MST por Despejo Zero
No agreste pernambucano, famílias Sem Terra protestam contra ameaça ilegal de despejo e defendem acesso à escola
Por Coletivo de Comunicação do MST em Pernambuco
Da Página do MST
Em protesto, nesta última sexta-feira (25/3), 43 famílias Sem Terra, acampadas há 23 anos na fazenda Jaboticaba, ocuparam a Secretaria de Educação e Cultura do município em São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano, para que as autoridades locais retomem com urgência o transporte escolar interrompido na região.
As famílias acampadas denunciam as ameaças de despejo por parte da família Guedes, antigos proprietários da área. Dessa vez, como pressão para que ocorra a desocupação forçada, latifundiários da região também tentam impedir o acesso de crianças e adolescentes à escola.
Após a ação de protesto tomados pela indignação, as autoridades da Secretaria de Educação e Cultura de São Joaquim do Monte marcaram reunião com a direção regional do acampamento, que acontecerá na próxima segunda-feira (28/3).
Atualmente é José Almir Melo quem comanda a pasta do Secretariado da Educação e Cultura pelo governo municipal de Eduardo José de Oliveira Lins, empresário conhecido como Duguinha Lins, eleito prefeito pelo PSDB.
Em diálogo com os gestores da pasta da secretaria responsável, entre outras autoridades locais, as famílias tem a expectativa de terem o direito de seus filhos(as) reconhecidos, pela retomada urgente do transporte escolar interrompido sem nenhuma justificativa legal.
Histórico de conflitos fundiários
Desde 1999, quando as famílias ocuparam o lote improdutivo, essa área é cenário de diversos conflitos fundiários que, inclusive, já chegaram à resultar em mortes. Infelizmente, mesmo após duas décadas, os mesmos problemas permanecem na região, dezenas de lideranças e famílias do MST estão ameaçadas e exiladas do local, sob proteção.
Em nota, a direção do MST em Pernambuco, denúncia, que a família Guedes pressionaram a prefeitura do município para que a secretaria de educação interrompesse a circulação de ônibus escolares dentro do acampamento, impedindo o transporte de estudantes, sem nenhuma decisão legal ter sido postulada.
A direção local explica que o acampamento está consolidado e já existe um decreto de desapropriação pelo governo do estado para que as famílias tenho direito de permanecerem na terra. Mas a justiça local, de forma subserviente, insiste em obedecer as ordens dos coronéis da terra, gerando novos ciclos de violência.
“Nós vamos resistir para garantir o direito das crianças Sem Terrinha e adolescentes de estudarem, e principalmente para garantir o direito legítimo e constitucional de ocupar a terra que não cumpre sua função social para a produção de alimentos saudáveis”, afirmam em coro manifestantes.
E lembram ainda que: “a educação é um direito assegurado pelo Estatuto da Criança e Adolescente e deve ser cumprido. Portanto, solicitamos às autoridades do Estado de Pernambuco que tomem as providências cabíveis para evitar um conflito ainda maior na região”, concluem em nota a direção do MST em Pernambuco.
*Editado por Wesley Lima