Educação do Campo
Escola do MST no Paraná é selecionada em premiação nacional
Por Comunicação e Cultura MST PR
Da Página do MST
A Escola do Campo Cândida Oliveira Luz, localizada no acampamento Porto Pinheiro, em Porto Barreiro, região centro do Paraná, se tornou finalista no 6º Prêmio Territórios Tomie Ohtake Escolas Premiadas. A escola ficou entre os dez melhores projetos de inovações pedagógicas em nível de Brasil, sendo que este foi um projeto que abrangeu diversas escolas.
O projeto indicação para premiação vai trabalhar dentro da concepção de Educação do Campo do MST, em que a escola não é apenas um trabalho de sala de aula, ela vai além dos muros imaginários que separam a escola da vida e que abrangem os saberes e conhecimentos da comunidade, então isso também é objeto de estudo.
“Para nós, só o fato de uma Escola do Campo, uma escola multisseriada, uma escola velha de madeira que muitas pessoas olham e falam ‘como é que vocês conseguem trabalhar aí dentro?’. Estar entre os dez melhores projetos do Brasil já é motivo de orgulho. Então nos consideramos vitoriosos pelo fato de estarmos selecionados entre os dez melhores projetos”, comentou René Rigon, professor na escola.
O projeto tem foco na exploração da fauna local e no resgate das histórias de vidas das famílias, colocando as famílias como sujeitos que constroem a comunidade. No dia 3 de outubro a escola irá receber três cineastas do Instituto Tomie Ohtake que irão fazer o documentário, com o objetivo de mostrar a escola, seu projeto e também a relação da escola com a vida em comunidade. Famílias Sem Terra irão evidenciar que além da educação de qualidade, o acesso à terra possibilita a construção de uma vida com dignidade, com moradia, renda e alimentação saudável na mesa.
O fechamento do projeto está marcado para o dia 17 de dezembro em São Paulo, em um evento em que esses documentários serão apresentados e de lá sairá a classificação de qual entre os dez projetos de inovações pedagógicas será o premiado.
A iniciativa foi idealizada e coordenada pelo Instituto Tomie Ohtake com patrocínio da Innova e do grupo GPS, em parceria com a Kapitalo Investimentos, em parceria técnica com o Centro de Referências em Educação Integral e Associação Cidade Escola Aprendiz e conta com apoio do Itaú Social e da Estácio.
História
O acampamento Porto Pinheiro, teve inicio no dia 01 de setembro de 1998, no dia 30, do mesmo mês, as famílias deram início às atividades escolares, organizando a Escola do Campo Cândia Oliveira Luz. Há 24 anos a Escola cuida da educação das crianças Sem Terrinhas acampadas, aplicando a proposta pedagógica defendida pelo MST.
“Sou Sem Terra raíz mesmo, faço parte da ocupação desde o começo e me tornei professor por necessidade, e dentro disso assumi as responsabilidades da educação. Com isso continuei meus estudos, fiz pedagogia na segunda turma da Unicentro [Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná] em Laranjeiras do Sul, e posteriormente fiz Licenciatura em Educação no Campo no convênio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). Então a história da escola, é uma história de resistência, então nós não temos um prédio físico adequado, nem um suporte do poder público, mas temos o apoio da comunidade para manter a escola!”, comentou René Rigon, professor na escola.
Para a escola resistir e continuar resistindo no campo, buscou mostrar o seu trabalho realizando inúmeros projetos para que conseguisse recursos para melhorar sua estrutura e também manter o trabalho dos professores com qualidade para as crianças. A escola tem uma concepção de que ela não é um meio de fazer dinheiro, nunca pediu lista de materiais, fez rifa ou vaquinha para se manter, mas sempre buscou parcerias e projetos, trabalhando com aquilo que tem, buscando construir um processo de educação. Com esses projetos a escola já conseguiu muita coisa, como o parque infantil, reforma da escola, rede de água e irrigação da horta, auxílio de banco para adquirir bens tecnológicos, brinquedos, acervos, jogos para educação física e livros de literatura infantil e infantojuvenil para dar suporte para a escola.
Embora, após 24 anos de ocupação a área ainda segue em disputa, e as famílias continuam resistindo e lutando pela efetivação do assentamento. Além de construir uma educação emancipadora para as crianças, as famílias produzem uma diversidade de alimentos para subsistência, geração de renda e também para partilhar nas ações de solidariedade do MST.
*Editado por Solange Engelmann