Homenagem
1º Feira Estadual da Reforma Agrária em SC homenageia Révero Ribeiro
Por Adriane Canan e Juliana Adriano
Da Página do MST
Começa a mística:
Ouve-se a voz de Révero ecoando pelas bancas e espaços da feira: “Um, dois, três… gravando!”.
Era o início de um momento de muita emoção. A noite abre com a viola entoando música composta em homenagem ao camarada Révero. Seguida pela apresentação “Causos do Frankolino”, um espetáculo que reuniu no palco a companheira de vida de Révero, Carina Scheibe, no acordeom, e a atriz Andréa Rihl na interpretação e manipulação do boneco Frankolino, um personagem que conta as histórias fantásticas de bruxas, lobisomens e outros mistérios da ilha a partir dos escritos do pesquisador Franklin Cascaes. Anos atrás, quando o espetáculo foi concebido, lá estava Révero na construção que hoje continua encantando.
Héctor e Bruna estão no meio do público e entoam os versos do poema COMANDANTE DA ALEGRIA:
Era uma vez um palhaço,
Daqueles que vive para os outros.
Saiu pelo mundo saltimbanco,
Procurando soluções para nossa agonia.
De um se fez dois, e muitos mais…
De repente tínhamos um exército.
Batalhões de palhaços prontos para o combate.
Armados de piadas e brincadeiras,
Sabedores de sua tarefa revolucionária.
“Réverooooo! Réveroooo! Vem aqui, companheiro!”. A dirigente do MST/SC, Irma Brunetto, atravessou o grupo imenso de pessoas que se reunia para homenagear o companheiro Révero Ribeiro, palhaço da alegria, educador popular que faleceu há pouco tempo, com uma certeza: ele está aqui conosco. E a certeza não era só dela ali: dezenas de militantes do MST, companheiros e companheiras de Révero, familiares, amigas e amigos sentiram a presença potente deste companheiro que partiu, mas deixou um legado. “Dá pra ver ele correndo aqui pela nossa feira, gesticulando, falando, organizando, dando mística”, disse Irma.
Como Che na Sierra Maestra,
Criou rádios rebeldes.
Como Mao na grande marcha,
Atravessou rios e desviou dos perigos.
Como Lênin na estação Finlândia,
Subiu em um banco na praça e discursou.
As colunas de sem terrinhas sempre tagarelas,
ficavam hipnotizados com seu carisma.
O palhaço Rolo também os amava.
E juntos sorriam, transbordando afetos, poemas e lutas.
Mas o grande acaso surgiu entre nós.
A sombra da morte sempre nos ronda, silenciosa e fria.
E foi no campo de batalha que encontrou nosso dirigente,
Que com muita coragem a enfrentou.
Era noite de quinta-feira, 17 de março, dia de abertura da feira. A filha de Révero, Rosa, falou da “a potência da família MST, que acolheu o Révero e pela qual ela também se sentiu acolhida”. A Fabíola lembrou que Révero nunca será só memória, mas sempre presença. A Geneci, muito emocionada, destacou a potência da pedagogia daquele palhaço que nunca abandonou a luta da educação popular. Foram muitas falas emocionadas.
Vieram camaradas de todo o país,
Fazendo da solidariedade nosso abraço.
Um experimento doloroso,
Mas necessário para o aprendizado humanista.
Nossa escola fez-se lágrimas,
Que irão irrigar o solo para novas batalhas.
Foi uma roda de ciranda gigante, cheia de camadas, todo mundo com nariz de palhaço. Já no domingo, 20, quando o povo que foi para Florianópolis de várias regiões de Santa Catarina chegou em casa, começaram a chegar fotos dos narizes de palhaço em crianças espalhadas pelos assentamentos e acampamentos: RÉVERO, PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE! Semente!
A tristeza da partida é passageira,
Mas a alegria do comandante revolucionário será eterna.
Aprendemos com você o poder transformador da cultura e da arte,
Aprendemos a amar nosso irmão de classe,
E a odiar o capitalismo com todas as células do corpo…
Até a vitória nosso comandante da alegria.
Camarada, hoje e no dia da vitória, brindaremos a você!!!
POESIA DA MÍSTICA:
*COMANDANTE DA ALEGRIA
Por Ricardo Scopel Velho
Ao camarada Révero de Paula Ribeiro – MST/SC