Arte e Cultura
Festival “A Esperança vai Vencer o Medo” encerra com balanço positivo sobre eleições de 2022
Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
A arte e cultura são raios de esperança tecendo o amanhã, principalmente este ano em que temos a promessa de que que a esperança vai vencer o medo. Fazendo parte da agenda do Mutirão dos Comitês Populares, o Festival de Política e Cultura “A esperança vai vencer o medo” foi um marco para aqueles que encararam a batalha contra o discurso de ódio, reunindo centenas de pessoas para atos a favor da vida, da democracia e dos direitos fundamentais, que vem sendo retirados nos últimos anos.
Jessy Dayane, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude e uma das organizadoras do projeto, conta que a ideia da realização do festival surgiu a partir de uma discussão de reunião, de planejamento, de pensar propostas de iniciativas dos Comitês Populares de Luta.
A primeira edição do festival contou com várias atividades realizadas entre os dias 25 e 30 de julho em São Paulo. Começando com o ensaio aberto do bloco “Vem Com Lula”, que aconteceu na segunda à noite, na Praça Olavo Bilac, e culminando em um almoço de comemoração dos 6 anos do Armazém do Campo de São Paulo.
O festival tinha um pouco esse intuito de criar um movimento de cultura e política que conseguisse unificar diversos setores. Foi uma semana de programação, com debates que aconteceram no Largo da Santa Cecília, no Armazém do Campo e outras várias atividades, oficinas, enfim, com diversas linguagens para debater temas com a sociedade”, afirmou Jessy.
Segundo Jessy, toda a construção do festival foi feita de forma aberta, livre para cada um propor o que queria refletir e debater, além de “produzir um momento de mobilização ampla das pessoas”. Nestes espaços, foi possível reunir pessoas de diversos setores para dar um recado único de defesa da democracia. “Precisávamos intensificar a mobilização para esse processo eleitoral, que é a eleição das nossas vidas e que não dá mais pra gente tolerar intolerância e o ódio, a miséria e toda essa desgraceira que veio com o governo Bolsonaro.”
Imagens do I Festival de Política e Cultura aconteceu em julho deste ano. Foto: Emilly Firmino, Junior Lima e Guilherme “Frodu” Gandolfi
Nas três edições do Festival de Política e Cultura “A esperança vai vencer o medo” reuniu coletivos, artistas, movimentos populares e culturais que somaram forças em defesa da candidatura do Lula e contra o governo Bolsonaro. As atividades ocuparam o Centro da cidade, somando ações dos diversos grupos da região, que vão desde formação e debates, ações de solidariedade, festas, e claro, muita cultura e arte para os tempos sombrios.
A partir da primeira edição, os laços foram se concretizando e foram realizados mais dois Festivais, desta vez na Ocupação 9 de Julho, também no Centro de São Paulo. Se a primeira edição do Festival reuniu 5 mil pessoas, dobrou de público em sua segunda edição. “A três edições foram bem importantes porque elas foram ampliando. O segundo foi maior que o primeiro, e o terceiro foi maior que o segundo. E isso significa que o festival colocou em movimento muita gente, principalmente àquelas que sabem que já tem lado e tem posição. Porque o festival tem demarcado isso, que temos um lado nesse processo de disputa e que a esperança vai vencer o medo.”
Nesta junção entre política, cultura e gastronomia, o público que passou pelo festival pode experimentar pratos e bebidas feitas pelos integrantes dos Bares pela Democracia, projeto que reúne 60 estabelecimentos paulistanos. Também venda de artigos de luta, com banquinhas de roupas, acessórios e publicações.
Bares pela democracia
A ideia de unir os bares que apoiam as candidaturas progressistas partiu do Armazém do Campo, conta Kátia Lyra, da coordenação do projeto Bares pela Democracia. “Na sequência [da primeira edição], fomos reunindo as ideias de criar um grupo desses bares que já estavam envolvidos e que já são parceiros do armazém de alguma maneira, e criar essa rede para se fortalecer, para a gente poder criar um espaço de divulgar tanto essa rede de bares progressistas quanto criar esse espaço conjunto em formato de um festival de cultura e política.”
Segundo Lyra, o objetivo foi abrir um campo amplo e democrático para levar propostas de candidaturas de esquerda, em defesa da campanha do Lula. “E essa é a maneira que a gente sabe fazer, que é produzindo cultura e ao mesmo tempo podendo comercializar e, consequentemente, ajudar os bares no meio desse caos que está a pandemia e governo Bolsonaro. É um momento onde a maioria dos pequenos e microempresários estão muito endividados, então é uma tarefa que tem muita força de trabalho e de organização, com bastante gente envolvida, com ativismo”, explica.
Neste sentido, Lyra destaca também os desafios que a pandemia e o descaso do governo com a população: “as medidas que foram tomadas, na verdade, são medidas que agora fazem com que a maioria esteja mais ainda endividada, além de ser com os bancos, com o tipo de financiamento de empréstimo que houve como proposta do governo. Além disso, há a insegurança que a gente vem vivendo, sendo bares que se posicionam politicamente, que abrem espaço para esse diálogo político e cultural.”
Lyra conclui falando do combate cunho fascista do bolsonarismo. “Essa questão do Bolsonaro não envolve só a política; no macro, ela envolve também o público. Temos de um lado toda essa relação que a gente vem tentando firmar e fortalecer entre os bares, e do outro lado a gente tem muita, muita gente reacionária em volta, e que muitas vezes impede a gente de trabalhar certas questões até com os nossos próximos”.
Balanço do festival
Não há dúvidas de que estas eleições estão sendo realizadas em um momento difícil, com muitas ameaças à democracia e ao Estado de Direito. O momento é triste e dolorido, diante dos 700 mil mortos pela Covid-19, o retorno do Brasil ao mapa da fome e uma crise econômica e ambiental que tem crescido vertiginosamente. E por isso, ações como o Festival tiveram tanto êxito.
“O festival tinha esse papel de juntar as pessoas e produzir um momento de confraternização, de fortalecimento. Essa eleição tem muita esperança envolvida, porque temos muita chance de levar, mas também é uma eleição muito dura, com diversos fatos e violência política que deixam as pessoas com medo de ir para as ruas com o seu adesivo com sua camisa vermelha”, lembra Jessy.
Para Kátia Lyra, o evento cumpriu sua meta de unir forças e unir ideias de pessoas que realmente acreditam e atuam numa tentativa de mudança e de resistência. “Eu sempre fico muito emocionada e me sinto muito fortalecida em estar do lado de quem anseia um lugar melhor e de quem caminha na mesma direção”.
III Festival “A Esperança Vai Vencer o Medo”. Fotos: Junior Lima (@xuniorl)
Jessy conclui destacando o poder da mobilização e o saldo positivo de transmitir a mensagem que a esperança vai vencer nesta fase final. “A gente sempre tinha banquinha dos comitês populares, pegando o contato da galera para se organizar em comitês, muito adesivo, muito material de campanha para que as pessoas pudessem levar para casa e se engajar nesse último período”.
E completa com o recado final da última edição: “nessa última semana, na reta final, todo mundo tem que virar voto; tem que entrar em contato com amigos, familiares, colegas, conhecidos, tem que convencer as pessoas a votarem em Lula no primeiro turno para a gente ganhar de primeira”.
*Editado por Wesley Lima