Agroecologia
Rede de sementes tradicionais entrega mais de 2 toneladas de sementes em 40 Comunidades de MT
Por Katiuska Azambuja
Da Página do MST
A Rede de troca de sementes tradicionais em Mato Grosso distribuiu dois mil e quinhentos quilos de sementes e mudas nativas livres de agrotóxicos para 40 comunidades de Mato Grosso, Brasil. A ação tem apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE), é originário do Grupo em Intercâmbio em Agroecologia (GIAS), composto por mais de 40 organizações e movimentos socioambientais do Estado de Mato Grosso, algumas dentre elas: Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE), Centro Tecnologia Alternativa, Associação da Comunidade Negra Rural Ribeirão da Mutuca (ACORQUIRIM), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST), Associação da Comunidade de agricultores/as de São Manoel do Parí, MST, Associação Regional de Produção Agroecológica (ARPA), Associação Guadalupe Agroecológica (AGUA), e Animadoras e animadores de sementes da rede de troca de sementes do GIAS.
Ao todo foram entregues 17 variedades de sementes e mudas tradicionais, como arroz, feijão, milho, banana, mandioca, adubação verde, entre outras, doadas a 40 comunidades rurais de Mato Grosso – Comunidades Tradicionais, quilombolas, aldeias indígenas, assentamentos da reforma agrária e grupos de agroecologia, totalizando 2,5 toneladas de sementes e mudas distribuídas. A aquisição destas sementes foi via agricultores/as, guardiões e multiplicadores de sementes nativas em Mato Grosso e região Centro Oeste.
Fran Paula, engenheira agrônoma e educadora da FASE MT, conta que essas variedades “são alimentos da cultura alimentar dos agricultores/as do estado e é importante porque vai fortalecer a agroecologia no Mato Grosso, considerando que as sementes são o principal princípio da produção agroecológica, e saudável, garantido a origem das sementes que não sejam quimicamente tratadas com agrotóxico, e transgênicas em um período de aumento da fome e de insegurança alimentar que atinge essas comunidades”. As ações do Projeto estão no segundo ano devido “às áreas de produção de comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, agricultores/as familiares, estarem sofrendo com as mudanças climáticas, como os períodos de seca e às queimadas dos últimos anos”, prossegue Fran.
Além da aquisição e distribuição das sementes e mudas nativas livres de agrotóxicos e transgênicos, é adotado um protocolo de uso das sementes e monitoramento das trocas para alimentação do BIS (Banco de Informações de Sementes), um Banco digital que contém registros de cadastro e sementes realizados pela rede nos últimos 20 anos, e também contou com a estruturação da Casa de Sementes Tarumã, da Associação Guadalupe Agroecológica (AGUA), no município de Alta Floresta, cuja comunidade tem o histórico de coleta de sementes florestais. A Casa Tarumã, elo do Instituto Ouro Verde, é articulada com a Rede de Sementes do Portal da Amazônia, um movimento coordenado por grupos de agricultores familiares e organizações não governamentais de facilitação ao acesso às sementes florestais para as ações de recuperação ambiental estimulando a conservação de variedades, as práticas tradicionais e ancestrais dos povos em seus territórios.
Na perspectiva da manutenção e conservação de espécies de sementes, mudas e animais com risco de extinção frente a perda da biodiversidade crescente no estado de Mato Grosso, a iniciativa do GIAS, através das ações em redes para restauração do Pantanal e outros biomas impactados pela seca e incêndios, cujo objetivo também é comunicar sobre a importância da conservação da biodiversidade local e a manutenção de nossas florestas, “criando um fluxo intenso de troca genética, social e cultural entre comunidades e povos”, conforme a coordenadora adjunta do CIMI, Natália Bianchi Filardo.
“A situação de pandemia, o período de seca aliado às queimadas de 2020 nas comunidades quilombolas, indígenas, tradicionais, ribeirinhas, fizeram com que o GIAS, tomasse uma iniciativa”, diz Aline Mialho, agente da CPT.
*Editado por Fernanda Alcântara