MST nas Eleições

Conheça Valdir do MST, que concorre a deputado federal em Goiás

O candidato do MST é mestre em Geografia e agricultor. Ele defende a agroecologia como o sistema de produção para garantir o futuro da humanidade
Valdir do MST, agricultor e dirigente do MST , que concorre a deputado federal em Goiás. Foto: Arquivo pessoal

Da Página do MST

Mestre em Geografia, agricultor e dirigente do Movimento Sem Terra, Valdir (52) iniciou a sua atuação política ainda jovem, tendo se filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) no fim dos anos 80 e atuado como liderança sindical em Alpestre, Rio Grande do Sul, onde nasceu. Passou a integrar o MST em 1990, sendo conhecido popularmente como Valdir do MST por sua atuação pelo Movimento, a qual contribuiu para que mais de 20 mil famílias acessem a terra e, segundo ele próprio, foi “o que deu sentido à sua vida”.

História no Assentamento Canudos

Ele mudou-se para Goiás em 1999 e, como dirigente do Movimento no estado, participou da terceira ocupação na área onde hoje é o assentamento Canudos. Mas, à época, era um latifúndio chamado fazenda Palmeiras. Com extensão de 12.757 hectares, a terra pertencia à família de Colemar Rezende, que, nos anos 90, foi presidente da União Democrática Ruralista (UDR). A entidade nasce da reação organizada e violenta dos grandes proprietários de terras aos movimentos populares do campo que defendiam a reforma agrária.

Agroecologia como prática de vida

O assentado produz mais de 130 tipos de alimentos saudáveis de forma agroecológica, sem uso de agrotóxicos. Foto: Arquivo pessoal

Assentado em Canudos, na área correspondente ao município de Palmeiras de Goiás (GO), Valdir entende que “não haverá futuro para a espécie humana sem a agroecologia”. E, por isso, produz mais de 130 tipos de alimentos saudáveis em sua unidade de produção agroecológica batizada de Colmeia, com o suporte da Comunidade que Sustenta a Agricultura Art. 5º, projeto que promove a distribuição dos alimentos produzidos, inclusive na forma de doações, e combate a noção de mercadoria sobre a comida.

Segundo Valdir, “A agroecologia é uma opção e projeto para uma vida toda. Nela, não há hierarquia de espécies, não há pragas, nem se tira ou extermina espécies; cada espécie cumpre uma função”. Entendendo a agroecologia não como negócio, mas como projeto, Valdir afirma que “quem pratica agroecologia potencializa todas as formas de vida, diferentemente do agronegócio, cujos impactos ambientais desastrosos já são claramente notáveis”.

Trajetória no MST e criminalização como dirigente do Movimento

Valdir afirma que o Movimento Sem Terra tem três objetivos principais: organizar a luta pela terra, lutar pela Reforma Agrária Popular e transformar a sociedade, superando o capitalismo. Com base nesses objetivos, o dirigente contribuiu principalmente na Frente de Luta pela Terra do Movimento, atuando no trabalho de base e contribuindo para que milhares de famílias acessem a terra.

Assim como Lula, Valdir foi por duas vezes vítima da criminalização, sendo a primeira assim que chegou em Goiás, em 1999, por ter participado da ocupação em Canudos. E a segunda em 2016, quando sofreu um duro processo de criminalização política que o privou da liberdade por seis meses. Com esse episódio, Valdir foi o primeiro dirigente de um movimento social enquadrado na lei antiterrorismo, caso que foi amplamente denunciado, nacional e internacionalmente, até que a sua inocência fosse, enfim, reconhecida pela Justiça, em um contexto de forte pressão popular pela absolvição.

Participação no processo eleitoral

Foto: Arquivo pessoal

Em 2018, Valdir recebeu o convite do PT para participar do processo eleitoral, mas, impedido pela situação jurídica causada pela criminalização dos movimentos sociais, declinou. Contribuiu, contudo, na elaboração do Plano de Agricultura da campanha do PT ao governo do estado e no Plano Agrário do então candidato a presidente da República, Fernando Haddad.

Nestas eleições de 2022, o MST, em decisão inédita, escolheu participar do processo eleitoral, postulando Valdir como o primeiro candidato a deputado federal pelo MST no estado de Goiás. Para representar um projeto substantivo para a classe trabalhadora do campo e da cidade, a construção desta candidatura está em andamento envolvendo o MST, o PT e o conjunto de movimentos e entidades do campo em Goiás, somados aos movimentos por Direitos Humanos, sindicais e de luta por moradia e trabalho, além de igrejas e ambientes acadêmicos.

Valdir considera que a sua candidatura está alinhada ao entendimento do ex-presidente Lula, de que é necessário renovar o Parlamento Federal: “Represento esse projeto dos movimentos populares por entender que é importante mudar o perfil do Congresso Nacional, que é importante ter gente que possa defender bandeiras que hoje estão sem representação no Congresso”, conclui.

Serviço

Para mais informações acesse as redes sociais do candidato: @valdirdomst no Instagram, Tiktok, Twitter e Facebook

*Editado por Solange Engelmann