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Casa de acolhida para mulheres vítima de violência é inaugurada em assentamento do MST em SP
Por Coletivo Comunicação MST/SP
Da Página do MST
A última segunda-feira, 18 de abril, foi marcada por duas importantes ações na regional de Iaras (SP): lançamento da casa de acolhida para mulheres e inauguração do Bosque pela Vida Neusa Paviatto.
Pela manhã, estudantes do Curso Médio Integrado ao Técnico em Agropecuária com ênfase em Agroecologia “Turma Luiz Beltrame” (Escola Popular Rosa Luxemburgo) e as famílias do acampamento Anita Garibaldi se reuniram na área social do assentamento Zumbi dos Palmares para dar início ao Bosque pela Vida Neusa Paviatto. Mudas de árvores nativas e frutíferas foram plantadas seguindo a proposta do “Plano nacional plantar árvores, produzir alimentos saudáveis”, que pretende plantar 100 milhões de árvores em 10 anos.
O nome do bosque é uma homenagem a companheira Neusa Paviatto, que faleceu em janeiro deste ano. Neusa foi muito ativa no Setor de Produção do MST, dirigente muito atuante, defensora da agroecologia, do feminismo e da solidariedade de classe. Sua luta é a luta de toda a militância do MST!
Dando sequência às atividades, no período da tarde foi lançada a primeira Casa de acolhida para mulheres vítimas de violência construída dentro de um assentamento do MST no Estado de São Paulo. As violências contra as mulheres aumentaram durante a pandemia de Covid-19, fato visível pelo aumento dos feminicídios e outras formas de violências. Infelizmente, nos territórios de assentamentos essa realidade ainda é presente. As mulheres travam uma luta constante pela sobrevivência. Segundo dados levantados no início de 2020, só na pandemia houve um aumento de mais de 20% nos casos de violência doméstica no Brasil. Quem luta por justiça e pela transformação das relações sociais não pode ficar inerte frente a essa situação.
A Casa de acolhida para mulheres vítimas de violência é uma iniciativa da Rede de Combate à Violência Doméstica do MST/SP, iniciada durante a pandemia, mas faz parte do compromisso de toda a militância sem terra, uma vez que a construção de novas relações humanas é urgente. A Reforma Agrária Popular não pode se efetivar baseada em relações injustas e doentias. A casa de acolhida é, portanto, fruto da necessidade e da ousadia de reação coletiva diante das violências, buscando respostas concretas e efetivas a essa triste realidade que ainda acomete milhares de mulheres em todo o país.
Assim com o a Rede de combate à violência doméstica, a casa de acolhida estará organizada para acolher, orientar e acompanhar os casos de violência acometidos contra mulheres, especialmente as que vivem em áreas de assentamentos e acampamentos. O MST sabe que o espaço é apenas uma semente, fruto do acúmulo de lutas pregressas e de sonhos e necessidades urgentes, e que ela precisará de muita dedicação e empenho para que possa ganhar vida e cumprir seu papel neste enfrentamento.
As duas atividades compõem as ações da “Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária: por Terra, Teto e Pão”, que acontece durante o mês de abril em todo o Brasil. A jornada marca os 26 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, no Pará.
*Editado por Fernanda Alcântara