Censura

“Retomadas”, confira o conjunto das obras do MST vetadas em exposição do MASP

Curadoras, artistas e MST denunciam como injustificáveis as razões empregadas pela direção do museu ao vetar parte da mostra
5º Congresso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – Brasília, DF. 2007. Foto: João Zinclar

Por Lays Furtado
Da Página do MST

As obras seriam expostas na mostra “Histórias Brasileiras” prevista para acontecer no  próximo mês de julho, como parte do acervo da maior exposição deste ano programada no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP).

Porém, parte da exposição foi cancelada após o museu vetar um conjunto de materiais do acervo do MST, selecionado pelas curadoras Clarissa Diniz e Sandra Benites, que denunciam como injustificável o veto apresentado pela direção do museu ao excluírem tais obras da mostra.

Frente a interdição, as curadoras expuseram, via email enviado às pessoas envolvidas na exposição, sua indignação.

Segundo a instituição, as curadoras não teriam cumprido os prazos estipulados, argumento que negam, reafirmando a contradição em que o museu se coloca frente ao veto e a própria função social e cultural que deveria cumprir.

Somente os cartazes foram aceitos, e parte das fotografias foram vetadas, ilustrando a trajetória do MST e feitas pelos artistas João Zinclar e André Vilaron. Edgar Kanaykõ, indígena Xakriabá também teve foto excluída do núcleo da mostra.

Fotografia excluída da mostra do MASP. Foto: Edgar Kanaykõ

“Impedidas de levar adiante nosso acordo com o Movimento Sem Terra, seus fotógrafos e Edgar Kanaykõ, como sanção a um erro que sabemos não ter cometido, sentimo-nos desrespeitadas, injustiçadas e instadas, em consequência de tal decisão, a trair a confiança deste que não é só o maior movimento social do Brasil, como também é a coluna vertebral do Retomadas.”

Na tentativa de manterem-se leais à ética pela qual se justifica a própria idealização da mostra “Retomadas”, as curadoras tanto cancelaram o núcleo que seria exposto, quanto convocaram em manifesto, por um basta à exclusão e censura provocada por razões  burocráticas expostas pela direção do MASP.

“Portanto, chamamos toda a comunidade cultural e entidades que representam as lutas do povo brasileiro para este debate, que se reveste da urgência de não ceder à censura e ao apagamento de nosso maior patrimônio: nossa capacidade de luta organizada para construir um outro modelo de sociedade”, aspiram as curadoras.

Confira parte das obras vetadas da exposição

*Editado por Maria Silva