Formação
Fundação Rosa Luxemburgo apoia cursos de formação do MST no estado de SP
Por María Julia Giménez/ Coletivo Estadual de Comunicação MST em São Paulo
Da Página do MST
Em junho, o Movimento de Trabalhadores Rurais no estado de São Paulo iniciou o projeto “Questão Agrária, crise agroambiental e práticas propositivas nos territórios de Reforma Agrária no estado de São Paulo”, em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo.
Organizado pelo Instituto Técnico de Ensino, Pesquisa e Extensão em Agroecologia “Laudenor de Souza”, o projeto propõe criar ciclos de debates formativos, abrangendo temas como a questão agrária brasileira, as consequências do avanço do agronegócio e as práticas propositivas das(os) assentadas(os) e acampadas (os), seja na produção de alimentos saudáveis, formas diversas para fazer frente à degradação ambiental e outras práticas de sociabilidade, em contexto de pandemia. A proposta contempla atividades em áreas de assentamentos e acampamentos localizados em dez regiões no estado de São Paulo, e prevê a participação de 300 agricultores e agricultoras. O período de realização do projeto é de junho e setembro desse ano.
O projeto se insere no Programa Clima que a Fundação Rosa Luxemburgo desenvolve na América Latina. Para Elis Soldatelli, responsável do programa, “o MST é um parceiro histórico da Fundação Rosa Luxemburgo. Entre os principais objetivos da Fundação Rosa Luxemburgo está promover a formação política e a critica social, sempre em conjunto com organizações e movimento sociais e políticos, tendo como pauta as questões feministas, antiracistas e antifascistas, ainda mais nesse momento que a gente vem atravessando, não só no Brasil, mas também a nível mundial de avanço da direita”, explicou em entrevista.
A Fundação Rosa Luxemburgo é uma instituição alemã sem fins lucrativos vinculada ao partido Die Linke (A Esquerda). Fundada no ano de 1990, em Berlim, e desde 2000, suas iniciativas de cooperação internacional e solidariedade contam com apoio do Ministério Federal de Cooperação Econômica e Desenvolvimento e do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, com escritórios em mais de 24 países, incluindo Brasil, quando abriu o escritório regional do Brasil e Cone Sul, na cidade de São Paulo em 2003.
Especificamente no Brasil e Paraguai, os eixos centrais são a defesa da democracia e dos direitos humanos, os direitos políticos e sociais, a críticas a modelos extrativistas, à transgenia e à mercantilização da natureza e da vida; e promover alternativas ao sistema capitalista, com o apoio a experiências coletivas e solidárias, bem como a divulgação de conceitos como Bem Viver e a luta contra o racismo e todas as opressões e por uma sociedade justa e livre.
“Nosso objetivo é fortalecer experiências mais capilares e territoriais, processo participativos, de formação em agroecológica, geração de energias renováveis, partindo da crise agroambiental e a denuncia ao racismo ambiental, evidenciado num modelo de desenvolvimento imposto de degradação que atinge principalmente às comunidades periféricas, mulheres negras, crianças, povos indígenas e tradicionais aprofundando as desigualdades estruturais que vivemos no Brasil. Nesse sentido, a gente vê as experiências junto ao MST como um aprendizado e uma possibilidade de compartilhar experiências transformadoras”, agregou Elis Soldatelli.
O projeto desenvolvido em parceria com o MST em São Paulo aborda dois eixos temáticos. O primeiro eixo trata da “Questão agrária e crise Agroambiental” orientado a assuntos como o uso da terra e situação atual da reforma agrária no Brasil; o capitalismo e destruição sistemática dos ecossistemas; a intensificação da produtividade do agronegócio, mineração e mudanças climáticas; a valoração do capital e interligação das consequências ambientais e questões étnico-racial.
O segundo eixo dirigido às “Práticas contra hegemônicas e propositivas”, como Reforma Agrária Popular e responsabilidade ambiental desde os territórios de assentamentos e acampamentos; a produção de alimentos, defesa ao direito à moradia, educação e saúde; a solidariedade de classe e as relações entre campo-cidade; a cultura Sem Terra; e construção de redes de cuidado coletivo.
Trata-se do quarto projeto que a Fundação Rosa Luxemburgo desenvolve no âmbito do programa regional de clima junto ao Instituto Laudenor de Souza. Diversas outras parcerias são realizadas em conjunto com o MST no estado de São Paulo, além de projetos desenvolvidos em outros estados e na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), apoiando encontros das educadoras e educadores, ações específicas como o concurso entre as escolas rurais do direito à literatura no campo e sobre a vida, obra e pensamento político de Rosa Luxemburgo.
Além disso, a Fundação Rosa Luxemburgo vem articulando junto com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e diversas organizações populares a realização do curso de extensão “Mulheres em defesa do território-corpo-terra”. O período do curso está previsto para 27 de junho a 12 de setembro, com encontros semanais e na modalidade virtual. Entre as organizações que compõem o coletivo de realização encontra-se a CPT, CIMI, Esplar, Instituto PACS, Instituto Terramar, Justiça nos trilhos, MMC, MST, SOF e GT Mulheres da ANA. Também tem sido convidadas a participar do curso as MIQCB, CONAQ, Comunidade do Horto (RJ), APIB, RBJA, Associação de Mulheres Grupo Bolo das Oliveiras (PB), Comunidade Surucuá (Santarém-PA), Escola Popular da Natureza, MAB.
Conheça algumas das parcerias desenvolvidas pela Fundação Rosa Luxemburgo junto ao MST no estado de São Paulo, como o curso de Formação Agroambiental em Territórios da Reforma Agrária no estado de São Paulo (2020) e do curso de Formação e assessoria técnica em alternativas socioeconômicas de produção, habitação e saúde ambiental (2021).
*Editado por Fernanda Alcântara