Doação de Alimentos
430 famílias de Paranavaí e Nova Londrina recebem alimentos doados pelo MST no noroeste do PR
Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST
Famílias de agricultoras e agricultores assentados na região Noroeste do Paraná partilharam mais de 7 toneladas de alimentos com a população urbana de Nova Londrina e Paranavaí, na última sexta-feira (6/8) e sábado (7/8). Os frutos da Reforma Agrária chegaram a pelo menos 430 famílias que estão enfrentando dificuldade de garantir o alimento na mesa neste período de pandemia e de governo genocida de Jair Bolsonaro.
Mães com crianças eram o principal perfil das pessoas que foram receber as cestas nos bairros. Muitas afirmavam que estavam aliviadas por ter algo para pôr à mesa, no fim de semana em que se comemorou o Dia dos Pais.
Carlos Valter Silva, integrante da coordenação do MST na região, relatou situações preocupantes que presenciou durante a distribuição dos alimentos. “Em Nova Londrina, enquanto a gente entregava as cestas, uma mulher desmaiou quando estava próxima de receber a cesta. Ela foi levada ao hospital e depois fomos saber que o problema era fome, porque ela estava a pelo menos cinco dias sem comer. Em Paranavaí, pessoas chegaram implorando para receber cestas, apesar de não estarem na lista. A dificuldade é enorme, você vê nos olhos das pessoas”.
A diversidade de alimentos coloriu as sacolas de alimentos que chegaram até as famílias, com arroz, feijão, quirera, fubá, açúcar mascavo, farinha de mandioca, verduras, mandioca, limão e laranja, além de pães e bolos caseiros.
A fartura de produtos da Reforma Agrária veio de 19 assentamentos dos municípios de Terra Rica, Planaltina do Paraná, Amaporã, Querência do Norte, Paranacity, Cruzeiro do Sul, Nova Londrina, Santa Cruz do Monte Castelo e Itaguajé. Também participou da ação a Escola Milton Santos de Agroecologia, de Maringá.
Os alimentos chegaram a moradores dos bairros Vila Alta e São Jorge (Três Conjuntos), de Paranavaí e para a população urbana de Nova Londrina. Uma parte das doações também foi entregue ao Coletivo LGBTI+ de Paranavaí, que realiza trabalho junto a pessoas em situação de risco de fome.
Além das doações no Noroeste, ocorreram outras três doações de alimento na região Oeste do estado, também na última sexta-feira e sábado. As famílias do acampamento Sebastião Camargo, de São Miguel do Iguaçu, partilharam 350 quilos de alimentos com a população urbana da cidade; Já os(as) trabalhadores(as) dos acampamentos Chico Mendes e Padre Josimo, de Matelândia, partilharam 700 quilos de alimentos com o Hospital e Maternidade Padre Tezza e com o Lar dos Idosos do município; e as famílias trabalhadoras de reciclagem do município de Diamante D’Oeste receberam ainda 400 quilos de alimentos das famílias Sem Terra, produzidos no assentamento Ander Rodolfo Henrique.
Solidariedade permanente
Com a compreensão de que solidariedade não é partilhar o que sobra, e sim partilhar o que temos, as famílias do MST estão mobilizadas em ações solidárias desde o início da pandemia. É a campanha nacional do MST em solidariedade a quem enfrenta o desemprego e a fome neste período de crise sanitária e de governo genocida de Bolsonaro. Em todo o país, já foram partilhadas mais de 5 mil toneladas de alimentos e 1 milhão de marmitas.
As famílias Sem Terra do Paraná partilharam mais de 770 toneladas de alimentos saudáveis desde o início da pandemia – entre março de 2020 até agora. Foram pelo menos 120 ações de doação de alimentos in natura e industrializados, com participação de mais de 60 acampamentos e 130 assentamentos do estado.
Desde maio de 2020, o MST também coordena a ação Marmitas da Terra, que produz e distribui refeições a pessoas em situação de rua e moradoras da periferia de Curitiba e Região Metropolitana. Pelo menos 1.100 marmitas são doadas todas as quartas-feiras, num total de mais de 70 mil refeições até agora, produzidas principalmente com alimentos vindos de áreas da Reforma Agrária.
“Ao mesmo tempo que a gente fica contente pelo que conseguimos fazer, a gente fica triste por saber o tamanho da demanda que é muito grande, a fome está aumentando. Precisamos seguir avançando nas ações de solidariedade e mudar esse governo”, enfatiza o agricultor Carlos Valter Silva.
Em carta distribuída às famílias que receberam as doações, o MST reafirma o dever dos assentamentos da Reforma Agrária em produzir alimentos para o povo brasileiro.
“Sabemos da dificuldade que o povo brasileiro tem enfrentado neste momento, onde muitas vezes precisa escolher entre almoçar ou jantar. O MST reafirma que é da agricultura camponesa e da agricultura familiar, que vem a maioria dos alimentos que chegam à mesa dos trabalhadores”.
Confira a carta da ação na íntegra:
Carta das ações solidárias em Paranavaí e Nova Londrina
Você está recebendo uma cesta de alimentos fruto das experiências de Reforma Agrária do Noroeste do Paraná. São alimentos produzidos pelas famílias dos assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Sabemos das dificuldades que o povo brasileiro tem enfrentado neste momento, onde muitas vezes precisa escolher entre almoçar ou jantar. O MST reafirma que é da agricultura camponesa e da agricultura familiar, que vem a maioria dos alimentos que chegam à mesa dos trabalhadores. É daí que vem a produção do arroz, do feijão, do milho, das verduras e dos legumes que abastecem a mesa e matam a fome de quem necessita.
A terra é para produzir comida a todo povo brasileiro. No dia 25 de julho, comemorou-se o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural. É uma data em homenagem a todos e todas que estabelecem uma relação de cuidado com a terra, com a água e com a diversidade presente na natureza, através de seu trabalho pela produção de alimentos para todos e todas da Sociedade. O MST foi construído por estes sujeitos, e é por essa causa que lutamos por Reforma Agrária há 37 anos.
O Governo Bolsonaro é o responsável pela profunda crise sanitária e social que presenciamos. Sua omissão está ligada diretamente à morte de mais de 550 mil pessoas como consequência de seu descaso, da falta de planejamento e de ações de combate a Covid-19. Vidas que poderiam ter sido salvas! Além disso, cerca de 20 milhões de brasileiros estão abaixo da linha da pobreza passando fome. Queremos: VACINA NO BRAÇO, COMIDA NO PRATO E FORA BOLSONARO!
MST no PR, agosto de 2021.
Apoiam essa ação:
- Sindicato dos Bancários de Paranavaí,
- APP Sindicato – Núcleo regional de Paranavaí,
- Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Água e Esgoto de Maringá e Região Noroeste (Sindaen),
- Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge),
- Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (Sindiedutec),
- Partido dos Trabalhadores de Paranavaí.
*Editado por Solange Engelmann