Solidariedade

Famílias do MST preparam doações de alimentos em 14 cidades do Paraná

Mobilização marca o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, criado em memória ao Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no Pará, há 25 anos.
Jornada de Luta de Solidariedade. Foto: Arquivo MST no Paraná

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST

As partilhas de alimentos produzidos por famílias acampadas e assentadas da Reforma Agrária serão a marca do Abril Vermelho deste ano no Paraná. As doações chegarão a pelo menos 14 cidades, em solidariedade a quem sofre com a falta de comida na mesa neste período em que a pandemia do coronavírus atinge números cada dia mais alarmantes. Entre as ações está a doação de 7 toneladas de alimentos em Curitiba, 20 toneladas em Londrina e 5 toneladas em Cascavel (confira a lista completa abaixo).

As mobilizações ocorrem em todo o Brasil e marcam os 25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando a Polícia Militar do estado do Pará assassinou 21 trabalhadores rurais Sem Terra e mutilou outros 69, no dia 17 de abril de 1996. A repercussão nacional e internacional do crime levou a definição da data como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. 

As ações também reafirmam o papel da Reforma Agrária na produção de alimentos e a opção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em se solidarizar com o crescente número de pessoas que enfrentam a fome. Até o final de 2020, 19 milhões de brasileiros passavam fome e 116,8 milhões de pessoas, mais da metade dos domicílios no país, enfrentavam algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa é da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), divulgada no início deste mês. 

As ações também cobram o direito à vacinação já para toda a população, o auxílio emergencial de R$ 600 reais para as pessoas sem renda e o impeachment do presidente Bolsonaro, por agir de forma desastrosa e negligente diante da pior crise sanitária da história do país.

José Damasceno, integrante da direção estadual do MST, relaciona a ação dos camponeses e camponesas com a situação de emergência pela qual o Brasil atravessa, em grande medida por responsabilidade direta do governo federal: “Estamos sofrendo com essa segunda onda da pandemia, que está gravíssima. Muitas pessoas estão perdendo a vida, muitas estão perdendo o emprego por conta da crise econômica, e por isso estamos com a campanha na rua”.

Desde abril de 2020, mais de 533 toneladas de alimentos foram partilhadas em todo o Paraná, com a participação de milhares de agricultores e agricultoras da Reforma Agrária. Parte destas famílias Sem Terra ainda luta para garantir o direito de permanecerem nas áreas onde moram, produzem alimentos e garantem condições dignas de vida. Mais de 52 mil refeições também já foram partilhadas em Curitiba pela ação Marmitas da Terra, coordenada pelo Movimento. 

Marmitas da Terra é formada pelo MST no PR e outro movimentos sociais que, junto a mais de 130 voluntários, produzem e entregam marmitas à população em situação de vulnerabilidade social às quartas-feiras Foto: Jade/MST

“Nossos assentamentos e acampamentos têm feito produção coletiva e individual específica para manter as ações de solidariedade para as pessoas que mais sofrem”, explica Damasceno, se referindo às hortas, lavouras e agroflorestas comunitárias mantidas pelas comunidades ao longo dos últimos meses.  

Cada uma das doações é organizada em diálogo com igrejas, setores do poder público municipal, movimentos sociais e entidades urbanas. Todos os protocolos de prevenção à Covid-19 estão sendo seguidos para a realização das doações.

Confira as ações previstas no estado: 

Curitiba – dias 14 e 17 

Nesta quarta-feira, 1.100 refeições foram doadas pelo coletivo Marmitas da Terra, coordenado pelo MST. As marmitas são entregues toda semana, gratuitamente, a pessoas em situação de rua e moradores da periferia da capital. Já na sexta-feira (16), a partir das 9h, cerca de 7 toneladas de alimentos vindos do acampamento Maila Sabrina, de Ortigueira, serão doados a 348 famílias da ocupação Jardim Veneza, localizada no Tatuquara, sul de Curitiba.  

Pitanga – dia 14

As famílias do acampamento Claudete Vive, de Boa Ventura do São Roque, fizeram a doação de mais de 1 tonelada de alimentos ao hospital São Vicente de Paula, da cidade de Pitanga, na manhã desta quarta-feira. 

Maringá – dia 15 

Cerca de 5 toneladas de alimentos serão doados nos bairros Jardim Ipanema, Jardim Alvorada, Cidade Alta, Jardim Ebenezer, para famílias cadastradas previamente. A ação começa às 14h, no bairro Jardim Ebenezer, com a benção dos alimentos pelo padre Paulo Felipe dos Santos. A mobilização conta com o apoio de membros da Paróquia São Bonifácio, do Círculo Economia do Francisco, da Pastoral da Criança e do Movimento Humanize. 

Os alimentos serão doados pelos assentamentos Santa Maria, de Paranacity; Salete Strozak, de Itaguajé; Milton Santos, de Planaltina do Paraná; Companheira Roseli Nunes, Amaporã; Ilgo Luiz Peruzzo, de Santa Mônica; Che Guevara e Pontal do Tigre, de Querência do Norte; do acampamento Padre Josimo, de Cruzeiro do Sul; e da Escola Milton Santos, de Maringá. Todas estas comunidades também são as responsáveis pela doação em Paranavaí. 

Paranavaí – dia 16 

Serão doadas entre 4 e 5 toneladas de alimentos em bairros da periferia de Paranavaí, nesta sexta-feira, para famílias cadastradas. A ação é realizada pelas mesmas comunidades que doarão para famílias de Maringá. 

