Agrotóxicos
Contaminação por agrotóxicos cresce 161,3% no país em 2022, diz CPT
Do Brasil de Fato
A contaminação por agrotóxicos aumentou 161,3% nos seis primeiros meses deste ano, em todo o país, na comparação entre o mesmo período de 2021. É o que informa a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que monitora conflitos no campo brasileiro.
Nos cálculos da entidade, 5.637 famílias assentadas ou acampadas foram afetadas pelo contato com venenos agrícolas. A rubrica “Contaminação por agrotóxicos” foi incluída no levantamento a partir de 2019 e, segundo a CPT, atinge hoje um total de famílias 376,5% maior do que na primeira pesquisa.
Um caso típico é o do assentamento Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa Rita, município da região metropolitana de Porto Alegre. O assentamento faz divisa com a Granja Nenê, que usa pulverização aérea de agrotóxicos em suas lavouras. Os assentados já tiveram que descartar 70% a 100% de sua produção por conta da contaminação. E a certificação de produção orgânica de seus alimentos também foi perdida.
Atentado à saúde das comunidades
Nota a CPT que o conflito ocorre desde 2020. Mesmo com a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), de 2021, proibindo as fazendas da região de pulverizar agrotóxicos, e com a lei municipal 1.680/21 sancionada pela prefeitura local determinando o mesmo, “as famílias do Santa Rita de Cássia II seguem sendo vítimas desse tipo de crime”.
“O aumento dos conflitos por contaminação por agrotóxicos, além de atentar diretamente contra a saúde dos povos e comunidades do campo, ocasiona também a contaminação das águas e dos alimentos saudáveis que abastecem as mesas da sociedade brasileira”, diz a CPT.
Mais de 113 mil famílias afetadas
No primeiro semestre deste ano, a Comissão registrou 759 ocorrências de conflitos no campo no país, envolvendo 113.654 famílias. Os números correspondem a 601 ocorrências de conflitos por terra, 105 de conflitos pela água, 42 de conflitos trabalhistas, sendo 41 casos de trabalho escravo, 10 de conflitos em tempos de seca e uma de conflito em área de garimpo.
A Amazônia Legal responde por mais da metade do total de casos no período. Além disso, em 2022, até agora, a CPT enumera 33 assassinatos, sendo 25 somente no primeiro semestre. Cinco mulheres foram assassinadas, maior número registrado desde 2016.
Edição: Marcelo Ferreira