Reforma Agrária Popular
Quilombo Terra Livre finca bandeira do MST na terra!
Por Coletivo de Comunicação da Brigada Ojeffersson – Regional Baixo Sul da Bahia
Da Página do MST
Nesta lua nova, sob a benção do Orixá Tempo, num dia de boas chuvas para nosso plantio, o coletivo que organiza o Quilombo Terra Livre migra para a terra que será uma nova comunidade em luta.
Desde janeiro deste ano, temos convocado militantes dispersos pelo país e gente que precisa de casa, de terra para viver e trabalhar, para vir forjar uma nova comunidade rebelde. Recebemos ao longo destes meses gente de regiões distintas do país, com trajetórias de sofrimento, de luta por uma sociedade justa e amor incondicional pela terra. Foi assim que formamos a pré-comunidade do Quilombo Terra Livre que foram morar por meses no assentamento autônomo Claudomiro Dias em Jitaúna (BA).
Ali aprenderam a lidar com a terra, conheceram a transição entre os biomas da mata atlântica e da caatinga, os fundamentos da bioconstrução, bem como organizaram os consensos políticos da nova comunidade. Foi, portanto, sob os auspícios da Brigada Ojeffersson do MST no Regional Baixo Sul, que se construiu este aquilombamento revolucionário. Na manhã deste 08 de agosto, sob uma bonita chuva, a militância migrou do assentamento Claudomiro para um antigo assentamento em Ipiaú (BA).
O assentamento Euclides Neto sofreu ao longo destes anos um processo de assédio por conta da mineração na região, bem como a especulação imobiliária, a falta de infraestrutura combinada entre empreendimentos e poder público que impediu a chegada de eletricidade por tanto tempo. O esvaziamento deste assentamento se deu numa ação política para tomada da terra pelos empreendimentos da mineração e potentados locais que assediaram famílias a vender a terra conquistada pela reforma agrária ou fazê-las migrar dali.
Dessa forma, a ação do Quilombo Terra Livre é uma retomada que defende a luta histórica da reforma agrária, ao mesmo tempo que defende a terra de uma das ações mais destrutivas que conhecemos: a mineração. Não vamos pactuar com a venda ilegal de terra da reforma agrária pois não temos a terra como objeto de especulação. Para nós a terra é nossa condição de existência neste planeta, não uma mercadoria.
A proposta da militância é começar ali um próspero projeto de comunidade baseada na autonomia, na geração de riqueza através da agroecologia e na defesa da vida digna. Foi fincada, então, a bandeira do MST novamente nestas terras e as palavras revolucionárias foram ditas em favor da vida, da justiça e da igualdade! A partir de agora o trabalho será para recuperar o solo, subir florestas e erguer nossas casas e toda infraestrutura necessária para que sejamos um exemplo de comunidade revolucionária nestes tempos sombrios que vivemos.
Seguiremos engrossando as fileiras da luta por terra e território! Estamos diante do desafio histórico de construir soberania alimentar num país de fome. Assim, seguiremos a convocação para todas as pessoas com dignidade e rebeldia, com necessidade de sobrevivência e que aceite a vida na terra como parte de uma
caminhada para a emancipação humana: aqui seguiremos em busca de terra, casa e renda para toda gente que precisar, pois o Quilombo é lugar de refúgio, de proteção desde mundo perverso de escravizações!
Pátria livre! Venceremos!
*Editado por Fernanda Alcântara