Centenário Dom José Gomes
Dom José Gomes, o bispo combatente
Da Página do MST
Dom José Gomes nasceu em Erexim (SC) no dia 25 de março de 1921. Em 1935, foi para o Seminário Menor São José em Santa Maria (SC) onde ficou até 1940. De 1941 a 1943 cursou Filosofia e depois Teologia. Em 1947 foi ordenado sacerdote em Jacutinga (RS).
Em 1961 consagrou-se sagrado bispo e foi trabalhar na cidade de Bagé (RS). Escolheu como lema “que vos ameis uns aos outros” e teve atuação marcada pelo envolvimento com questões sociais.
Foi transferido em 1968 para a Diocese de Chapecó (SC) onde continuou sua atuação aguerrida na defesa do povo. Influenciado pelas reflexões progressistas do II Concílio do Vaticano, esteve envolvido intensamente nas lutas sociais do período com um discurso combativo ao privilégio dos ricos e a situação de extrema miséria que a maioria da população vivia.
Criou e assumiu o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a CPT (Comissão Pastoral da Terra). Crítico a ditadura militar e ao modelo fundiário, defendia as ocupações de terra e teve papel fundamental na formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, afirmando a necessidade de o Movimento assumir seu próprio caminho sem a interferência da Igreja.
Convivendo no meio do povo, ajudou na articulação do MST em Santa Catarina, incentivou a criação do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) e promoveu debates e conversas com os atingidos pela barragem da Eletrosul na região da Bacia do Rio Uruguai, que organizaram uma Comissão Regional de Atingidos por Barragens que anos mais tarde se tornou o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Coerente, carregava em seu coração as premissas da Teologia da Libertação, dando assistência ao povo pobre e incentivando-o a lutar por seus direitos. Por causa disso, sofreu diversas críticas e perseguições, o que não impediu de continuar firme em suas convicções.
Em homenagem ao seu centenário, exibimos uma entrevista cedida por D. José ao Jornal Sem Terra em julho de 1984, onde o bispo reafirma a necessidade da Igreja se posicionar diante dos conflitos agrários no país. Confira!
*Editado por Fernanda Alcântara