Dossiê

Trabalhadores rurais sul-africanos exigem propriedade da terra de seus ancestrais

Novo dossiê lançado pelo Tricontinental explora a questão da terra na África do Sul e a contínua desapropriação de trabalhadores rurais negros
Duas jovens garotas retornam a suas casas após pegar água em um riacho que os moradores da comunidade compartilham com animais selvagens. Foto: New Frame / Magnificent Mndebele

Do Tricontinental

O dossiê nº. 53 do Instituo Tricontinental de Pesquisa Social, Esta terra é a terra de nossos ancestrais, foi lançado nesta terça-feira (7) e traz as perspectivas, experiências e vozes dos trabalhadores rurais sul-africanos sobre a questão da terra na África do Sul, analisando o papel dos agricultores brancos que há muito se beneficiam do trabalho dos trabalhadores agrícolas negros. O documento começa com um relato histórico da situação dos trabalhadores rurais, ao argumentar que aqueles que trabalham na terra merecem ser seus principais beneficiários, mas, em vez disso, foram excluídos dos lucros e da estabilidade da posse da terra por gerações.

Diante dessa realidade, o dossiê discute como seria uma agenda de reforma agrária que centralizasse as perspectivas e necessidades dos trabalhadores rurais. Este dossiê apresenta dois argumentos centrais. Em primeiro lugar, que uma das principais razões para a pobreza geracional duradoura dos trabalhadores rurais negros é a exploração de seu trabalho. Em segundo lugar, que aqueles que trabalham a terra merecem ser seus principais beneficiários.

As relações trabalhistas nas fazendas sul-africanas continuam a manter as desigualdades de raça, gênero e classe como elemento central do trabalho e da vida. Grandes agricultores mantêm ciclos de servidão que resultam na pobreza geracional de seus trabalhadores, desenvolvendo relações trabalhistas de extrema exploração, coagem seus funcionários a longas horas de trabalho manual e pagam baixíssimos salários. Paralelamente, esses trabalhadores rurais tornaram-se invisíveis nas estatísticas de terras e foram excluídos do debate sobre a questão agrária na África do Sul.

Essa relação de exploração é ainda reforçada pelos laços ancestrais destes trabalhadores rurais, já que seus ancestrais estão sepultados naquelas terras, carregando um grande significado espiritual para eles: ‘Não queremos deixar essas fazendas porque nossos pais e avós são enterrados aqui’, disse MaNkomo, um agricultor entrevistado para este dossiê.

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