Agroecologia
Acampamento Campo e Cidade Paulo Botelho recebe oficina do Curso de Agroecologia da UFSCar
Por Filipe Augusto Peres
Da Página do MST
O acampamento do MST e da União dos Movimentos de Moradia (UMM) Campo e Cidade Paulo Botelho, localizado no município de Jardinópolis, São Paulo, recebeu neste domingo (25), mais uma etapa do “Curso de Formação de Agentes Populares de Agroecologia”, realizado em uma parceria da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), por meio do Núcleo de Estudos Agrários (NEA), integrado ao Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural (NUPER), com diversos parceiros, em especial o MST e o Centro de Formação Sócio-Agrícola Dom Hélder Câmara.
O curso contou com a presença do Prefeito de Jardinópolis, Paulo José Brigliadori (Cidadania), além do vereador Leandro Moreira Moretti (Podemos) e do Secretário de Agricultura e Meio Ambiente (SEAMA) do município, Robson Paim.
Ministradas pelo Agente Popular de Agroecologia, José Ferreira (Paraguai) e pelo agrônomo Joaquim Lauro Sando, a oficina trabalhou com o flip chart, em que foi explicado os princípios da agrofloresta, do solo, de campo, de química de solo, de matéria orgânica, extratos de árvores, etc.
Em seguida, os tutores foram a campo para mostrar os canteiros de sistema agroflorestal que foram preparados para receber a oficina. Joaquim destacou que o solo foi removido, adubado com esterco e insumos orgânicos. Também destacou que bananeiras foram plantadas, assim como as estacas de árvores e sementes. “Realizamos a cobertura do solo para que possamos dar continuidade e entrar com o plantio de hortaliças em consórcio.”
Joaquim ainda ressaltou que o sistema de produção é planejado, com consórcio, sucessão e estratificação e recordou que todo capim roçado será utilizado, seguindo os princípios agroflorestais: muita cobertura de solo e muita diversidade usando aquilo que se tem.
O prefeito Paulo José Brigliadori agradeceu ao MST e a UFSCar pela apresentação e destacou a importância do curso para o desenvolvimento da biodiversidade e a preservação da natureza no município de Jardinópolis.
“Eu estou imensamente agradecido ao pessoal do MST devido a essa apresentação fenomenal em relação ao biodiversidade e preservação da natureza, e dizer a todos do MST e àqueles em geral que, realmente, a Prefeitura de Jardinópolis está inteiramente à disposição no que for em benefício da nossa terra e da nossa natureza, juntamente com a humanidade e preservação.”
O vereador Leandro Moretti lembrou que acompanha o surgimento do acampamento desde o início, e destacou que a ideia é levar o desenvolvimento da Agroecologia para além do Campo e Cidade Paulo Botelho.
“Hoje, participando desse curso de Agentes Populares de Agroecologia, de práticas agroflorestais, achei tudo muito positivo, não só aqui para o acampamento como para o município de Jardinópolis, onde participou também o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente e o prefeito da nossa cidade. A intenção é massificarmos estas práticas, porque elas se estendem não só ao acampamento, mas a toda a cidade. O curso é muito bom, muito bem ministrado trazendo informações muito valiosas.”
Robson Paim, Secretário de Agricultura e Meio Ambiente (SEAMA), reforçou a presença da universidade no curso, além da presença de outros acampamentos da região. Paim destacou a importância de proteger o meio ambiente e desenvolver a segurança alimentar por meio da agricultura familiar no município de Jardinópolis.
“É com muita alegria e grata surpresa que nós estivemos hoje, no acampamento Campo e Cidade Paulo Botelho, no km 337, do MST, acompanhando o curso de Agentes Populares de Agroecologia, com vários participantes, algumas instituições, além de outros acampamentos e assentamentos de toda a região, centralizados aqui em um encontro muito produtivo e valioso para os direcionamentos que pretendemos em relação à agricultura familiar, a segurança alimentar e a preservação do nosso meio ambiente.”
Kelli Mafort, da Coordenação Nacional do MST, agradeceu a acolhida por parte da prefeitura de Jardinópolis e valorizou o entendimento que o poder executivo está tendo em relação a importância de recuperar o solo degradado pela monocultura.
“Nós estamos tendo uma acolhida muito boa por parte da prefeitura de Jardinópolis, do executivo local, o qual entende que a recuperação do solo, a vida em Jardinópolis depende bastante da integração do ser humano com a natureza.”
Kelli ainda destacou a importância do modo de produção agroflorestal como forma de prevenir futuras pandemias. “Atualmente, vivemos em meio a uma situação, praticamente, de colapso climático, de temperaturas extremas. Muito calor ou temperaturas muito baixas, como estamos sentindo aqui, na nossa região. Estamos vivendo uma pandemia a qual é resultante de um desequilíbrio muito grande da relação ser humano/natureza. Estamos destruindo florestas tropicais, liberando vírus existentes nas florestas, fazendo com que animais silvestres fiquem sem o seu habitat natural e em contato com ambientes favoráveis ao surgimento de vírus como, por exemplo, esta criação animal e a produção agrícola industrial. Então, é muito importante que restabeleçamos o equilíbrio ser humano/natureza. Neste sentido, a agroecologia e a agrofloresta nos conduzem ao caminho correto.”
A dirigente do MST encerrou parabenizando a prefeitura de Jardinópolis pela visão estratégica que o acampamento Campo e Cidade pode vir a ter tanto no aspecto social-econômico como ambiental num futuro próximo.
“Parabéns ao município de Jardinópolis por entender a importância do acampamento, não só enquanto pauta social, que é muito importante a questão da moradia, mas também como meio para fazer a vida ressurgir deste solo tão degradado que, com certeza, daqui a alguns anos iremos colher os frutos desta boa parceria”, disse ela.
Acampamento prestou homenagens às mulheres
Antes do início da oficina, no Acampamento Campo e Cidade Paulo Botelho, foi realizada uma mística para lembrar o Dia Nacional Tereza de Benguela e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. Entre as pessoas que integraram o ato estava uma senhora de cabelos brancos de nome Aparecida, conhecida como a Vó Cida, acampada atualmente no Paulo Botelho e lutando pela terra. Vó Cida é bisneta da Lei do Ventre Livre de 1871, e foi homenageada com a lavação dos pés, durante a mística.
O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha foi criado em 1992, no Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, para denunciar a situação de pobreza e violência, que atingem com mais intensidade a população negra. A partir desse encontro, surgiu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, que junto à Organização das Nações Unidas (ONU) lutou para o reconhecimento da data em 25 de julho.
*Editado por Solange Engelmann