Reforma Agrária Popular
Escola, produção e futebol: as conquistas do assentamento Eli Vive, que completa 13 anos
Por Jovana Cestille
Da Página do MST
O dia 19 de fevereiro foi de comemoração para as famílias do assentamento Eli Vive, em Londrina, norte do Paraná. A data marcou o aniversário de 13 anos da comunidade, que conta com escolas, unidade básica de saúde e a cooperativa Copacon, além de produzir alimentos saudáveis na luta pela Reforma Agrária Popular.
Em fevereiro de 2009, foram ocupadas as antigas fazendas Guairacá, com 5.826 hectares, e Peninga, com 1.486 hectares, que se transformaram nos assentamentos Eli Vive I e II. Hoje são 501 famílias assentadas, a maior área de reforma agrária em região metropolitana do Brasil.
Sandra Ferrer, da coordenação da comunidade, relembrou a época. “Quando chegamos para acampar na antiga sede da fazenda Guairacá, ali começava um sonho a ser realizado a partir da conquista da terra. Fomos trabalhando o projeto da reforma agrária que era produzir não somente alimentos, mas produzir educação, saúde, vida. Eu me sinto orgulhosa e emocionada”, declarou.
Desde o início da ocupação, as famílias se organizam em brigadas de 50 famílias, com uma dupla de dirigentes que coordenam o processo organizativo do Assentamento. Ainda no período de acampamento, o trabalho gerava uma variedade de alimentos.
Com o sorteio dos lotes e a mudança para a terra conquistada, a produção de grãos, hortifruti e leite aumentou; o assentamento inclusive fortaleceu a campanha nacional de solidariedade do MST de doação de comida a quem enfrenta a fome na pandemia.
Comunidade se estrutura com cooperativa, escolas e espaço de saúde
Parte significativa da produção é comercializada pela Copacon, cooperativa do assentamento, que destina para o mercado local e à alimentação escolar (mais de 1 milhão de crianças de escolas paranaenses receberam alimentos da Reforma Agrária, em 2021). Uma agroindústria para beneficiamento de feijão e produção de derivados de milho não transgênico está em fase final de construção. Outra novidade é a inauguração do Mercado Campo Vivo, em 05 de março, dentro da comunidade.
O trabalho coletivo das famílias originou uma Escola Itinerante, depois desmembrada em uma escola municipal e uma municipal. Os espaços de ensino garantiram o acesso à educação de moradores, desde os anos iniciais do ensino fundamental até o ensino médio e educação de jovens e adultos.
A saúde popular é destaque. Agentes Populares de Saúde participaram de formações e a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Assentamento está sendo construída para atender as famílias. O esporte e o lazer também são conquistas importantes com os times de futebol masculino e feminino e a Comitiva que participa das cavalgadas.
Para Sandra Ferrer, o projeto de Reforma Agrária Popular é de vida e define a felicidade que tem por participar do Eli Vive e da família MST. “É um orgulho muito grande fazer parte dessa comunidade e da família MST. Estar neste assentamento hoje é um orgulho muito grande para mim, camponesa assentada. Parabéns para todas as famílias que fizeram com que chegássemos aos 13 anos com essa maravilha que é hoje o nosso assentamento”, afirmou.
“Hoje, 13 anos depois, a gente vê todo aquele sonho sendo realizado com a nossa cooperativa crescendo e, através dela, as famílias assentadas poderem comercializar seus produtos. As escolas municipais e estadual sendo construídas, a UBS do campo para cuidar da saúde das nossas famílias”
Ainda há muita luta pela frente para garantir a readequação das estradas, problema que afeta todo o Eli Vive, e continuar com a construção de estruturas que vão beneficiar a comunidade.
Fotos: Arquivo MST
*Editado por Fernanda Alcântara