Cultura

Crianças Sem Terrinha visitam a exposição “Histórias Brasileiras”, no Museu de Arte de São Paulo (MASP)

Após lançamento, com a participação do MST, exposição segue disponível para visitação até o dia 30 de outubro
Para muitos do Sem Terrinha foi a primeira vez que pisaram em um museu ao visitar o acervo da exposição Histórias Brasileiras e o núcleo Retomadas. Foto: Maria Silva

Da Página do MST

O Museu de Arte de São Paulo (MASP), localizado na Avenida Paulista, em São Paulo, foi pintado com a alegria, curiosidade, gargalhadas e o vermelho das camisetas, bandeiras e bonés do MST empunhados pelas crianças Sem Terrinha, que visitaram o museu na última sexta-feira (16).

As crianças fazem parte da Ciranda Saci Pereira, localizada na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), e da Ciranda da Secretaria Nacional do MST. Para muitas ali presentes foi a primeira vez que pisaram os pés em um museu e a ocasião não poderia ser mais que especial: visitar o acervo da exposição Histórias Brasileiras e o núcleo Retomadas.

A exposição, como é enunciado pelo museu, conta histórias complexas, contraditórias, múltiplas, fragmentadas, incompletas e marca o ano em que se completam 200 anos da Independência do Brasil e os cem anos da Semana de Arte Moderna.

Histórias brasileiras é dividida em oito núcleos organizados por temas, cada um localizado em uma sala: quatro no primeiro andar do MASP, classificados como: Bandeiras e mapas; Paisagens e trópicos; Terra e território; Retomadas e quatro no primeiro subsolo: Retratos; Rebeliões e revoltas; Mitos e ritos; Festas. A exposição inclui mais de 400 objetos, como pinturas, desenhos, esculturas, fotografias, vídeos, instalações, jornais, revistas, livros, documentos, bandeiras e mapas.

Ela é organizada por 11 curadores, o que sublinha o caráter polifônico, com muitas vozes que constroem o projeto. Cada núcleo é curado por uma dupla de curadores. O núcleo “Retomadas”, que inclui obras relacionadas ao MST, contou com a curadoria de Sandra Benites e Clarissa Diniz. Para elas, o núcleo significa “tomar de volta o que foi roubado pela colonização”, como o pleno direito a habitar e de pertencer aos seus territórios e seus modos de ser, de viver e de pensar.

As crianças ficaram encantadas e se divertiram na visita. Fotos: Yuri Gringo

Impressões

Maria Júlia, de 11 anos, ficou encantada com a visitação e ela afirmou que foi divertido todo o processo. “A gente está conseguindo ver algumas telas que a gente não conhecia e outras, a gente conhecia antes, mas ver ao vivo é bem legal. Parece que os artistas colocaram o peso deles nelas. É como se eles se expressassem através da arte em vez de palavras”.

Sobre a participação do MST no núcleo “Retomadas”, ela explica que o “MST está aqui porque ele faz parte de um movimento no combate à fome”.

Samuel, também conhecido como Samuka, também é uma das crianças Sem Terrinha que participou da visitação. Ele conta que conseguiu ver bastante coisas: “vários quadros, várias artes que falam do MST e de coisas que o MST fez. Gostei bastante!”. Entre as obras expostas, ele gostou do quadro da Madame Satan: “porque eu achei ele um quadro bonito e aprendi bastante da história dela. Agora eu sei que ela foi uma drag”.

A visitação das crianças Sem Terrinha faz parte de uma agenda de ações que o MST tem realizado a partir da exposição no MASP, com o “Retomadas” e o filme “Fala da Terra”. Elane, uma das educadoras infantis do MST na ENFF, acompanhou a visitação com as crianças. Ela fala sobre a importância das crianças estarem se conectando com as obras, as histórias e aprendendo muito com a visitação, “adquirindo mais conhecimento”.

“Para as crianças terem acesso a esse espaço é muito difícil. A logística para trazer elas para cá, foi tudo muito pensado e planejado, porque a gente queria muito trazer elas, para que pudessem viver na prática todo esse momento e o resultado está sendo bem bacana.”

“As crianças ao olharem para cada quadro, se deparam com uma realidade diferente e é muito bonito ver elas assistindo os vídeos e escutá-las dizendo: ‘é muito legal, porque isso eu não sabia antes!’. Aqui elas estão tendo acesso a tudo que elas já escutaram falar um dia, hoje elas estão vendo na prática. Sabemos que elas vão levar para vida essa visita. Vão crescer e vão lembrar desse momento”, conclui Elane.

Aberto para visitação

A exposição fica em cartaz até o dia 30 de outubro e a entrada é gratuita, nas terças e quintas de cada semana.

*Editado por Solange Engelmann