Manifestaçoes Populares
Estudantes ocupam reitoria da UFGD contra ameaça de extinção da FAIND
Por Franklin Schmalz
Da Página do MST
Em mais um protesto pela manutenção dos cursos da Faculdade Intercultural Indígena da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o movimento estudantil do curso de Licenciatura em Educação do Campo, ocupou na manhã de hoje (09) a unidade 1 da universidade.
Os estudantes apresentam novamente suas reivindicações entre elas, a inclusão dos cursos da Faind na matriz Orçamento, Custeio e Capital (OCC) da universidade para que se garanta acesso e permanência, através de refeições, bolsas, material didático pedagógico, ciranda infantil e infraestrutura, que possibilidade que a Faculdade Intercultural Indígena possa estar presente nos territórios.
Outras demandas apresentadas são a construção de uma Casa de Alternância para os estudantes da faculdade e o custeio integral, por parte da UFGD, para todos os semestres, dos transportes, alimentação e alojamento, sem mais redução na jornada de estudos, como ocorreu no primeiro semestre de 2022.
O professor Arquimedes Gasparotto Junior, vice-reitor pró-tempore da UFGD, ouviu nesta manhã alguns representantes da Faculdade e do movimento que solicitaram o agendamento de uma reunião ainda para o dia de hoje. Apesar da declaração inicial do vice-reitor, de que a gestão não tem intenção de acabar com a FAIND e que é necessário um estudo técnico sobre o financiamento dos cursos, os estudantes criticam a reitoria da UFGD por falta de iniciativa com a pauta da faculdade.
O Prof. Lino Sanabria, reitor pró-tempore da UFGD, está em período de férias. O movimento estudantil também pede sua destituição do cargo. Lino já é o segundo interventor pró-tempere instituído por Bolsonaro na instituição, num processo de intervenção que completa três anos no próximo dia 11 de junho.
Durante o dia de hoje o movimento está organizando diversas atividades pedagógicas na ocupação como apresentações de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), aulas públicas, entre outras. O protesto não tem previsão de término e já conta com o apoio de outras organizações como o SINTEF, a ADUF, o ANDES-Regional Pantanal e o DCE da UFGD.
Como funciona a FAIND
A FAIND tem um regime de pedagogia de alternância, no qual os estudantes vão à universidade para etapas presenciais, que normalmente duram 15 dias, e realizam outras atividades de campo nas suas comunidades de origem. Para as etapas presenciais, é necessário alojamento, alimentação e transporte aos acadêmicos durante a estadia em Dourados. É principalmente para essas demandas que a faculdade tem sofrido com o estrangulamento orçamentário.
A FAIND tem formado profissionais da Educação para atuar em escolas indígenas e escolas do campo, em áreas como Ciências Humanas, Linguagens, Matemática ou Ciências da Natureza. A descontinuidade dos cursos deve desamparar comunidades inteiras, principalmente crianças e adolescentes, que dependem de educadores com formação específica para atuar em seus contextos e territórios.
Histórico
Desde abril de 2022, estudantes da Licenciatura Indígena Teko Arandu também protestaram com a mesma pauta e se reuniram com o reitor interventor pró-tempore da UFGD e apresentaram suas reivindicações. No entanto, a cobrança da comunidade acadêmica da FAIND por financiamento necessário para a manutenção da Faculdade não é recente. Já em 2016, o movimento estudantil da Leduc chegou a ocupar a reitoria da UFGD exigindo a continuidade do curso e a abertura de novo edital de vestibular, o que foi conquistado à época.
*Editado por Fernanda Alcântara