesas em parte da área que pertencia a Fazenda Imburi.
“A prefeitura tem espalhado a informação que querem construir nesse território uma indústria para gerar emprego para o município, como se a permanência das famílias na terra não correspondesse à perspectiva de geração de emprego e renda que o município visualiza. Mas até agora não temos nenhuma informação sobre qual indústria se trata, pois é plano de gestões antigas do município esse discurso, que nada mais é do que uma tentativa de colocar para a população a leitura de que a Reforma Agrária não gera emprego”, explicou Margarida.
De acordo com a dirigente do MST, a afirmação da prefeitura demonstra o desconhecimento da gestão do potencial econômico da agricultura familiar e camponesa, que é inclusive responsável por parte da economia do município de Atalaia.
“Além disso, é graças aos acampamentos, assentamentos e dos pequenos produtores da região que temos a possibilidade de abastecer a cidade com comida de qualidade. Somente o acampamento Marielle Franco doou toneladas de alimentos para a população carente de Atalaia, combatendo a fome escancarada pela pandemia”.
Solidariedade
Nas redes sociais a campanha #AcampamentoMarielleResiste levou a luta dos camponeses e camponesas em Atalaia para todo o mundo. Além das manifestações individuais de apoio, dezenas de movimentos, partidos e organizações lançaram nota de solidariedade aos trabalhadores Sem Terra do Marielle Franco.
As notas, além de pautarem a defesa da Reforma Agrária, denunciaram ainda a ação criminosa da Prefeitura de Atalaia em negar água para o acampamento por mais de 20 dias.
*Editado por Fernanda Alcântara