Arte e Cultura
Acampamento Marielle Vive! leva exposição fotográfica na Estação Cultura em Campinas
Por Sônia Fardin e Marília Fonseca
Da Página do MST
No dia 18 de Junho de 2022, o acampamento Marielle Vive! do MST, situado em Valinhos/SP, lançou a exposição “Agroecologia, trabalho, direito de existir: a luta das famílias do Acampamento Marielle Vive!” na Estação Cultura no Centro de Campinas/SP.
A ideia da exposição partiu da mostra realizada no acampamento no dia 14 de abril de 2022, data que marcou o aniversário de 4 anos de ocupação e uso coletivo do território. Nesta ocasião, o retorno da comunidade à proposta da exposição foi extremamente positiva, em especial pela possibilidade de ver valorizado seus esforços nesses 4 anos de organização, luta coletiva e produção agroecológica. Assim, o coletivo de comunicação seguiu articulando com muita dedicação, junto a vários parceiros e parceiras, o que culminou na exposição que pode ser vista por pelo público na Estação Cultura em Campinas até o dia 31 de julho de 2022.
Fazer exposições na área central de Campinas é fundamental na luta pela reforma agrária popular, e faz parte da missão da batalha das ideias por um mundo mais justo e eco responsável. Para construir esse mundo é também urgente debater e exercitar formas de comunicação participativas e comunitárias. Por isso, a exposição também busca cumprir a tarefa de colocar em pauta o direito à comunicação e memória coletiva, livre e com a cara da classe trabalhadora e camponesa.
Para Gerson Oliveira, da direção estadual do MST, “a exposição vem em um momento muito crítico da nossa política brasileira, já que no próximo dia 30 de junho se encerra a ADPF 828, que é a ação no STF que suspende os despejos durante o período da pandemia. Nós estamos em luta nesse momento para prorrogar por mais um período os efeitos dessa suspensão considerando o fato de que tivemos novas ondas de infecção recentes que vitimaram milhares de pessoas”.
Ele ressalta que o número de mortes diárias ultrapassa 160 vítimas diárias, ou seja, a pandemia ainda não acabou. “Os principais afetados por essa crise sanitária são os pobres, pretos, indígenas e os trabalhadores de modo geral das periferias que vivem nos acampamentos rurais. São 30 mil famílias no campo que estão ameaçadas de irem para as ruas, o que é muito grave e perigoso. É por isso necessário prorrogar a ADPF 828, pois milhares pessoas podem ir para ruas, passar fome e até mesmo ter de enfrentar a polícia na possível onda de despejo que pode ocorrer”, concluiu.
Marília Fonseca, do coletivo de comunicação estadual do MST, “o movimento não luta apenas por terra; luta pela transformação da sociedade através da Reforma Agrária Popular e Agroecologia e, para isso, precisamos levar a realidade da nossa luta a toda sociedade. Ocupar espaços centrais de arte e cultura nos meios urbanos é fortalecer a luta por um mundo melhor, é fortalecer o combate às fake news que visam deslegitimar a luta do MST, e, em nosso caso, da luta das famílias que ocupam, resistem e produzem no acampamento Marielle Vive.” Segundo ela, a construção destas ações têm tido a participação de muitas mãos, com muito trabalho, carinho e união de muitas pessoas, coletivos e grupos culturais que se envolveram.
As atividades que integram a mostra – vídeos, rodas de conversas, apresentações artísticas – buscam dialogar com toda a cidade e mostrar a realidade e a luta pela vida, pela produção de alimentação e relações saudáveis através da agroecologia e de valores comunitários pro campo e para a cidade. Ao todo todo, além das 78 fotos clicadas por mais de 15 fotografas(os) e acampadas(os) do território, maquetes, instalações, produções da juventude, barraco de lona aproximando o público da realidade da da luta do dia-a-dia.
*Editado por Fernanda Alcântara