Mulheres em Solidariedade!
Mulheres do MST doam marmitas e alimentos, em Londrina (PR)
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no Paraná
Da Página do MST
A solidariedade tem sido a prática adotada pelas camponesas Sem Terra para defender o Sistema Único de Saúde (SUS), o direito à alimentação, e protestar contra as violências e a negligência do governo federal com a pandemia da Covid-19. No norte do Paraná, mulheres de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária produziram e distribuíram mil marmitas às famílias em situação de vulnerabilidade no município de Londrina.
As camponesas também doaram mil quilos de alimentos ao Hospital do Câncer e em cozinhas comunitárias da cidade. Ao longo da semana, ainda estão previstas cerca de 50 doações de sangue no Hemocentro da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
As principais ações ocorreram nesta segunda e terça-feira (8 e 9/03), como parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, sob o lema “Mulheres pela vida, semeando a resistência contra a fome e as violências”. Elas marcam o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, estende as atividades até 14 de março, data que completa três anos do assassinato da vereadora Marielle Franco – crime que segue impune.
Para Sandra Ferrer, camponesa, moradora do Assentamento Eli Vive, em Lerrovile, no município de Londrina, a Jornada de Lutas significou um esforço coletivo de mobilização, com todos os cuidados que este momento crítico na pandemia exige. “O coração transbordou de emoção ao doarmos os alimentos para o Hospital, ainda mais neste momento de pandemia. Uma alegria na alma poder partilhar o que temos de melhor com os pacientes ali internados”, garantiu.
Ceres Hadich, integrante da Direção Nacional do MST e assentada na comunidade Maria Lara, de Centenário do Sul, a crise de Saúde Pública e a falta de vacinas comprovam a ação genocida do governo Bolsonaro durante a pandemia. Por outro lado, chama a atenção para a “pandemia” da fome que também se aprofunda pela negligência do Estado.
“A fome é uma violência estrutural, que infelizmente assola milhões de pessoas no nosso país e no mundo […]. Precisamos enfrentar a fome como uma questão política, e defender o direito de comer bem como um ato humano primordial e necessário”, afirmou. Somado a esse aspecto, a agricultora frisa a pauta sobre a defesa da luta contra as diversas formas de violências, contra as mulheres, as pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGTBs), os vulneráveis, as crianças de trabalhadores em geral.
Os alimentos utilizados nas marmitas e doados ao hospital foram produzidos e partilhados pelas famílias dos assentamentos Eli Vive, em Londrina; Dorcelina Folador, em Arapongas; e Maria Lara em Centenário do Sul; e dos acampamentos Herdeiros da Luta de Porecatu; Zilda Arns, em Florestópolis; e Fidel Castro; em Centenário do Sul; e das Cooperativas de Reforma Agrária da região.
A diversidade de produtos proporcionou uma alimentação colorida e nutritiva com abóbora, mandioca, milho verde, quiabo, banana, mamão, arroz, feijão, quirera, farinha de mandioca, entre outros. As mil refeições foram doadas nos bairros São Jorge, da zona norte, e Moka, do leste da cidade, e na zona sul, nas Vilas Feliz e Cristal. Já os alimentos in natura também foram doados para as cozinhas comunitárias dos bairros São Jorge, Moca e Cristal. As ações seguiram as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e os protocolos de segurança sanitária para prevenção da Covid-19.
Em diversas cidades da região também haverá plantio de jardins em homenagem a Marielle Franco, no dia 14.
Jornada das Mulheres no Paraná
No Paraná, as mulheres de dezenas de assentamentos e acampamentos realizam ações em 11 cidades. Na capital, Curitiba, entre os dias 8 e 10, 2.200 marmitas foram produzidas, pelo coletivo Marmitas da Terra e pela Frente Feminista de Curitiba e Região Metropolitana. As refeições foram distribuídas as pessoas em situação de rua e famílias moradoras da periferia da cidade. As mulheres também organizam doações de sangue no hemobanco da cidade, ao longo de toda a semana. E um mutirão de plantio nas agroflorestas do assentamento Contestado, na Lapa, no dia 13.
Em Castro, 165 cestas de alimentos agroecológicos foram entregues aos trabalhadores do hospital Cruz Vermelha Brasileira, em agradecimento aos profissionais que estão na linha de frente do combate à Covid-19. Os alimentos são frutos dos acampamentos Maria Rosa do Contestado e Padre Roque Zimmermann, de Castro, ambos 100% agroecológicos, e do acampamento Emiliano Zapata, em Ponta Grossa, com a maior parte da produção também sem uso de agrotóxicos.
As ações das Mulheres Sem Terra do sudoeste do estado se concentram em Francisco Beltrão, com a doação de 90 cestas com alimentos agroecológicos para famílias de catadores de materiais recicláveis. A doação é organizada pelos acampamentos Terra Livre e Mãe dos Pobres, em Clevelândia, e pelo assentamento Missões, em Francisco Beltrão, a partir de alimentos agroecológicos cultivados em hortas coletivas das comunidades e nas lavouras das famílias camponesas.
Em Paranavaí, nesta segunda-feira (8) 3,5 toneladas de alimentos foram doadas ao Hospital Santa Casa. Entre a diversidade de alimentos agroecológicos entregues à instituição estão tubérculos, frutas, verduras, panificados, ervas medicinais, arroz, melado de cana, açúcar mascavo e leite. Os alimentos foram doados pelos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária dos municípios de Cruzeiro do Sul, Paranacity, Querência do Norte e Planaltina do Paraná, além das cooperativas Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (COPAVI) e Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária Avante (COANA). Mulheres da região noroeste também se mobilizam para doar sangue no Hemobanco de Maringá.
Em Laranjeiras do Sul, as camponesas preparam 500 pães que foram doados às famílias em situação de vulnerabilidade de três bairros da cidade. Ainda na região centro do estado, mulheres de comunidades de Quedas do Iguaçu realizaram doação de alimentos para a Casa do Idoso e das Crianças. O acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio, de Rio Bonito do Iguaçu, se organizarou para doações de sangue em Guarapuava. Além de formações online para as mulheres da região. Em Cantagalo, foram plantadas 30 mudas de árvores nativas. Em Boa Ventura de São Roque, as mulheres também farão doação de sangue ao longo da semana.
Na região centro-oeste, 100 cestas foram doadas às famílias vulneráveis de Peabiru, a partir de doações vindas do acampamento Valdair Roque e do assentamento Monte Alto, em Quinta do Sul, e do acampamento Marajó, em Peabiru.
No município da Lapa, 300 quilos de alimentos da Reforma Agrária serão doados, nesta quinta-feira (11) a uma clínica que atende dependentes químicos. As doações são de hortas e lavouras de famílias do assentamento Contestado, localizado no município.
Para fortalecer a produção de alimentos e dar continuidade às ações de solidariedade, no próximo domingo (14), estão previstos o plantio em agroflorestas coletivas em assentamentos de Jardim Alegre e da Lapa; e plantio de jardins em homenagem a Marielle Franco, em diversas cidades do estado. Também haverá atos simbólicos com faixas em defesa do SUS e pela vacina já para toda a população, em diferentes cidades.
*Editado por Solange Engelmann