Dia do Orgulho LGBTI+
No dia do Orgulho, LGBTs Sem Terra plantam a resistência
Por Lays Furtado
Da Página do MST
A data de referência do dia internacional do orgulho pela diversidade sexual e de gênero, comemorada entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queers, intersex, asexuais, drags, está marcada pela memória do ato de resistência da Rebelião de Stonewall, ocorrida em Nova York, Estados Unidos, em 1969.
A revolta entoada no 28 de junho foi lembrada em atos e protestos do Coletivo LGBT Sem Terra, com plantios de árvores em assentamentos e acampamentos do Movimento dos(as) Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com o mote: “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis Sem LGBTfobia”, foram registradas ações em 11 estados (MA, PE, RN, RJ, BA, PR, PI, SP, MT, RS e CE), mobilizados nas cinco regiões do país.
Dessa forma, os atos e plantios em mutirões em luto e luta foram feitos pelos quatro cantos do país, marcando também a semeadura da memória e justiça por Lindolfo Kosmask, jovem camponês assassinado por motivação homofóbica, e por todas as vítimas ceifadas pela LGBTfobia no Brasil e no mundo. As manifestações são necessárias, na medida em que o Brasil é considerado um dos países que mais discrimina e mata pessoas LGBTs no mundo.
Em atos nacionais e internacionais, manifestantes também pediram justiça por Marielle Franco e Lindolfo Kosmaski, como aconteceu durante a Marcha da Libertação Queer, realizada neste domingo (27). Na segunda (28), também houve manifestações de ruas em Recife-PE, pedindo justiça por Roberta Silva, travesti em situação de rua que foi queimada viva e está internada no Hospital da Restauração, na capital pernambucana.
Entre as mobilizações nacionais também houve um “escracho” contra o deputado bolsonarista Gilberto Cattani (PSL), que divulgou em suas redes sociais uma publicação de cunho homofóbico. A ação foi feita pelo Coletivo LGBT Sem Terra e Levante Popular da Juventude, em frente à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Cuiabá, onde foi exposto a denúncia: “LGBTfobia é crime, a morte de LGBTs é o resultado”.
Brasil o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo
De acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e também é o líder mundial em assassinato de pessoas trans.
Por meio dos dados divulgados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, uma pessoa LGBT é morta no país. E segundo o levantamento da Rede Trans Brasil, a cada 26 horas, uma pessoa trans é assassinada no Brasil. Além de se tratarem normalmente de mortes violentas, a expectativa de vida de travestis e mulheres trans no Brasil e na América Latina, como um todo, é de 35 anos – o que evidencia amostra de um futuro breve e trágico.
Ainda segundo o relatório “Observatório das Mortes Violentas de LGBTI+ No Brasil – 2020”, realizado pelo Grupo Gay da Bahia e pela Acontece Arte e Política LGBT+, de Florianópolis, pelo menos 237 pessoas morreram por conta da violência LGBTfóbica, sendo que 224 foram homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%). Considerando 70% travestis e trans, 22% gays, 5% lésbicas, 1% eram homens trans e lésbicas, além de 2 casos onde heterossexuais foram confundidos com gays (0,4%).
O número representaria uma queda de 28% em relação a 2019. Porém, há denúncias de que tal queda de registro de mortes por LGBTfobia se deve a subnotificação dos casos. Uma vez em que, não há registros oficiais governamentais que apurem os mesmos, e que o levantamento é feito pela próprias organizações em defesa da causa LGBTQIA+, com base em mortes notificadas pela imprensa e por movimentos sociais.
Confira a galeria completa das ações:
*Editado por Fernanda Alcântara