Ocupação

Famílias Sem Terra ocupam fazenda na Chapada Diamantina

Mais de 40 famílias do MST ocuparam latifúndio com mais de 600 hectares de terras improdutivos, em Ruy Barbosa, há anos sem cumprir a função social da terra e sem produzir alimentos
Famílias Sem Terra ocupam latifúndio de mais 600 hectares de terras improdutivos e já sonham em produzir alimentos saudáveis na terra. Fotos: MST na BA

Por Jobson Lopes
Da Página do MST

Na noite do último sábado (23), o MST na Chapada Diamantina ocupou a fazenda Água Branca no município de Ruy Barbosa, na Bahia. Mais de 40 famílias da Brigada Zacarias, acamparam na fazenda que vinha há vários anos sem cumprir a função social da terra, sem produzir alimentos e se encontrava abandonada.

Com gritos de ordem “ocupar, resistir e produzir”, alegria e muita música, as famílias se mantém resistindo na ação do Movimento Sem Terra.

O latifúndio possui mais de 600 hectares de terras improdutivos. As famílias Sem Terra já montaram barracos e sonham em produzir alimentos saudáveis na terra.

Para Abraão Brito da Direção Estadual do MST na Bahia, o população brasileira passa por um momento difícil de crise e repressão contra os trabalhadores. “Estamos vivendo momentos dolorosos no Brasil, mais de 20 milhões de brasileiros em estado de insegurança alimentar, sem ter o que comer. E a política econômica adotada pelo governo federal é assassina, quer acabar com a classe trabalhadora”, denuncia.

“O ato de ocupar, mostra nossa indignação contra esse governo assassino e também tem o objetivo de esperançar, de mostrar para as famílias da cidade que é possível não morrer de fome, que é possível produzir alimentos saudáveis, que é possível sonhar. Hoje somos agentes de transformação social e lutaremos para acabar com a fome do povo e a ocupação traz esse elemento central, subverter a lógica capitalista e democratizar a terra”. Conclui Brito.

Segundo Brito, além de lutar contra fome do povo. a ocupação do MST “traz esse elemento central de subverter a lógica capitalista e democratizar a terra”. Foto: MST na BA

Histórico da fazenda

Fundação Divina Pastora Mosteiro de Jequitibá é o nome da empresa que detém a posse da fazenda. O Mosteiro de Jequitibá foi fundado em 1939 pelos monges cistercienses que migraram da Abadia de Schlierbach, na Áustria; inicialmente como Priorado, em 1950 foi elevado à Abadia. A área foi doada por um casal piedoso: o Coronel Plínio Tude de Souza e Isabel Fernandes Tude de Souza que, não tendo filhos, instituíram por testamento a Fundação Divina Pastora.

As famílias que ocuparam a fazenda Água Branca, são egressas do acampamento Olga Benário, que sofreram despejo truculento e violento por parte da polícia.

Acampamento Olga Benário

O acampamento Olga Benário, localizado na cidade de Itaberaba, na Chapada Diamantina (BA), passou por sua sexta ordem de despejo na tarde da última sexta-feira, (22).

Cerca de 100 famílias Sem Terra estavam acampadas na fazenda Santa Maria e cumpriram a ordem de despejo, retirando-se do local, em plena pandemia. A polícia civil chegou ao acampamento com uma liminar de despejo e agiu com truculência.

Desde 2014 que o MST vem ocupando a área, onde as famílias tem a oportunidade de produzir alimentos saudáveis como milho, feijão, batata, aipim entre outros produtos.

Antes da ocupação, o latifúndio se encontrava improdutivo em posse da empresa Estâncias Balleiro. Havia denúncias sobre desmatamento e caça ilegal dentro da área. Com a reintegração de posse, as terras voltam para as mãos dos mesmos proprietários denunciados ao  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 2015.

*Editado por Solange Engelmann