13 documentários contemporâneos para entender o Golpe Militar de 1964

Por Barbara Vida, Luara Dal Chiavon e Renan Rovida/ BAEC
Da Página do MST

O período da Ditadura Militar no Brasil foi marcado por assassinatos, torturas, perseguições políticas, desigualdades sociais, omissão de informação e outros tantos atos em nome deste regime autoritário. Também a ditadura militar no Brasil é marcada pela falta de punição aos mentores e agentes dessas atrocidades.

Este ano mais do que nunca temos que relembrar todos os crimes cometidos durante os 21 anos de ausência de democracia (1964-1985), uma vez que o judiciário acaba de autorizar o governo Bolsonaro a comemorar o Golpe Militar. Relembrar para que nunca mais aconteça! 

Para isso, a Brigada Audiovisual Eduardo Coutinho selecionou 13 filmes que vão permitir entender diversos aspectos desse momento infeliz na história do Brasil. Que a compreensão desse período possa apontar caminhos para a verdade e a justiça e que traga ânimo e coragem para enfrentar o golpe que estamos vivendo. 

1964: Um Golpe Contra o Brasil (2012)

Direção: Alípio Freire // 2h 26 min

O Golpe de Estado no Brasil em 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, que culminaram, no dia 1º de abril de 1964, com um golpe militar que encerrou o governo do presidente democraticamente eleito João Goulart, também conhecido como Jango. 

Uma Família Ilustre (2015)

Direção: Beth Formaggini // 18´44 min

Conversa entre um assassino que colaborou com a ditadura militar e um psicólogo.

(A diretora do filme Beth Formaggini também realizou um longa-metragem a partir do material filmado para o curta-metragem chamado “Pastor Cláudio”, disponível em Streaming e indicado ao final da lista.) 

Os dias com ele (2013)

Direção: Maria Clara Escobar // 01h 46 min

Maria Clara mergulha no passado quase desconhecido de seu pai, Carlos Henrique Escobar. Ela vive as descobertas e frustrações de acessar a memória deste homem que foi preso e torturado pela ditadura militar. 

Marighella (2011) 

Direção: Isa Grinspum Ferraz – 100 min

Líder comunista, vítima de prisões e tortura, parlamentar, autor do mundialmente traduzido “Manual do Guerrilheiro Urbano”, Carlos Marighella atuou nos principais acontecimentos políticos do Brasil entre os anos 1930 e 1969, e foi considerado o inimigo número 1 da ditadura militar brasileira. Mas quem foi esse homem, baiano, poeta, sedutor, amante de samba, praia e futebol, cujo nome foi por décadas impublicável? O filme, dirigido por sua sobrinha, é uma construção histórica e afetiva desse homem que dedicou sua vida a pensar o Brasil e a transformá-lo através de sua ação.

O canto da terra (1991) 

Direção: Paulo Rufino, Walter Carvalho e Marcelo Coutinho  // 01h

Relendo momentos fundamentais da História do Brasil, o filme estuda o desenvolvimento da concentração econômica desde suas origens no desenho fundiário – herança da colonização – até a violência no campo de hoje.

Cidadão Boilesen (2009) 

Direção: Chaim Lotewski // 92 min 

Através de diversos depoimentos, o documentário revela as ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do famoso grupo Ultra, da Ultragaz, com a ditadura militar. Seu apoio, assim como de muitos outros empresários, financeiro ao movimento de repressão violenta e também a sua participação na criação da temível Oban – Operação Bandeirante, espécie de pedra fundamental do Doi-Codi.

Marãiwatsédé – O Resgate da Terra (2018)

Realização: Ministério Público Federal // 34 min

Filme relata a história dos indígenas da comunidade xavante de Marãiwatsédé, que foram duramente perseguidos, mortos e removidos de suas terras a partir da década de 50. Documentário realizado pelo Ministério Público Federal.

Memórias femininas na luta contra a Ditadura Militar (2015) 

Direção: Maria Paula Araújo // 51 min

O documentário é um projeto do Laboratório de Estudos do Tempo Presente (Instituto de História/UFRJ) que aborda a trajetória de mulheres que atuaram na resistência à ditadura militar brasileira a partir de depoimentos do acervo “Marcas da memória: história oral da anistia no Brasil”.

Em Busca da Verdade (2015)

Direção: Deraldo Goulart e Lorena Maria / Duração: 58 min

Em Busca da Verdade ganhou o 37º Prêmio Vladimir Herzog na categoria Documentário TV. A produção aborda as graves violações de direitos humanos ocorridas na ditadura militar de 1964 e que foram investigadas pela Comissão Nacional da Verdade.

