Ação Solidária
MST doa alimentos durante vacinação em massa na cidade de Serrana (SP)
Por Filipe Augusto Peres
Da Página do MST
Nesta terça-feira (24), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou Ação Solidária e doou 1.500 kg de alimentos agroecológicos no Bairro Jardim Cristina, em frente a EMEF Paulo Sérgio G. Betarello, na periferia de Serrana (a 30 km de distância de Ribeirão Preto-SP). A escola é um dos locais de vacinação do Projeto S do Instituto Butantan, que está vacinando toda a população adulta da cidade para fins de estudo sobre imunização em massa para o controle da pandemia da Covid-19.
Os alimentos fresquinhos vieram de áreas da reforma agrária da região – acampamento Vanderlei Caixe, em Salles de Oliveira, acampamento Paulo Botelho, assentamento Mário Lago, em Ribeirão Preto, assentamento 17 de Abril, em Restinga, e do assentamento Sepé Tiarajú, em Serrana e Serra Azul.
Na cidade de Serrana, famílias do MST do acampamento Alexandra Kollontai e do assentamento Sepé Tiarajú serão vacinadas dentro do projeto do Butantan: “O nosso povo Sem Terra também será vacinado, estamos muito felizes pois isso é um direito de todo povo brasileiro e, por isso, nós decidimos fazer a ação solidária, dividindo o que a gente tem com as pessoas que estão na cidade, convivendo com a fome que piorou com o fim do auxílio emergencial. Como dizia Betinho, quem tem fome, tem pressa, e hoje trouxemos 160 sacolas de alimentos saudáveis, sem veneno, pra distribuir para quem precisa”, afirmou Neusa Paviatto, da Direção Estadual do MST.
Além da importância de conscientizar a população sobre a importância da vacinação e de lutar por uma vacinação para todos, outro motivo levantado pelo MST foi a necessidade de se debater políticas públicas que deem suporte à população em situação de vulnerabilidade durante pandemia, discutindo questões como a Volta do Auxílio Emergencial e a Reforma Agrária Popular. Desde o início da pandemia de Covid-19, o MST já doou mais de 4 milhões de quilos de alimentos em todo o país, como lembra Kelli Mafort, da Coordenação Nacional: “A pandemia do vírus é também uma pandemia da fome. A pandemia no Brasil se encontra com uma desigualdade histórica que é fundante da sociedade brasileira”, declarou.
Acampada há 7 anos no acampamento Alexandra Kollontai, em Serrana, Maria Auxiliadora afirma que seu sonho é ter o direito de uso da terra. A acampada afirmou que no início ficou desconfiada quanto à ideia de ser vacinada mas que depois, à medida que foi se informando, entendeu a importância da vacinação. A trabalhadora rural também ressaltou a importância do MST na conscientização de acampados e assentados quanto à importância da vacinação.
“Diante de tanta fake news, eu estava com o pensamento um tanto errado sobre a vacinação, medo de tomar vacina, tudo. Mas diante de tantos estudos de vacinas, desde a época do sarampo, da paralisia infantil, vejo que agora é o momento de termos novas vacinas, né? É importante o MST estar incentivando, porque tem gente que não tá querendo, tá com a cabeça ligada em notícias falsas.”
Presente na Ação Solidária, o vereador e Presidente da Câmara Municipal de Serrana, Airton José Bis (DEM), ressaltou o privilégio do município de Serrana por ter sido escolhido para o Projeto S, ao mesmo tempo em que destacou a necessidade de parte da população, mesmo que uma minoria, se conscientizar da importância de se vacinar: “Nós estamos fazendo uma vacinação em massa. Nós vamos vacinar a população inteira, é um privilégio para nós. Enquanto muitas cidades estão correndo atrás de vacinação, nós temos vacinação para todos e mesmo assim ainda tem gente que não quer vacinar.”
O Presidente da Câmara Municipal também elogiou a Ação de Solidariedade do MST junto à população em situação de vulnerabilidade. “O Movimento Sem Terra está fazendo um belo trabalho pois a maioria da população, com esta epidemia, não tem o que comer e isto é o melhor trabalho que se pode fazer socialmente com a população de Serrana”.
A vereadora Lucia Poiares (PSB) afirmou estar feliz com o engajamento do povo de Serrana em relação a vacinação. Entretanto, mostrou-se preocupada com a nova cepa e o desemprego agravado pela pandemia de Covid-19. Sobre isso, destacou a importância das Ações de Solidariedade do MST como forma de mitigar a fome: “Hoje a questão do coronavírus é muito séria. Eu vejo que a população de Serrana está bem conscientizada, buscou as suas escolas para ter os seus postos de vacina. Agora, a nossa preocupação é a nova variante que aí está e, também, esta questão do desemprego que o Brasil está vivendo. Eu fico muito preocupada como vereadora. Parabenizo o MST que vem nesse momento realizar esta distribuição de alimentos porque é um meio de ajudar estas famílias nesse momento da crise. É muito preocupante toda esta situação, mas estou muito feliz de ver este trabalho social que vocês veem fazendo no município”.
Acampado no Alexandra Kollontai faz mais de 10 anos, Fernando Fidelis dos Santos, lembrou que a solidariedade também está presente no ato de ir vacinar-se, pois o combate ao vírus é uma luta coletiva. “Nós estamos no intuito de ajudar o próximo, ajudando o outro para não ter contaminação, que o negócio é muito sério”.
*Editado por Fernanda Alcântara