Violência

Quem deu a ordem de ataque? A violência policial em Pernambuco

Organizações e movimentos convocam coletiva de imprensa para apresentar denúncias à órgãos nacionais e internacionais pedindo apuração de violações executadas pela polícia
Ação da polícia durante ato 29M, Recife (PE). Foto: JC Mazella

Por Lays Furtado
Da Página do MST

Nesta quinta-feira (3/6), às 10h, ocorre a coletiva de imprensa on-line via canal do Brasil de Fato Pernambuco, convocada pelo Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), a Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e o MST para denunciar a violência da polícia contra os/as defensores/as de Direitos humanos e a criminalização dos movimentos sociais, nos casos da Professora Erika Suruagy; no despejo em Amaraji (PE); e durante o ato de 29 de Maio, no Recife, Pernambuco.

Nos últimos meses temos acompanhado diversos ataques àquelas e àqueles que se opõem ao governo federal ou estadual. Em março, a professora Erika Suruagy, na época presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), virou alvo de investigação da Polícia Federal por participar da confecção de um outdoor com críticas ao governo Bolsonaro. 

No dia 25 de maio aconteceu uma violenta ação de despejo no Acampamento Bondade, em Amaraji, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, que atingiu mais de 200 famílias Sem Terra. A ação contrariou a notificação do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e descumpriu a recomendação nº 90 do Conselho Nacional de Justiça, que pede adoção de cautelas na solução de conflitos que versem sobre a desocupação coletiva de imóveis urbanos e rurais durante o período da pandemia do novo Coronavírus. As violações realizadas durante a operação de desapropriação contra as famílias acampadas, crianças e adolescentes que sofreram com a truculência policial estão sendo apuradas.

Ação da polícia durante despejo em Amaraji, (PE). Foto: Juntas (PSOL)

Quatro dias após a ação de despejo truculenta, manifestantes sofreram uma emboscada orquestrada pela polícia militar em meio ao ato de 29 de Maio, no Recife. Durante o protesto, pacífico e organizado, que pedia pelo afastamento de Bolsonaro; por vacinas, comida e auxílio emergencial justo; o batalhão de choque da Polícia Militar (PM) usou balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra as pessoas que exerciam seu direito de protesto. Uma ação desmedida, que custou caro. Duas pessoas, atingidas por balas de borracha nos olhos, sofreram graves danos à visão, por exemplo. Em pronunciamento, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) e a vice-governadora, Luciana Santos, afirmaram que a ordem não partiu do Palácio do Campo das Princesas.

Até o momento, ninguém assumiu a responsabilidade pelas violências praticadas contra os grupos que participavam de um ato amparado pela Constituição. Resta ainda a dúvida sobre quem poderia controlar a polícia, se não o governo do estado. Em meio a este cenário o Cendhec, CUT, MNDH e MST convidam a imprensa para que tenham acesso às medidas que estão sendo tomadas em defesa dos Direitos Humanos. Na ocasião, serão lidos informes enviados a entidades internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização dos Estados Americanos (OEA).

*Editado por Solange Engelmann