Congresso Nacional
Café da manhã do MST com parlamentares reforça luta pelo Fora Bolsonaro Genocida
Da Página do MST
Nesta segunda-feira (29/3), pela segunda vez consecutiva de forma virtual, o MST realizou o Café da manhã com parlamentares do Congresso Nacional. O espaço contou com a participação de cerca de 200 pessoas, entre parlamentares, assessores e trabalhadores (as) do MST. A mística trouxe presente a importância do cultivo da terra e da solidariedade, com a produção de alimentos saudáveis e de cuidados, associado ao plantio de árvores para garantir a preservação da biodiversidade e a distribuição dos frutos produzidos nos territórios entre a população em situação de vulnerabilidade nas periferias urbanas do país, através de doações.
A atividade reforçou a unidade entre os movimentos populares do campo e da cidade e o parlamento em torno das pautas do Fora Bolsonaro, vacina gratuita para toda população e a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600,00, para assegurar às famílias dos trabalhadores a garantia do alimento e o isolamento social. Em uma das fases mais contagiosas da Covid-19, quando o Brasil já ultrapassou os mais mil de 300 mil mortos.
Crise estrutural e pandemia
João Pedro Stédile, da direção nacional do MST, ressaltou a gravíssima situação da pandemia e a crise estrutural do país, de caráter social, econômica, sanitária, política, ambiental e de soberania nacional. “No Brasil a crise estrutural do modo de produção capitalista, nos atinge com mais força por ser um país de capitalismo dependente. A crise se aprofundou na economia e está cada vez pior. No social, se agravou a desigualdade social, hoje temos 40 bilionários, e na base da pirâmide 60 milhões de adultos brasileiros na miséria, que necessitam do auxílio emergencial. A crise ambiental se agrava com as agressões à natureza e os crimes ambientais. Também há um aprofundamento na crise da soberania nacional, com o avanço das privatizações de empresas públicas pelo neoliberalismo”, explicou.
Stédile também reforçou a necessidade de unificação de várias frentes, com movimentos populares, entidades e partidos políticos na construção de bandeiras unitárias em torno do Fora Bolsonaro e de uma greve geral dos trabalhadores. Além de solicitar apoio dos parlamentares para as demandas dos movimentos camponeses, de políticas públicas para enfrentar a pandemia.
“Nosso pedido especial de atenção para o auxílio de emergência para os camponeses produzirem alimentos. Lutar para garantir recursos para o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] e o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar], contra os cortes de recursos no IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], pois o principal a ser afetado é o campo. E dar prioridade na aprovação da Lei Assis Carvalho 2 no Congresso”, disse o dirigente Sem Terra.
Na mesma linha, Edson Silva, da Frente Povo Sem Medo, apontou que o Covid-19 aprofundou a crise em várias frentes, mas que o descontrole da pandemia é também um produto da política do governo Bolsonaro de provocar o caos e, a partir disso tentar se manter no governo. “A gente vive um completo esgotamento dos trabalhadores na saúde, que estão fazendo frente nos hospitais, que se tornaram locais de possível convulsão. O Brasil se tornou a nova cepa do mundo, o que também vai impactar o capital. Ao lado da morte é a crise social, com milhares de pessoas sem renda, sem alimentos. O problema da carestia, com o preço dos alimentos nas alturas”, denunciou.
Diante da crise, Silva também chama atenção para a necessidade de unificação dos movimentos sociais e do parlamento em torno da garantia de renda dos trabalhadores com o auxílio emergencial integral, para assegurar o isolamento social. “Sem renda é impossível fazer o isolamento, ou se espera a morte de Covid-19 ou de fome”, ressaltou.
Erika Kokay, deputada federal pelo PT/DF, parabenizou o MST pela campanha de solidariedade, com doações de alimentos às populações em situação de vulnerabilidade, e afirmou que os trabalhadores(as) Sem Terra se valem da solidariedade para enfrentar a morte organizada. Segundo ela, é preciso agregar a pauta da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde e da reforma administrativa as bandeiras de lutas, para deixar claro que a postura do governo Bolsonaro provocou a mutação do Covid-19.
O deputado federal pelo PT/SC, Pedro Uczai, e coordenador do Núcleo Agrário da bancada do PT na Câmara dos Deputados, denunciou que o governo está aproveitando a pandemia para tentar emplacar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32 da reforma administrativa, que deve ampliar a destruição de serviços públicos por parte da União e aumentar o autoritarismo. “De um lado a miséria e do outro um avanço da PEC 32. A pandemia está sendo o melhor momento do neoliberalismo para destruir o Estado brasileiro para população, tornando um estado só pro mercado. A síntese é fora Bolsonaro genocida – defender a democracia e soberania nacional”, afirmou Uczai.
Aumento da repressão
Nesse contexto, a deputada federal pelo PSOL/PA, Vivi Reis, denunciou os ataques do governo federal aos direitos humanos, aos territórios, e a formação de milícias rurais que ameaçam os trabalhadores rurais. “Temos visto o aumento de assassinatos e ameaças aos indígenas. É importante que seguimos na unidade pela vacina, auxílio emergencial descente para o povo sobreviver, pautando o Fora Bolsonaro. E não deixar a boiada passar contra os territórios e os corpos dos povos da Amazônia”, relatou.
Na semana de aniversário do golpe militar, realizado em 31 de março no Brasil, o deputado federal pelo PSOL/RJ, Marcelo Freixo, e a deputada federal pelo PT/RN, Natália Bonavides, alertaram que outra pauta importante para os movimentos sociais é a luta contra a ampliação do uso da Lei de segurança nacional, que visa criminalizar os movimentos sociais e aumentar a repressão na sociedade.
“O projeto de terrorismo é a nova lei de segurança nacional. A criminalização direta dos movimentos sociais, visa enfraquecer qualquer movimento, e por dentro das polícias estão tentando criar um motim contra a democracia. São várias as tentativas de golpe que estão em curso no Brasil”, denunciou Freixo.
Fora Bolsonaro Genocida!
Já o Senador pelo PT/PE, Humberto Costa, reafirmou o compromisso na luta com a pauta da agricultura familiar e em torno da liberdade de expressão nesse momento. “Quero externar a preocupação com o bolsonarismo e a escalada de violência estimulado pelo governo. A bandeira do Fora Bolsonaro se coloca, porque a situação do Brasil se agrava, do ponto de vista da pandemia, da questão social e das ameaças do autoritarismo, de apostar no golpe militar. Qualquer ação tem que ter o Fora Bolsonaro, como questão fundamental.”
“Temos que manter firme a bandeira Fora Bolsonaro. Cada dia a mais de Bolsonaro no governo é um dia a mais de desgraça para o povo Brasileiro”, resumiu o deputado federal pelo PT/SP, Carlos Zarattini.
Ao final, Stédile também convidou os parlamentares a se somarem as ações de celebração do centenário de Paulo Freire, que está sendo celebrado durante todo o ano de 2021 pelo MST, e a colaborar com o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” do MST, iniciado em 2019, com o plantio de árvores em diversos estados. E encerrou relembrando que os lutadores da classe trabalhadora “não tem o direito de ser pessimistas – sempre temos que ser otimistas e projetar a vitória. A vitória é certa e o povo vai se mobilizar.”
*Editado por Wesley Lima