Nota de Pesar
Gilmar de Carvalho deixa saudades e legado inestimável para a cultura popular brasileira
Da Página do MST
É com profunda tristeza que, no último sábado (17/4), o intelectual cearense Gilmar de Carvalho (1949-2021) – professor, escritor, grande e devotado pesquisador da cultura popular – partiu aos 71 anos, lamentavelmente vitimado pela Covid-19.
Gilmar, que foi defensor da Reforma Agrária, nos deixou no último Dia Internacional de Lutas Camponesas e Dia Nacional da Reforma Agrária, data emblemática para o MST e para milhões de camponesas(es) que reivindicam a função social da terra em todo o mundo.
Foi professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC) desde 1984, e integrante do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da mesma universidade desde 2004.
Onde no ano de 2019, recusou receber o título de Doutor Honoris Causa da UFC devido à nomeação de Cândido Albuquerque como reitor da instituição – a quem a comunidade acadêmica denuncia como “interventor” do governo federal, sem consulta prévia das instâncias democráticas da própria universidade.
Enquanto pesquisador, se debruçou nas áreas entre comunicação e cultura, desbravando as artes da xilogravura na região do Cariri cearense. E, manteve um interesse em especial, na obra de Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré – “o poeta da roça” – que narrou em poesia a vida do povo sertanejo e dizia que, “a terra é pra quem trabalha nela”.
Arquivos de sua biblioteca pessoal foram doados por Gilmar para o Acervo do Escritor Cearense (AEC).
No ano passado, convidado na 7ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) do Ceará – com programação online – Gilmar nos presenteou com sua participação ilustre. Onde narra em vídeo, um momento inesquecível que viveu junto à Patativa do Assaré e o MST. E onde declama as letras do nosso imortal “poeta da roça”, inspirando à Reforma Agrária Popular:
“Por causa de nós sofrer igual o boi na mão jarra,
Somos obrigado à fazer reforma agrária na marra,
Pra neto, filho, pai, reforma agrária sai.
Que achem bom ou ruim,
Seja na guerra ou na paz,
Seu doutor a gente faz,
Reforma agrária é assim.”
Patativa do Assaré
*Editado por Solange Engelmann