Nota Pública
Nota do MST sobre Manifesto de parte dos/as Professores/as da Faculdade de Veterinária da UFPel
Da Página do MST
É lamentável que nos dias de hoje ainda verificarmos, por parte de setores conservadores, o intenso preconceito com o povo brasileiro, em especial em relação às populações pobres do campo. Como não poderia ser diferente, estes setores, ideologicamente comprometidos com o status quo da classe média e da classe dominante, tentam modificar a realidade com a desculpa de defender a universidade pública.
Como é habitual, esta camada preconceituosa da sociedade mascara a realidade quando desconsidera que a terra no Brasil é controlada por apenas 1% dos estabelecimentos agrícolas; quando não aceita que 60% dos domicílios do campo vivem em estado de insegurança alimentar; quando não reconhece que a produção animal é concentrada em monopólios agroindustriais submetendo os/as trabalhadores/as que ali vendem sua força de trabalho a processos altamente espoliativos (vejam os casos da COVID nestes estabelecimentos), bem como submetem os/as camponeses/as a processos draconianos de integração vertical.
Por outro lado, não reconhece que o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) é uma política pública que estende a jovens oriundos de áreas de reforma agrária o direito de acessarem a universidade pública, bem como garante acesso a quilombolas e beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). E que este Programa só se constituiu devido a intensa luta e pressão política dos movimentos sociais do campo na década de 1990. Sem o protagonismo dos movimentos sociais, políticas públicas como o PRONERA não existiriam.
Uma parte dos professores/as divulgou manifesto questionando os encaminhamentos que garantiram a implantação da quarta turma Turma Especial de Medicina Veterinária (TEMV) na Universidade Federal de Pelotas. Tal manifesto tampouco reconhece que as turmas do PRONERA na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) formaram, neste período recente, os maiores contingentes de jovens veterinários/as, que apresentaram alto índice de aproveitamento acadêmico, indicando o grau de comprometimento destes/as jovens camponeses/as com a sua formação profissional.
Por fim, nem tudo é tristeza ou melancolia, como o manifesto tenta indicar. Com muita alegria, neste dia 1º de julho o MST estará formando 50 jovens de 14 estados brasileiros, educandos/as da terceira Turma Especial de Medicina Veterinária do PRONERA/UFPel, e certamente no segundo semestre iniciaremos a quinta Turma Especial.
Neste sentido, agradecemos as últimas gestões da Reitoria que muito se comprometeram em garantir o direito à educação para esta parcela marginalizada do campo. Como também agradecemos o conjunto de professores e professoras da UFPel, tanto da Faculdade de Veterinária quanto de outros Institutos e Faculdades, que nos apoiaram ao longo desta caminhada.
A UFPel, como as demais universidades públicas, tem sido fortemente atacada pelo atual governo, que também atuou para o desmonte das ações afirmativas e de políticas públicas de inclusão social, tais como o PRONERA. Mas os tempos são de mudanças graças às lutas e resistências do povo brasileiro. E certamente em 2023 vivenciaremos uma nova correlação de forças, varrendo para a lata do lixo da história este projeto nefasto, regressivo e conservador.
Luta, Construir Reforma Agrária Popular!
Pelotas, 10 de junho de 2022.
Direção Nacional do MST
*Editado por Solange Engelmann