Violência

Massacre de Colniza (MT): cinco anos de impunidade

Em nota, CPT e FDHT/MT denunciam a manutenção da violência com julgamentos que até o momento mantém em liberdade os executores e mandantes do massacre e cobram justiça aos mortos na luta pela terra
Entidades cobram justiça a Massacre de Taquaruçú do Norte, município de Colniza-MT, em que nove trabalhadores rurais foram assassinados com requintes de crueldade. Imagem: CPT

Da Página do MST

Em 19 de abril de 2017, nove camponeses foram surpreendidos por quatro pistoleiros encapuzados enquanto trabalhavam no Projeto de Assentamento Taquaruçu do Norte, onde viviam cerca de 100 famílias de agricultores(as). O grupo invadiu a comunidade e matou os posseiros com tiros de armas calibre 12 e golpes de facão.

De acordo com a perícia do crime houve tortura, pois vários corpos estavam amarrados e duas das vítimas foram degoladas. O mandante dos crimes e madeireiro Valdelir João de Souza, conhecido como Polaco, segue impune até hoje.

O MST no Mato Grosso, a Comissão pastoral da Terra (CPT) e o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso-FDHT/MT cobram paz no campo e  justiça pelos mortos na luta pela terra.

“Cobramos do Executivo e do Judiciário o cumprimento de sua responsabilidade de garantir acesso da população às oportunidades de trabalhar na terra com segurança e liberdade. Que os executores e mandantes sejam punidos imediatamente por este crime bárbaro”, afirma a nota.

Card: Divulgação MST

Nesta Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, por “Terra, Teto e Pão”, os Sem Terra seguem em luta denunciando a violência no campo e exigindo Reforma Agraria Popular!

Confira íntegra da denúncia:

NOTA PÚBLICA: 5 anos da chacina de Taquaruçú do Norte – Colniza-MT, a impunidade segue imperando!!

Hoje, 19 de abril de 2022, completam-se cinco anos do Massacre de Taquaruçú do Norte, município de Colniza-MT, onde 9 trabalhadores rurais foram assassinados com requintes de crueldade, sem ter chance de fuga ou defesa, por um grupo de extermínio a mando de um madeireiro. São cinco anos em que as famílias buscam punição para os culpados, além da devida reparação pela perda de seus familiares e a dor sofrida.

Contudo, a impunidade segue imperando, a exemplo da condução dos julgamentos que envolvem violências desse tipo. No caso do Massacre de Colniza, os executores e mandantes seguem em liberdade.

A Vida de pessoas pobres, que lutam por seu direito de acesso à terra, são vilipendiadas pelos governos municipais, estaduais e federal! 

A morosidade do judiciário contribui para que a impunidade continue sendo regra nos crimes que ocorrem contra as pessoas pobres do campo, em Mato Grosso, onde 146 pessoas foram assassinadas de 1985 até hoje, sem qualquer punição aos mandantes. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra – CPT, o estado também registra 13 vítimas de massacres no campo.

O assassinato dos 9 trabalhadores rurais em Colniza não foi suficiente para que o Estado acordasse e resolvesse o conflito agrário existente na área, e hoje, a maioria das 100 famílias que lá viviam na época do massacre foram obrigadas a abandonar suas terras, suas casas, uma vez que a situação de violência e abandono por parte do estado segue latente.

Na data de ontem (18), em Brasília, a Comissão Pastoral da Terra-CPT, lançou a 36ª edição do “Conflitos no Campo Brasil 2021”, onde denuncia o “aumento de 75% nos assassinatos, mais de 1.000% nas mortes em consequência de conflitos”, assassinatos estes provocados por grileiros, garimpeiros, alguns fazendeiros e, inclusive, conflitos provocados pelo próprio governo. Somente na Amazônia Legal, onde se situa o estado do Mato Grosso, em 2021, foram 28 vítimas fatais da violência no campo. Em 2020, quase 1 milhão de pessoas estiveram envolvidas em conflitos no campo, maior número desde o ano de 1985.

A Comissão Pastoral da Terra-CPT Regional Mato Grosso e o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso-FDHT/MT reafirmaram seu compromisso na luta por justiça, terra, trabalho e vida digna, denunciando a violência e impunidade existente no campo, em Mato Grosso. Cobramos do Executivo e do Judiciário o cumprimento de sua responsabilidade de garantir acesso da população às oportunidades de trabalhar na terra com segurança e liberdade. Que os executores e mandantes sejam punidos imediatamente por este crime bárbaro.

Seguimos gritando:

Izaul Brito dos Santos, Presente!!

Ezequias Santos de Oliveira, Presente!!

Samuel Antônio da Cunha, Presente!!

Francisco Chaves da Silva, Presente!!

Aldo Aparecido Carlini, Presente!!

Edson Alves Antunes, Presente!!

Valmir Rangeu do Nascimento, Presente!!

Fábio Rodrigues dos Santos, Presente!!

Sebastião Ferreira de Souza, Presente!!

Comissão Pastoral da Terra-CPT Regional Mato Grosso e Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso-FDHT/MT

Cuiabá-MT, 19 de abril de 2022.

*Editado por Solange Engelmann