Produção
Mulheres camponesas inauguram agroindústria em Castro nesta quinta (18)
Da Página do MST
Depois de 3 anos literalmente com a mão na massa e muito trabalho coletivo, mulheres camponesas da comunidade Maria Rosa do Contestado, de Castro, vão comemorar uma grande conquista nesta quinta-feira (18): a inauguração de uma agroindústria para produção e beneficiamento de alimentos.
Massas frescas, 14 sabores de macarrão caseiro, conservas, doces e panificação em geral serão o carro-chefe do empreendimento, que já conta com autorização da Vigilância Sanitária para funcionar. A iniciativa é organizada pelo trabalho direto de 13 mulheres, e com apoio da comunidade e de projetos de extensão da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Federal do Paraná (UFPR).
Rosane Mainardes, integrante da coordenação da agroindústria e moradora da comunidade, conta que a ação começou com trabalho voluntário, e agora é fonte de geração de renda. “Começamos com poucos equipamentos, poucas coisas, e com o tempo fomos conseguindo com projetos os implementos pra dar o avanço da nossa agroindústria […]. É uma conquista muito importante, porque vai gerar renda para cada companheira e para o sustento de suas famílias”.
Os produtos tem mercado certo: estarão disponíveis da rede Produtos da Terra Paraná, com venda online e em feiras de Curitiba; com o projeto de sacolas agroecológicas da Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESol) da UEPG; com o Laboratório de Mecanização Agrícola (LAMA) da UEPG, também por meio de compras coletivas; e quando há feiras na cidade.
O sonho da comunidade é também entregar alimentos para o Programa de Alimentação Escolar (PNAE) do município, que agora já será possível pela conquista da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP Jurídica), emitida nesta terça-feira (16). “Nosso sonho é conseguir fazer entregas para a merenda escolar do município, e ter uma renda pra que a gente não tenha que sair lá fora, e sim que a renda seja daqui mesmo, porque aqui nós somos como uma família”, garante Rosane.
Comunidade 100% agroecológica
O acampamento é formado por cerca de 100 famílias, que desde março de 2020 receberam certificação agroecológica para 100% da produção. Além de alimentos sem agrotóxicos, as famílias também comercializam sementes crioulas. Todo o processo produtivo da comunidade avançou com a criação da Cooperativa dos Trabalhadores Rurais da Reforma Agrária Maria Rosa do Contestado (Confran), que também tem como associados pequenos agricultores da região.
Outra grande conquista celebrada neste ano é o Cadastro de Produtor Rural (CAD-Pro) para cerca de 80% das famílias.
Histórico da área
Antes de se transformar em local de moradia e produção de alimentos para famílias Sem Terra, em 2015, o terreno era usado ilegalmente pela Fundação ABC, entidade privada formada pelas cooperativas do agronegócio Castrolanda, Batavo e Capal-Arapoti, e pelo Centro de Treinamento Pecuário (CTP), também coordenado pelas cooperativas. A área é de propriedade da União e tem 440 hectares.
Desde abril de 2014 havia um pedido de reintegração de posse por parte da União contra a Fundação, com multa diária de R$ 20 mil reais. No entanto, foram as famílias camponesas que viveram sob ameaça de despejo ao longo de dois anos.
A ação de reintegração de posse foi movida pela União em julho de 2019, com decisão favorável ao despejo por parte da 2ª Vara Federal da Comarca de Ponta Grossa, mas foi revogada no dia 30 de agosto de 2021.
Lista de produtos da agroindústria:
– Macarrão de açafrão; beterraba; cenoura; colorau; ervas; espinafre; ora pro nobis; couve; batata doce; misto; integral; comum natural;
– Conservas: mista: cenoura, brócolis, couve flor, ervilha; beterraba; brócolis; chuchu; couve flor; pepino; repolho; cebola, cenoura; rabanete;
– Panificação: pão caseiro; pão de fubá; broa; kukas; bolachas caseiras;
– Massas frescas para pastel e lasanha.
*Editado por Fernanda Alcântara