Programa Comida de Verdade

Semana da Mata Atlântica: Comida de Verdade do MST traz diversidade do bioma

"Ibirapitanga: a Mata que alimenta a resistência" é tema do programa Comida de Verdade, que no próximo episódio celebra a diversidade da Mata Atlântica

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Comida de qualidade (e de verdade) é aquela que respeita a floresta e a biodiversidade, não destrói o solo e não contamina a água. Abrangendo a costa leste, sudeste e sul do Brasil, o bioma da Mata Atlântica é um patrimônio biológico e cultural e será celebrado no próximo Programa Comida de Verdade do MST, transmitido nesta quarta-feira (26/05).

A Mata Atlântica já cobriu cerca de 12% do território nacional. Hoje, restam apenas cerca de 7% da cobertura original da Mata – e por isso a importância das agroflorestas ou Sistemas Agroflorestais (SAFs), que reúne as culturas de importância agronômica, em parceria com a floresta, com o plantio de alimentos de forma sustentável e ainda promove a recuperação da Mata Atlântica. O Programa pretende mostrar como o Movimento tem fortalecido esta recuperação sem perder a essência da produção agroecológica.

Reforma Agrária Popular: Diversidade e preservação ambiental

Dendê, cajá, jenipapo, pinhão, palmito: a diversidade produtiva e cultural que envolve a mata atlântica estão presentes na mesa, muitas vezes de forma discreta. Esses são alguns dos alimentos, que estarão presentes no Comida de Verdade através de matérias, receitas e dicas de saúde. A ideia é demonstrar como a produção destes alimentos valorizam a qualidade das refeições, sem perder de vista a relação intrínseca com a importância da preservação destas florestas.

Ao longo dos anos o MST vem aliando várias práticas de produção agroecológicas e agroflorestais em assentamentos e acampamentos pelo país e desenvolvendo o consórcio entre a produção de alimentos e a preservação e recuperação ambiental do bioma Mata Atlântica. Entre as diversas experiências, um exemplo é a do acampamento José Lutzenberger, no município de Antonina, no Paraná.

Em novembro de 2017, o acampamento recebeu em Brasília o Prêmio Juliana Santilli, na categoria ampliação e conservação da agrobiodiversidade que reconhece práticas que aliam a produção de alimentos e a preservação ambiental, recuperando a Mata Atlântica. A área do acampamento, com 20 famílias, ocupa parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná, e desde 2003 concilia a produção de alimentos livres de agrotóxicos, entre hortaliças até o café, com a recuperação da Mata Atlântica.

Acampamento ocupa parte da APA de Guaraqueçaba e desde 2003 concilia a produção de alimentos com a recuperação da Mata Atlântica, como mostra o Sem Terra e agricultor Jonas Souza. Foto: Júlia Rohden

Outro exemplo de recuperação da floresta vem do Extremo Sul da Bahia, do assentamento agroecológico Bela Manhã, no município Teixeira de Freitas. Localizado dentro do bioma da Mata Atlântica a preocupação com o reflorestamento é fundamental, para garantir a recuperação de nascentes e a biodiversidade.

Como pontapé inicial para o Programa Nacional do MST, “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, lançado em 2020, com objetivo de plantar 100 milhões de árvores em dez anos, em novembro de 2019, as famílias assentadas realizaram ato de plantio coletivo de 10 mil mudas, entre nativas e frutíferas, como Ipê Amarelo, Açaí, Pitanga, Cacau, Urucum, Olho de Pavão, Garcinea, Ibiruçu, entre outras. O plantio contou com mudas recebidas por doações e iniciou a Campanha de Reflorestamento no Extremo Sul da Bahia.

Assentados/as se preparam para o plantio de reflorestamento no assentamento agroecológico Bela Manhã, em Teixeira de Freitas (BA). Foto: Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Presente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, o Programa resgata o histórico de exploração da Mata, que por sua exuberância e imponência marcaram a imaginação dos europeus, que construíram uma imagem de terra paradisíaca “onde os recursos naturais pareciam inesgotáveis”. Por isso, o Dia da Mata Atlântica, comemorado em 27 de maio, tem como objetivo conscientizar a população e as autoridades sobre a importância de conservação da região.

O próprio nome do programa resgata ainda o legado indígena desta mata nativa: a árvore ibitapitanga, ou como conhecemos, o “pau-brasil”, árvore que inspirou o nome como da nação, em tupi-guarani significa “árvore vermelha”. O programa inclui a apresentação do Pau Brasil (Ibirapitanga) mais antigo do Brasil, que fica em uma região de assentamento do MST.

Serviço

Quer entender mais sobre a Mata Atlântica e porque ela têm tudo a ver com o Programa Comida de Verdade?

Então não esquece: é quarta-feira (26/05), às 19h00, nas redes sociais do MST e outros parceiros.

Confira os programas anteriores AQUI!

*Editado por Solange Engelmann