Solidariedade
Famílias de ocupação no Tatuquara, em Curitiba recebem cestas de alimentos, neste sábado (24)
Por Setor de comunicação e cultura MST-PR
Da Página do MST
No bairro Tatuquara, região sul de Curitiba, no Paraná, uma comunidade expressa a realidade enfrentada por milhões de lares brasileiros. A Vila União existe desde o dia 13 de maio deste ano, formada por cerca de 300 famílias que carregam em comum as dificuldades de manter o pagamento de aluguel, garantir o alimento de cada dia e conseguir trabalho.
A ocupação recém-formada será o local da próxima ação da “União Solidária”, na manhã deste sábado (24/07), com a doação de 300 cestas de alimentos e cargas de gás para a cozinha comunitária. A mobilização é formada por cerca de 10 pastorais, movimentos e sindicatos de trabalhadores que realizam ações desde junho de 2020, em apoio humanitário neste período de pandemia e de governo genocida.
Haverá benção dos alimentos a partir das 8h30, na própria comunidade, com participação do padre redentorista Joaquim Parron. Ao longo de toda a ação serão cumpridos os protocolos de prevenção da Covid-19. As doações serão entregues a famílias cadastradas com antecedência pela organização da própria comunidade. O incentivo ao uso de máscara, distâncimamente e de álcool em gel também estão sendo recomendados às pessoas que irão receber os itens.
A iniciativa é realizada pelo MST no Paraná; Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC); Comissão da Dimensão Social da Arquidiocese de Curitiba; Centro Comunitário Padre Miguel (Cocopam); Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR); Produtos da Terra; Coletivo Marmitas da Terra; APP-Sindicato Estadual e Núcleos Curitiba Sul, e Partido dos Trabalhadores de Curitiba (PT-Curitiba).
A maior parte dos alimentos doados são adquiridos diretamente de cooperativas da Reforma Agrária do Paraná, vindos de áreas de assentamentos e acampamentos do MST. Cerca de 3 toneladas de alimentos também serão doadas por famílias acampadas e assentadas em comunidades do MST de Castro, Teixeira Soares e Lapa.
Pagar o aluguel ou comprar comida?
São mais de 543 mil vítimas da Covid-19 no Brasil, para além dos tristes números da crise sanitária, a fome e o desemprego são alarmantes. Acima de 116,8 milhões de pessoas não têm o suficiente para se alimentar ou passam fome, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), de dezembro de 2020. Esse número representa mais da metade da população brasileira.
Somado a isso, em todo o país, são mais de 14,2 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego), conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
É a realidade que Sirlei relata sobre a Vila União. Sol, como é conhecida, faz parte da comunidade desde o início da ocupação e lembra que muitas famílias chegaram já com a mudança, por terem sofrido despejo ou por terem que optar entre pagar o aluguel ou comprar comida. “O sonho de cada família é ter a casa própria. Todo mundo sabe que essa pandemia não está fácil pra ninguém e essa pandemia desabrigou muitas famílias que moravam de aluguel”, relata.
Junto ao cadastro das famílias, alguns moradores apresentaram contratos de locação com valores entre 500 e 700 reais, recibos de pagamento e ordens de despejos.
Nos fins de semana, quando a maior parte dos moradores está em casa, a Vila União se torna um formigueiro humano. Crianças brincando, pessoas carregam nos ombros ou em carrinhos de mão os materiais para melhorar as casas, outras moradias sendo erguidas com madeiras finas. Uma cozinha comunitária é mantida com trabalho em mutirão e um fogão à lenha garante café e algum alimento para quem chega.
Antes de se tornar o local de moradia para estas centenas de pessoas, a área estava abandonada por cerca de nove anos. O terreno é particular e acumula dívidas volumosas.
Solidariedade permanente
Iniciativas da “União Solidária” começaram em junho de 2020 e levaram alimentos e cargas de gás a diversas comunidades de Curitiba e região metropolitana. A mais recente ocorreu nas comunidades Pantanal e Chacrinha, do bairro Boqueirão, no dia 12 de junho. Neste dia foram distribuídas 500 cestas de alimentos e 100 cargas de gás a famílias em situação de vulnerabilidade social. Uma horta comunitária também foi inaugurada na Vila Chacrinha, como forma de melhorar a qualidade de alimentação das famílias.
Ainda neste ano, no dia 1 de maio, a Vila Sabará recebeu a partilha de 560 cestas de alimentos e 100 cargas de gás. Também houve mutirão para a criação da Agrofloresta Papa Francisco, que está sendo mantida pelo Centro de Integração Social Divina Misericórdia (CISDIMI).
*Editado por Solange Engelmann