Novembro Negro
Assembleia do MST traz estudo e debate sobre a luta antirracista e a Reforma Agrária Popular
Da Página do MST
Um domingo de luta, alegria e reflexão sobre a questão racial no Brasil em diferentes níveis. Este foi o tom da Assembleia Pretxs: Plenária das pretas e pretos do MST, realizada no último domingo (27). Apresentada por Rosa Negra e Gerson e organizada pelo Coletivo Terra, Raça e Classe, a assembleia foi importante espaço de diálogo sobre luta, resistência e as demandas do povo preto para o próximo período.
A animação ficou por conta de apresentações musicais de Raumi, e posteriormente com Pereira da Viola, Raul Amorim e Guê Oliveira, que cantaram a valorização da beleza e africanidade nas populações negra. A partir deste primeiro momento artístico, outras participações também abrilhantaram este momento como Regina Lúcia Santos, do Movimento Negro Unificado (MNU) de São Paulo, que abriu o momento de reflexões.
Marina dos Santos, deputada federal eleita pelo Rio de Janeiro, também agradeceu lembrando do marco dos 40 anos do MST. Em seguida, a venezuelana Carmen Navas Reyes, Diretora de Movimentos Sociais do Ministério de Comunas e Diretora Executiva do Instituto Simón Bolívarfalou, falou sobre os desafios desta questão, trazendo uma visão latino-americana sobre o tema.
“A luta do Movimento Negro é também a luta do Movimento Sem Terra”, lembrou Divina Lopes, do MST no Maranhão, que participou com uma fala potente para a reflexão de mais fôlego. Luís Pasquetti, Chocolate, Raumi e Liu, do MST na Bahia, também realizam depoimentos sobre a importância deste momento e em discutir estas questões da resistência negra, deste povo que historicamente é deixado de lado e negligenciado.
“Gostaria de dizer o quão extraordinário é essa assembleia dos pretos e pretas do MST. Nos encontrar fortalece nossos laços de irmandade que vem de longe, de uma ancestralidade da resistência, como bem disse Divina, nos inspira a seguir nosso caminho na luta por conquistar tudo aquilo que historicamente foi negado: da terra, à educação, a cultura e a vida digna”, disse Ayala Ferreira, do Setor de Direitos Humanos do MST.
Douglas Belchior, que hoje compõe a equipe de transição do presidente eleito Lula, fez um breve resgate das alianças do movimento negro e como essas demandas passam pela questão da terra. “Hoje temos reivindicado pela CONAQ [Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos] quase 6 mil territórios de quilombolas, quase metade na Amazônia legal, mas muitas vezes a questão racial não passa pelo clima. Neste momento de transição, tem sido fundamental nossa posição que a luta antirracista tem que entrar em todos os ministérios, como formulação de todas as políticas, afinal, todo esse novo governo busca resolver a questão da população, que é de maioria negra”, afirmou.
“Não podemos fugir, e temos que estar presente nos debates raciais que a esquerda deve pautar no próximo período”, lembrou João Paulo Rodrigues, que fez uma fala pontuando também os desafios do MST na construção das lutas de 2023.
Confira a assembleia completa:
*Editado por Solange Engelmann