Escola do Campo
Estudantes de Colégio do Campo protestam em Cascavel; “Nossas salas estão caindo”
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST
“É justo ficar sem aula por falta d’água?”, “Quem garante nosso direito à educação?”, “O descaso com a educação produz a exclusão!”. Questionamentos e afirmações como essas estavam nos cartazes e faixas de papel de dezenas de adolescentes e crianças dos estudantes do Colégio Estadual do Campo Aprendendo com a Terra e com a Vida, localizado no assentamento Valmir Motta de Oliveira, em Cascavel (PR), na manhã desta quarta-feira (13).
O protesto dos educandos/as paralisou as aulas ao longo de toda a manhã para denunciar a negligência e ausência de investimento em infraestrutura para o colégio por parte do governo do estado, comandado por Ratinho Jr.
No lugar das aulas, os estudantes fizeram atividades formativas com a comunidade escolar para conscientizar sobre o descaso que estão sofrendo. Houve apresentação teatral, rodas de conversas, produção de cartazes, debate sobre as principais necessidades e produção de vídeos e conteúdo para circular a denúncia nas redes sociais.
O colégio foi autorizado para entrar em funcionamento em 2014, e não possui prédio escolar construído. As estruturas existentes são fruto da autogestão e trabalho coletivo das famílias da comunidade. Entretanto, as construções de madeira estão desgastadas pela ação do tempo.
“As nossas salas estão cheias de buracos, estão caindo”, resume o pequeno Rodrigues, do 7° ano, ao explicar os motivos do protesto. Há riscos de algumas salas cederem, a cobertura está curvada e uma educadora recentemente sofreu um acidente com uma janela que caiu em seu rosto. A falta do prédio escolar impossibilita a instalação de laboratórios e de acomodar o arquivo bibliográfico da biblioteca. São apenas 2 banheiros para atender, em média, 140 pessoas.
Sem aula por falta d’água
Outro problema, já de conhecimento da SEED e do NRE Cascavel, é a falta de água. O colégio conta apenas com um poço semi-artesiano, cujo nível de abastecimento tem oscilado. A falta d’água foi motivo de suspensão das aulas quatro vezes, uma delas por três dias consecutivos.
Para este período que exige higienização constante, devido à pandemia da Covid-19, torna-se um grande problema, além da manutenção dos banheiros e do consumo. A necessidade de perfuração e equipamento para um poço artesiano se faz emergencial, entretanto, a SEED também não tem disponibilizado recursos.
Sete anos sem resposta
Desde 2014, a comunidade escolar tem protocolado pedidos de apoio ao Colégio para Secretaria de Estado da Educação (SEED), sem receber retorno. A escola conta com 115 estudantes dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio, moradores de três comunidades: acampamentos 1° de Agosto e Resistência Camponesa, e assentamento Valmir Mota, onde está situada. Ao todo, 24 trabalhadoras(es) da educação, entre professoras(es) e funcionárias, trabalham no local.
Tendo em vista a gravidade da situação da estrutura, com riscos de cair, a escola necessita de uma solução imediata com recursos emergenciais para reformar a atual estrutura e seguir com as aulas, até a construção do novo prédio escolar.
*Editado por Fernanda Alcântara