Cultura e Resistência
Festival da Reforma Agrária de MG: “Uma ação cultural e uma ação de luta”
Por Kênia Marcília e Debora Nunes
Da Página do MST
Cultivando terra, trabalho e democracia! Esse é o lema que pauta o Festival Estadual de Arte e Cultura e a Feira da Reforma Agrária e Agricultura Familiar do MST em Minas Gerais. O evento ocorre até o dia 1º de maio, com a participação de 120 artistas que se apresentam em sete atrações ao longo de três dias.
Em seu segundo dia, o Festival trouxe expressões artísticas populares como roda de viola e também a mostra com os cantadores Sem Terra. Intitulada “Viola Enluarada” a roda conduzida pelos violeiros Wilson Dias, Leandra Leal e Luiz Salgado, embalou a noite de sexta-feira (29), reforçando a moda de viola como importante traço da cultura camponesa.
Já a mostra com os cantadores Sem Terra foi um momento de expressão livre, onde coletivamente artistas puderam manifestar sua arte em total sintonia com o público.
Após dois anos de pandemia, o evento se torna um grande encontro e reunião de “vozes”, representadas por movimentos sociais e também organizadores, como o próprio MST, trazendo pautas coletivas como o direito à alimentação saudável, trabalho digno, educação e cultura. A Coordenadora Nacional do Setor de Cultura do MST, Luana Oliveira, evidencia que “o Festival é uma ação cultural e é uma ação de luta”.
O Festival se insere em um cenário político de retirada de direitos conquistados pelo povo e de ataques sistemáticos à cultura, especialmente às expressões populares. Se tornaram uma constante no atual governo federal de Jair Bolsonaro os cortes de verbas e veto às leis destinadas à fomento da cultura, além do incentivo à hostilização de artistas.
Para a professora e pesquisadora acadêmica, Freda Amorin, que veio prestigiar o Festival, como milhares de visitantes, “os festivais, como o do MST, são muito importante culturalmente falando, pois fortalecem a luta cultural diante de um governo que está sucateado a cultura do Brasil, se apropriando dos nossos símbolos, da nossa memória”.
O Festival propõe então, para além do encontro do campo com a cidade e incentivo à geração de renda das famílias camponesas, um manifesto coletivo de resistência e repúdio ao individualismo que impera na conjuntura política atual. E tudo isso ao som do samba, da viola, do rap, hip hop, da poesia e da voz do povo.
*Editado por Yuri Simeon