Produção

Em MG, Coletivo de Mulheres Sem Terra produz 8 toneladas de feijão agroecológico

Localizado em Itatiaiuçu, o acampamento Maria da Conceição é referência na produção de feijão e organiza as mulheres através do Coletivo 'Marias do 8 de março'
Coletivo de mulheres Sem Terra ‘Marias do 8 de março”, em Minas Gerais. Foto: Gean Gomes

Por Agatha Azevedo e Mari Rocha
Da Página do MST

Desde a ocupação do acampamento Maria da Conceição, no dia 8 de março de 2017, as famílias Sem Terra produzem agroecologicamente no território, que antes a exploração minerária e pertencia ao ex-empresário Eike Batista.

Fruto da jornada de lutas das mulheres Sem Terra, o acampamento vem a cerca de quatro anos organizando entorno de 350 famílias na luta pela reforma agrária popular. Com a ressignificação do território e a preservação das águas e da mata nativa, as famílias começaram os plantios para comercializar e doar em ações de solidariedade em Belo Horizonte e na região de Itatiaiuçu e Itaúna. Contudo, foi a partir da necessidade de organizar as mulheres, que surgiu o coletivo ‘Marias do 8 de março’.

Coletivo de mulheres Sem Terra ‘Marias do 8 de março”, em Minas Gerais. Foto: Agatha Azevedo

Inicialmente, as mulheres começaram a se organizar para discutir temas como o patriarcado e a valorização do trabalho da mulher no campo e na família. A partir da necessidade de gerar renda, surgiram os primeiros plantios de pimenta, e depois, de feijão e milho agroecológicos. Segundo Sônia Maria, uma das agricultoras do coletivo, além do avanço político, as companheiras também conseguiram criar uma rota de comercialização. 

“Nós, mulheres do acampamento Maria da Conceição, tivemos uma ótima ideia de plantar feijão aqui. Já estamos no terceiro plantio e é de onde tiramos nosso sustento, além dos mutirões do acampamento, da horta coletiva. Temos nosso plantio individual e nossos quintais, e construímos o acampamento todos os dias”, conta Sônia.

O acampamento se propõe, desde a sua formação, a fortalecer as mulheres camponesas que seguem na luta pela terra e vem avançado na produção de alimentos saudáveis. Em 2020, o coletivo de mulheres colheu 6 toneladas, e nessa colheita, foram 8, que integram às 30 toneladas de feijão agroecológico do acampamento Maria da Conceição. Durante esse período difícil e mesmo com todos os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus e por esse governo genocida, os acampados não deixaram de produzir comida de verdade para o campo e para a cidade. 

Segundo Sônia, além de comer bem, as mulheres também levam a sua produção para Belo Horizonte. “Nós escolhemos vender nosso feijão para o Armazém do Campo BH, e comercializamos em média 1 tonelada de feijão a cada ciclo”, explica. O coletivo de mulheres ‘Marias do 8 de Março’ já planeja a quarta safra de feijão e segue na resistência coletiva pela permanência das famílias plantando e produzindo comida saudável. Ainda assim, o acampamento segue ameaçado de despejo mesmo com mais de 50 Hectares de plantio agroecológico.

*Editado por Fernanda Alcântara