ABDIAS: Raça e e Luta (2012)

Direção: Maria Maia. Documentário, Brasil, 59 min

“O documentário Abdias: Raça e Luta retrata a trajetória do professor, artista plástico, escritor, teatrólogo, político e poeta Abdias Nascimento, sendo uma homenagem a um dos pioneiros do movimento negro no Brasil, perseguido durante a ditadura empresarial militar no Brasil.”

Cabra Marcado Pra Morrer (1984)

Direção: Eduardo Coutinho // 1h59min

Início da década de 60. Um líder camponês, João Pedro Teixeira, é assassinado por ordem dos latifundiários do Nordeste. As filmagens de sua vida, interpretada pelos própios camponeses, foram interrompidas pelo golpe militar de 1964. Dezessete anos depois, o diretor retoma o projeto e procura a viúva Elizabeth Teixeira e seus dez filhos, espalhados pela onda de repressão que seguiu ao episódio do assassinato. O tema principal do filme passa a ser a trajetória de cada um dos personagens que, por meio de lembranças e imagens do passado, evocam o drama de uma família de camponeses durante os longos anos do regime militar.

Índio Cidadão? (2014)

Direção: Rodrigo Siqueira // 52 min. 

O filme apresenta resgate histórico audiovisual da participação do movimento indígena na Assembleia Nacional Constituinte (1987-88) e entrevistas com memórias dos coordenadores da União das Nações Indígenas – Ailton Krenak e Álvaro Tukano – e de lideranças que participaram dessa mobilização como Davi Kopenawa, Mario Juruna, Moura Tukano, Paulo Paiakan, Pirakumã Yawalapiti e Raoni Metuktire. O momento marcante desse processo é a intervenção de Ailton Krenak no Plenário em defesa da emenda popular com a proposta de capítulo dos direitos dos Povos Indígenas.

Cordão da Mentira (2016)

Direção: Thiago B. Mendonça e Marco Escrivão // 25min

O resgate da memória e justiça de ontem e hoje pelas ruas de São Paulo. O documentário percorre livremente, por entre ensaios, sambas e intervenções artísticas, o Cordão da Mentira, bloco carnavalesco que contesta e escracha as problemáticas da ditadura civil-militar brasileira (como, por exemplo, a anistia aos torturadores, que nunca responderam por seus crimes), bem como suas implicações na construção de uma democracia, questionando a permanência velada e impune de diversas práticas e procedimentos de opressão criados no período da ditadura.

EXTRA: 

Documentários que só podem ser assistidos a partir de plataformas de streaming. 

Torre das Donzelas (2018)

Direção: Suzanna Lira // 97 min.

O filme traz relatos inéditos da ex-presidente Dilma Rousseff e de suas ex-companheiras de cela do Presídio Tiradentes, em São Paulo, e remonta, como um exercício lúdico de memória, os dias no cárcere.

Disponível em Now.

Diário de Uma Busca (2010)

Direção: Flávia Castro // 105 min.

Outubro, 1984. Celso Castro, jornalista com uma longa história de militância de esquerda, é encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista, onde entrou à força. A polícia sustenta que se trata de um suicídio. O episódio, digno de um filme de suspense, é o ponto de partida de Flavia, filha de Celso e diretora do filme, que decide reconstruir a história da vida e da morte do homem singular que foi o seu pai. É uma viagem no tempo e na geografia: a diretora volta aos cenários do exílio familiar, da ilusão e do fracasso de um projeto político. As vozes imbricadas de Celso (de suas cartas) e de sua filha constroem um retrato íntimo de uma relação marcada pela história e pela ausência.

Disponível em TamanduáTV.

Pastor Cláudio (2019)

Direção: Beth Formaggini. Brasil, 2019. 75 min

“Conversa entre o Bispo evangélico Claudio Guerra, ex-chefe da polícia civil que assassinou e incinerou militantes que se opunham à ditadura e Eduardo Passos psicólogo militante dos direitos humanos. Suas motivações variam entre o orgulho em ser um cumpridor de ordens competente, um servo leal da luta contra o comunismo, o prazer de ser temido e o amor ao poder e ao dinheiro. Ora é um cristão arrependido ora um assassino orgulhoso de seu trabalho.”

Disponível em GooglePlay, VivoPlay, Now