Manifestação
Contra a violência e a impunidade, camponeses iniciam vigília na frente do Fórum de Atalaia (AL)
Da Página do MST
Reunidos na frente do Fórum da cidade de Atalaia, na Zona da Mata de Alagoas, os camponeses e camponesas relembram o assassinato de lideranças dos movimentos de luta pela terra e seus casos que ainda seguem impunes.
A vigília rememora ainda os 16 anos do assassinato de Jaelson Melquíades, do MST, morto em uma emboscada planejada pelas elites da região.
“O caso de Jaelson é um caso emblemático aos movimentos sociais de luta pela terra em Alagoas. Temos um inquérito policial que já apontou mandante e executor do crime, mas até hoje somente um mandante foi identificado no processo”, explicou Margarida da Silva, da direção nacional do MST.
Segundo a dirigente, desde o assassinato de Jaelson, o dia de sua morte tornou-se um dia de luta para os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.
“O Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade reafirma ao longo desses anos a nossa disposição de lutar contra toda e qualquer forma de violência que ameaça, criminaliza e mata aqueles e aquelas que lutam por justiça, seja no campo ou na cidade”, sinalizou Margarida.
Com velas, cruzes, palavras de ordem e celebrações, a vigília na frente do Fórum integra a agenda do MST pela passagem do dia de luta contra a violência. Na próxima segunda-feira (29), os camponeses e camponesas realizam ainda um ato político no centro da cidade de Atalaia, com a presença de lideranças religiosas, movimento sindical, organizações populares e partidos políticos.
“Nossa ação coletiva é extremamente necessária para o momento que estamos vivendo. Jaelson é um caso que retrata o papel da impunidade no fortalecimento da violência no campo, e essa tem sido uma história que se repete.
Ao olharmos o histórico dos assassinatos de trabalhadores rurais em Alagoas, vamos nos deparar com outros casos que seguem impunes até hoje”, comentou Margarida.
Crimes em Atalaia
Além da morte de Jaelson, a cidade de Atalaia é marcada ainda pelo assassinato de outras lideranças da luta pela terra, como o caso de José Elenilson e Chico do Sindicato. O município já chegou a ocupar o segundo lugar do Nordeste em conflitos agrários, em especial no período do fechamento das grandes usinas e o aumento das ocupações de terra.
O caso de Chico do Sindicato, por exemplo, é mais uma marca da violência das elites da região contra os que lutam pela terra e pela Reforma Agrária.
Chico foi um sindicalista da cidade de Atalaia que atuou no sindicato dos trabalhadores rurais e contribuiu na luta dos trabalhadores na ocupação das terras da antiga Usina Ouricuri, após sua falência. Foi assassinado em março de 1995 e até hoje seu caso segue impune.
*Editado por Fernanda Alcântara