Cascavel – dia 16

Serão doadas cerca de 5 toneladas de alimentos a pelo menos 300 famílias atendidas pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro Interlagos, pela Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora das Graças, do bairro Brasmadeira, e pela Paróquia Santo Inácio de Loyola, também do Brasmadeira. 

Parte do público que receberá os alimentos são imigrantes haitianos e venezuelanos. Entre os itens das cestas que serão partilhadas estão feijão, fubá, arroz, quirera, mandioca, abóbora, abacate, trigo e verduras. A ação começa às 9h, com benção dos alimentos na Paróquia Santo Inácio de Loyola, com participação do padre Hildo Inácio Rasch e do reverendo Luiz Carlos Gabas, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. 

As partilhas serão feitas com doações dos acampamentos 1º de Agosto, Dorcelina Folador e Resistência Camponesa de Cascavel; acampamento Nova Semente, de Catanduvas; acampamento Formigas, de Ibema; assentamentos Valmir Mota, Jangadinha e Santa Terezinha, de Cascavel; assentamentos Olga Benário e Sepé Tiaraju, de Santa Tereza do Oeste; e assentamento Teixeirinha 8 de Março, de Campo Bonito. 

Foz do Iguaçu – dia 16 

Previsão de que sejam doadas 3 toneladas de alimentos na sexta às 9h, para moradores da ocupação Bubas, em Foz do Iguaçu. Entre os alimentos doados estão arroz, feijão, mandioca, batata doce, abóbora, limão, abacate e banana, além de itens industrializados, arrecadados pelas famílias. 

A partilha dos alimentos é realizada pelo assentamento 16 de Maio e pré-assentamento 28 de Outubro, de Ramilândia; Ander Rodolfo Henrique, de Diamante D’Oeste; acampamento Chico Mendes e pré-assentamento Padre Josimo, de Matelândia; acampamento Sebastião Camargo e assentamento Antônio Companheiro Tavares; de São Miguel do Iguaçu. 

Jacarezinho – dia 16 

Será doada cerca de 1 tonelada de alimentos nesta sexta-feira, a partir das 9h, para famílias integrantes do cadastro da Assistência Social do município. Além dos alimentos colhidos das hortas, lavouras e pomares, cerca de 100 pães e 100 litros de leite também serão partilhados. 

Haverá benção dos alimentos com padre Oswaldo, da igreja católica. As doações são organizadas pelo assentamento Companheiro Keno, de Jacarezinho, e pelo acampamento Elias de Meura, de Carlópolis. 

Londrina – dia 17 

A solidariedade das famílias Sem Terra vai chegar nos quatro cantos de Londrina, com a doação de 20 a 22 toneladas de alimentos e 2 mil litros de leite, neste sábado, a partir das 9h. As doações vão chegar na Zona Sul, nos bairros União da Vitória, da Praça União IV, no bairro Cristal; e no bairro Franciscato; na Zona Norte, nos bairros São Jorge e Flores do Campo; na Zona Leste, no bairro Moka; e na Zona Oeste, no Jardim Turquino. 

Haverá a benção dos alimentos às 9h, na  praça do União da Vitória IV, com o Padre Dirceu Fumagalli. A ação é organizada em parceria com o movimento Levante Popular da Juventude, com setores da Igreja Católica, e a campanha Periferia Viva. 

Os alimentos doados são frutos do trabalho de famílias dos assentamentos Eli Vive, de Londrina; Dorcelina Folador, de Arapongas; Maria Lara, de Centenário do Sul; Florestan Fernandes, de Florestópolis; Iraci Salete, de Alvorada do Sul; e Barra Bonita, do município de Primeiro de Maio. Parte das doações também vem de camponeses que ainda lutam para permanecer nos territórios, que são os acampamentos Zilda Arns e Manoel Jacinto Correio, de Florestópolis; Fidel Castro, em Centenário do Sul; e Herdeiros da Luta de Porecatu, no município de Porecatu.  

Pato Branco – dia 17

Três comunidades de acampamento da região Sudoeste vão doar cerca de 2 mil quilos de alimentos, na tarde de sábado, para cerca de 70 famílias da periferia de Pato Branco. Pelo menos  15 destas famílias têm membros enfrentando o câncer, por isso os alimentos serão entregues para fortalecer a imunidade dessas pessoas. 

A diversidade de itens doados leva feijão, mandioca, batata doce, hortaliças, temperos e frutas. As doações são dos acampamentos Terra Livre e Mãe dos Pobres, de Clevelândia; e do acampamento Sete Povos das Missões, de Honório Serpa.

Ivaiporã – dia 17 

Cerca de 4 toneladas serão doadas pelas famílias do assentamento 8 de Abril, de Jardim Alegre. Representantes da Igreja Luterana e da Igreja Católica farão a benção dos alimentos. 

Umuarama, Barbosa Ferraz, Laranjeiras e Quedas do Iguaçu 

Camponeses e camponesas preparam doações também nestas cidades, com quantidades e locais ainda em definição. 

Lapa – dia 17 / Mutirão de manejo e plantio de agrofloresta coletiva

No assentamento Contestado, na Lapa, haverá mutirão de plantio e manejo de hortas e agroflorestas coletivas, que têm sido cultivadas para fortalecer as ações de solidariedade, em especial a entrega semanal de marmitas realizada pelo coletivo Marmitas da Terra. 

*Editado por Fernanda Alcântara