Sem Água

Bolsonaro corta água potável para 1,6 milhão no semiárido nordestino

O corte de recursos na operação Carro-Pipa ocorreu logo após o segundo turno da eleição em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado
Foto: Divulgação/Alex Pimental/Diário do Nordeste

Por Ninja

A operação Carro-Pipa, do governo federal, teve os recursos cortados neste mês, levando os caminhões a pararem o fornecimento do produto a moradores do interior no Nordeste. O desabastecimento afeta cerca de 1,6 milhão de pessoas no semiárido nordestino com paralisação do serviço de carro-pipa, que leva água potável às famílias há 20 anos.

A coluna de Carlos Madeiro no UOL apurou que o primeiro estado a ter o abastecimento suspenso, logo no início do mês, foi Alagoas. Já em Pernambuco, Paraíba e Bahia, a paralisação foi informada apenas na quinzena final de novembro, assim como vem ocorrendo nos demais estados, com os caminhões deixando de prestar o serviço à população.

O corte de recursos ocorreu logo após o segundo turno da eleição, no dia 30 de outubro, em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado e pegou as Defesas Civis, pipeiros e moradores de surpresa. Pela regra, cada família tem direito a 20 litros de água por dia a cada integrante assistido. Ou seja, se a casa tem cinco moradores, são 100 litros diários. Eles já relatam prejuízos.

Só em Pernambuco são 529 mil moradores de 105 cidades que estão aptos para receber água da operação. Em Ouricuri, são 19 mil pessoas atendidas, o maior número de beneficiários do estado.

A suspensão causou repulsa por parlamentares nas redes. O deputado federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Orlando Silva (PT), chamou Bolsonaro de “pai da fome e mãe da sede”.

Em entrevista ao UOL, a deputada federal de Pernambuco, Marília Arraes (Solidariedade), declarou que este serviço é “questão de sobrevivência para o povo nordestino”. Em sua conta no Twitter, ela chamou o corte de verba para a operação carro-pipa como “escárnio”.

Caos no governo Bolsonaro

A operação Carro-Pipa é financiada com recursos do Exército Brasileiro em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Ambos confirmaram à coluna de Carlos Madeiro no UOL que a suspensão ocorreu por falta de verbas para continuidade. O MDR diz que alertou o Ministério da Economia sobre a falta de recursos, sem retorno.

O UOL teve acesso a um documento do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado, com sede em Petrolina (PE), endereçado a Defesas Civis de municípios de Pernambuco e Bahia.

No documento do dia 14, assinado pelo coronel Paulo Francisco Matheus de Oliveira, o Exército informa que “o recebimento parcial de recursos financeiros para atender a execução do serviço será somente para até o dia 15 de novembro corrente”.

Com informações do UOL e Revista Fórum