Palestina
Organização para a Libertação da Palestina completa 58 anos de luta e resistência internacionalista
Por Julia Gimenez, Setor de Comunicação do MST
Da Página do MST
Desde o dia 14 de maio de 1948, trás a proclamação do Estado de Israel que representava o imperialismo estadunidense e inglês na Palestina, a vida do povo palestino passou a estar sujeita às intervenções dos países árabes, dos sionistas israelenses, estendendo por mais de sete décadas a chamada Nakba (Catástrofe) que marcou o primeiro dia da violenta e ilegítima ocupação de Israel. Porem, os processos de organização e resistência palestina colocam até o dia de hoje um obstáculo aos planos imperialistas.
A primeira articulação para a criação de uma entidade que representasse o povo palestino na luta de resistência teve início no começo de 1964, no que foi considerada a primeira reunião de cúpula dos 13 países árabes, membros da Liga dos Estados Árabes e representantes de diversas tendências palestinas. O advogado Ahmad Shuqueire foi indicado para liderar uma ampla articulação de entidades que representasse politicamente o povo palestino, bem como organizasse a sua resistência armada à criação do Estado sionista de Israel.
No dia 28 de maio desse mesmo ano, em Jerusalém Oriental (antiga, densamente habitada por palestinos), foi celebrado o primeiro Conselho Nacional Palestino, considerado o parlamento palestino no exílio, que viria a se tornar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Em 1974, a ONU reconhece a OLP como única e legítima representante do povo palestino.
Segundo Jadallah Safa, membro do Comitê Democrático Palestino – Brasil, “a OLP foi fundamental para a luta do povo palestino, para unir o povo palestino; reconhecemos a OLP como a nossa entidade enquanto a Palestina estiver ocupada”.
Embora a OLP tenha atravessado várias fases e conduções, evidenciadas nos posicionamentos assumidos pelo Conselho Nacional Palestino, ao longo dos 58 anos de existência a sua estrutura de guarda-chuva permite agregar e representar estudantes, trabalhadores e trabalhadoras urbanas e rurais, mulheres e todos os partidos políticos palestinos (além do Fatah, temos ainda a Frente Popular para a Libertação da Palestina; Frente Democrática para a Libertação da Palestina; Frente de Libertação da Palestina; União Democrática Palestina; Partido Popular Palestino – ex-Partido Comunista Palestino; As-As’Iqa; Frente de Libertação Árabe; Frente de Libertação Popular da Palestina e Frente Árabe Palestina). E ainda que tenha sofrido perseguições e tentativas de apagar sua importância – como durante o Acordo de Oslo em 1993 –, a sua tarefa segue fundamental na articulação da resistência nacional e internacional até hoje.
“A luta do povo não é uma luta só pela libertação de Palestina, mas uma luta anti-imperialista, que envolve o mundo inteiro. Uma luta entre as classes, trabalhadores oprimidos e o capitalismo, o imperialismo. Se nós entendemos a luta do povo palestino apenas como uma luta de libertação nacional, a solidariedade internacional é enfraquecida. A luta do povo palestino faz parte da luta da classe trabalhadora do mundo contra o imperialismo. É também contra o sionismo, contra o Estado de Israel, contra os Emirados Árabes, contra o imperialismo, contra o sistema capitalista. Por isso precisamos fortalecer a solidariedade internacional, para conseguir derrotar o imperialismo”, agregou em entrevista o membro do Comitê Democrático Palestino – Brasil.
Para Jadallah Safa, o assassinato da jornalista palestina Shireen Abu Akleh, na ultima quarta-feira (11/05), nas mãos do exército israelense enquanto cobria uma ação armada em um acampamento de refugiados palestinos na Cisjordânia, faz parte das ações praticadas contra o povo palestino para tentar calar a voz de quem denuncia e evidencia os crimes do Estado de Israel. Porem, não foi um fato isolado.
“Dentro da Palestina existe diariamente crimes. Difícil passar um dia sem que Israel cometa crimes como o assassinato de jovens, homens, mulheres, idosos que fazem parte da resistência ou não; o confisco de terras; demolição de casas dentro e fora de Jerusalém. Além de dar cobertura aos colonos israelenses para invadir, queimar e destruir propriedades palestinas, bloquear estradas e colocar toque de recolher em várias cidades palestinas. Só no mês de abril, mais de 1.200 palestinos foram presos, o que quer dizer mais de 40 palestinos presos por dia”, sinalizou Jadallah Safa, agregando a importância das transformações e mudanças do status da cidade de Jerusalém, como mais uma maneira criminosa de ocupação.
Para o MST, a identidade com a luta e a resistência palestina vem de objetivos comuns: a luta pela terra, contra todo o tipo de colonialismo e imperialismo e por transformações sociais, sendo a resistência palestina uma grande inspiração para o MST e para todos os povos em luta do mundo. Essa identidade está presente nas várias articulações nacionais e internacionais em solidariedade à Palestina das quais o Movimento faz parte ou na experiência dos vários militantes e dirigentes do MST que foram à Palestina e puderam conviver pessoalmente com a luta popular do povo palestino contra a ocupação israelense.
Mas também está presente em cada assentamento e acampamento do MST, nos bosques plantados em nossas áreas em homenagem ao Dia da Terra Palestina, nas bandeiras palestinas hasteadas em nossos Centros de Formação, encontros, cursos, lutas etc. Está presente nas crianças Sem Terrinha, que cantam que a Palestina Livre também é um sonho brasileiro, a ser conquistado de mãos dadas.
Saiba mais sobre o MST e a causa palestina no artigo do professor Marcelo Buzetto e confira o vídeo com a música Palestina Livre, dos Sem Terrinha.
*Editado por Solange Engelmann