Violência Politica
Polícia descarta motivação política em assassinato de Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu
Por Lia Bianchini
Brasil de Fato/PR*
A Polícia Civil do Paraná concluiu o inquérito que investiga o assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR). O autor, Jorge Guaranho, vai ser indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por causar “perigo comum” às outras pessoas que estavam na festa de aniversário onde aconteceu o crime.
Em coletiva de imprensa, a delegada chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Camila Cecconello, informou que não há provas suficientes para enquadrar o assassinato como crime de ódio por motivação política. A delegada explicou Guaranho foi até a festa para “provocar a vítima por razões políticas”, no entanto, quando ele volta e de fato comete o crime, não há como provar que havia premeditação do assassinato por divergências políticas.
“A gente analisa que quando ele [Guaranho] chegou no local, ele não tinha a intenção de provocar os disparos, ele tinha a intenção de provocar [a vítima]”, disse. “Não há provas suficientes de que ele [Guaranho] voltou porque queria cometer um crime contra pessoas em razão de um partido político. A gente tem o depoimento da esposa [de Guaranho], que diz que ele se sentiu humilhado, ofendido com o acirramento da discussão [com Marcelo Arruda]”, explicou a delegada.
Na noite do crime, Marcelo Arruda fazia uma festa de aniversário temática do PT. O policial penal Jorge Guaranho chegou ao local, segundo testemunhas, gritando palavras em alusão ao presidente Jair Bolsonaro. Arruda e Guaranho iniciaram uma discussão, que acabou com Marcelo atirando uma pedra contra o carro de Guaranho, que saiu do local. Momentos depois, Guaranho volta ao local da festa, já com arma em punho e dispara quatro vezes. Dois tiros acertam Arruda, que revida e atira 10 vezes. Quatro desses tiros acertaram Guaranho. O policial penal está internado, em estado grave.
A delegada Camila Cecconello confirmou que o autor e a vítima não se conheciam. Ela também explicou como Guaranho chegou até o local da festa. De acordo com a investigação, Guaranho estava em um churrasco durante o dia de sábado (9). Lá, ele ficou sabendo sobre a festa com temática do PT através de uma pessoa que tinha acesso às câmeras de segurança da associação onde ocorria o aniversário de Marcelo.
“[A testemunha que contou sobre a festa] tinha costume de acessar as câmeras porque o local é afastado. O autor dos fatos vê a imagem, não comenta nada, apenas pergunta onde está ocorrendo a festa, não comenta mais nada”, relatou Cecconello. A delegada descartou a hipótese de que Guaranho tenha ido ao local para “fazer ronda.” “Depoimentos nos levam a crer que ele foi no intuito de provocar a vítima”, disse.
A Polícia Civil ainda aguarda resultado de perícia no celular de Guaranho, que está em posse do Instituto de Criminalística. As provas obtidas serão juntadas ao processo posteriormente.
*Edição: Pedro Carrano/BDF