Solidariedade
União Solidária partilha 110 cestas de alimentos e 25 cargas de gás a famílias do Parolin, em Curitiba
Por Ednubia Ghisi e Leonardo Henrique
Da Página do MST
As ações de solidariedade continuam urgentes no Brasil, diante da crise econômica que deixa mais pratos e bolsos vazios. Na manhã do último sábado (27/11), famílias integrantes da Associação de Catadores Automotores e moradores do Parolin, em Curitiba, receberam a doação de 110 cestas de alimentos e 25 cargas de gás. A ação foi realizada pela União Solidária, articulação de movimentos sociais, sindicatos, entidades e coletivos que organizam iniciativas de ajuda humanitária desde o início da pandemia.
Os trabalhadores e trabalhadoras da reciclagem estão entre os mais afetados pelo aumento do preço dos alimentos, da gasolina e do custo de vida de maneira geral. Jane D’Oliveira é uma das 23 integrantes da Associação, e garantiu que a cesta chegou em boa hora: “É bastante importante e tem ajudado bastante […]. A cesta tem fruta, banha, café, leite para as crianças, bem bom. As crianças vão gostar muito. Tem as verduras, pãozinho com café, uma cesta abençoada”.
Além dos itens listados por Jane, os kits também levaram arroz, feijão e açúcar mascavo, banha suína, boa parte orgânicos, produzidos por camponeses/as do MST. A Rede Produtos da Terra é a responsável pela logística e organização para a chegada dos alimentos até a cidade.
A compra das cestas foi possível pela mobilização do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato) e do Núcleo Curitiba Sul da APP. Já o gás veio dos trabalhadores petroleiros associados ao Sindipetro-PR/SC.
“Somos companheiros porque somos da classe trabalhadora. Sabemos o esforço de cada um e cada uma aqui para levar o sustento para a família. Essa doação não é da Petrobrás, é dos trabalhadores que fizeram a doação para a associação e ajudar quem mais precisa. […] Se o alimento está caro, o gás está caro, a culpa é do Bolsonaro”, disse Luciano Zanetti, do Sindipetro.
“Que esse trabalho continue”, diz trabalhadora da cidade sobre ação solidária
Ao saber que os alimentos foram produzidos por famílias do MST, Jane contou já ter visto o Movimento pela televisão, “[…] agora fica mais bonito, é muito emocionante ver eles fazendo. Que Deus abençoe muito a vida de todo mundo, multiplique essa ação maravilhosa e continue esse trabalho”.
Na avaliação de Joabe de Oliveira, integrante do MST e da organização da atividade, levar alimentos saudáveis para quem mais precisa ganhou ainda mais relevância nesta última semana.
“Esse produto é 100% da Reforma Agrária, agricultura familiar, para nós isso é muito importante na mesma semana em que chegou uma proposta para terceirizar a merenda escolar. Ou seja, de um alimento de qualidade, orgânico, natural, querem transferir para as empresas tocarem. Não vai ter alimento de qualidade nas escolas e milhares de pequenos agricultores vão deixar de entregar seu produto”, enfatizou, se referindo à tentativa do secretário Estadual da Educação, Renato Feder de terceirizar a alimentação escolar e interromper a compra direta da agricultura familiar e dos pequenos agricultores.
A entrega das doações promete ser a primeira de muitas ações conjuntas entre a associação e a União Solidária. Nas próximas semanas serão realizados mutirões para a instalação de uma cozinha comunitária no local, que já conta com um fogão industrial doado pelo Sindipetro-PR/SC. O coletivo de grafiteiros e grafiteiras também vai colorir as paredes da Associação.
“Essa ação não se encerra aqui; dentro das nossas pernas, vamos continuar aqui. A União Solidária encerra um ciclo em 2021 com muito trabalho e empenho e esperamos que tenhamos feito a nossa parte de ajudar as comunidades”, garante Joabe Oliveira.
União Solidária
Batizada de União Solidária, a aliança entre trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade no enfrentamento à fome ganhou força em junho de 2020. Desde então, vem sendo realizadas ações em diversos bairros de Curitiba e também da região metropolitana.
Entre as marcas da União Vila União está a mobilização para doação de alimentos saudáveis, criação de hortas e agroflorestas e mutirões de construção de barracões e cozinhas. A articulação já passou pelas comunidades Chacrinha e Pantanal, do Boqueirão; a Vila Sabará; a Associação de Catadores Novo Amanhecer, do CIC; a comunidade Nova Esperança, de Campo Magro; e as vilas Jardim Veneza e União, do Tatuquara.
*Editado por Solange Engelmann