Produção
Eduardo Moreira participa da inauguração de agroindústria em comunidade do MST, em Cascavel (PR)
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST
O economista Eduardo Moreira e amigos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participam da inauguração da agroindústria de beneficiamento de mandioca orgânica da comunidade Resistência Camponesa, em Cascavel, nesta sexta-feira (13). Moreira é investidor e entusiasta do projeto Financiamento Popular (Finapop), criado para captação de linhas de crédito financeiro para aprimorar cadeia produtiva e de distribuição de alimentos da Reforma Agrária Popular.
“Quero parabenizar o MST por essa conquista e também por dar conta de conseguir estrutura sem financiamento público, sem verbas de banco, com a mídia jogando contra. Ao longo dos meus 20 anos de carreira, eu não encontrei alguém que organize como o MST”, disse Moreira, integrante do Instituto Conhecimento Liberta.
A chuva constante que chegou na região no período da tarde não atrapalhou a inauguração tão esperada pela comunidade, e “soou como sinal de esperança e fartura, em tempos de seca e falta d’água que atinge todo o estado”, afirma Angela Gonçalves, integrante da coordenação da comunidade..
“É um dia de muita importância para nós. A agroindústria foi construída de forma coletiva e todo financiamento é feito pelas famílias. Vamos comercializar mandioca que é da nossa cultura e também da cultura indígena. Mostrar para cidade que aqui vivem 50 famílias trabalhadoras que querem ser assentadas e sobreviver do próprio trabalho”.
A agroindústria de 39 metros quadrados foi erguida a partir do trabalho voluntário em mutirão, pelos próprios moradores e moradoras da comunidade. Os cerca de R$ 30 mil gastos com a obra e os equipamentos também foram levantados entre os próprios moradores. O espaço vai garantir o processamento de mandioca, para lavagem, classificação, pesagem, empacotamento e congelamento.
O destino do produto já é certo: garantir a entrega para escolas públicas da região, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A comercialização será feita a partir da Cooperativa da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (Copcraf), da qual agricultores e agricultoras fazem parte.
Dulce Lopes, de 55 anos, é moradora da comunidade há 7 anos e está entre as que se dividiu entre o trabalho na roça e os mutirões para erguer a cooperativa. “Fomos nós mesmos que construímos, com o nosso dinheiro, com o nosso suor, pra poder alimentar as escolas e também vender na cidade. Pra nós é uma boa, é uma renda que a gente tem, não precisa sair trabalhar fora. A gente colhe e vende”.
A agroindústria está em processo de regularização com a Vigilância Sanitária, que deve se concluir até outubro deste ano. A expectativa da comunidade é beneficiar pelo menos 5 toneladas de mandioca orgânica por mês, e ampliar conforme a conquista de novos mercados.
Também estiveram presentes na inauguração a vereadora Professora Lilian; o professor da Unioeste Paulo Porto; Hamilton Serighelle, integrante do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP), entre outros amigos e amigas do MST.
Luta pela terra
As 50 famílias que formam a comunidade vivem há 22 anos na área, e ainda lutam para permanecer na terra. Após serem ameaçados de despejo, os camponeses e camponesas iniciaram uma vigília permanente à beira da BR 277, nas proximidades do acampamento, que durou mais de 80 dias, entre 27 de dezembro de 2019 a 18 de março de 2020.
Apesar do início da pandemia da Covid 19 e do decreto do Tribunal de Justiça do Paraná pela suspensão dos despejos, as famílias ainda vivem sob ameaça de serem expulsas da terra.
“É uma comunidade linda, resistente, que luta com muita dificuldade. As instalações aqui são rústicas e não tem nenhum tipo de apoio do Estado, pelo contrário, existe uma pressão muito grande, que durou até durante a pandemia, pra despejo e reintegração de posse, e as pessoas sequer param para vir aqui e entender o potencial que existe nessa comunidade”, questionou Moreira, em um vídeo que gravou em apoio à ocupação. esta manhã, Moreira caminhou pela comunidade e conheceu as moradias, lavouras e hortas.
Para o economista, a regularização da área poderia garantir o desenvolvimento pleno do projeto comunitário: “Isso aqui poderia ser muito mais do que apenas uma resistência, e um exemplo de que dá pra, mesmo nas condições mais adversas, conseguir prosperar. Isso aqui poderia ser um exemplo daquilo que a gente pode fazer no país inteiro. Deveria ser um exemplo de um modelo de desenvolvimento sustentável. É uma comunidade que preza pela agroecologia, pelo sistema orgânico”.
Eduardo Moreira visita outras comunidades do MST no Paraná
A primeira vez que Eduardo Moreira visitou comunidade do MST do Paraná foi há três anos. Antes de chegar na comunidade Resistência Camponesa, Eduardo Moreira já havia visitado o Armazém do Campo de Londrina, na quarta-feira (11). O espaço foi inaugurado recentemente para comercializar produtos da Reforma Agrária.
Na quinta-feira também participou de um Círculo de Cultura com educadores(as) e comunidade escolar do Colégio Estadual do Campo Aprendendo com a Terra e com a Vida e da Escola Municipal do Campo Zumbi dos Palmares, localizados no assentamento Valmir Mota de Oliveira, em Cascavel. O economista plantou uma muda de araucária na Agrofloresta Escolar-comunitária Paulo Freire, que foi batizada nesta tarde com a inauguração de um busto em homenagem ao educador.
Ao longo desta sexta-feira (13), o economista ainda visita a Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária do Centro Oeste do Paraná (Crehnor), a Universidade Federal da Fronteira Sul e o assentamento 8 de Junho, ambos em Laranjeiras do Sul. Às 16h30, Moreira retorna a Cascavel para visitar o Armazém do Campo.
*Editado por Fernanda Alcântara