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Ato político marca Encontro Estadual do MST no DF e Entorno

Atividade destacou a atuação das organizações populares em defesa da democracia e apontou para a necessidade de organização e unidade no governo Lula
Na abertura do Ato, foi plantada uma muda de baobá no local, que simboliza a resiliência vital e a ancestralidade da memória viva. Fotos: MST-DFE

Por Janelson Ferreira
Da Página do MST

Na tarde do último sábado (14), diversas organizações populares participaram de um Ato Político durante o 23º Encontro Estadual do MST no DF e Entorno. O ato foi realizado no Centro de Educação Popular e Agroecologia Gabriela Monteiro, em Brazlândia, DF, e buscou destacar a atuação das organizações em defesa da democracia e apontar a necessidade de organização e unidade no governo Lula.

Na abertura do Ato, foi plantada uma muda de baobá no local. A muda, que veio de Pernambuco, simboliza a resiliência vital e a ancestralidade da memória viva, que pode ser extrapolada para todos os movimentos sociais de resistência. A espécie também representa a africanidade, sua origem e raízes.

Adonilton Rodrigues, da direção nacional do MST, agradeceu a presença de cada representante. “Passamos por um período muito difícil, mas agora vamos precisar de toda nossa capacidade de organização e unidade para avançarmos com nosso projeto e derrotarmos o fascismo”, afirmou o dirigente.

“O MST sustentou a gente neste período”

Madalena Torres, do Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (Mopocem), resgatou o conceito de “inédito viável”, usado por Paulo Freire em suas obras. “Neste período, lembremos deste inédito viável, que é justamente quando nos vemos em uma situação limite, mas, mesmo assim, conseguimos avançar”, explicou.

Para Torres, a possibilidade de superar os últimos governos conservadores do Brasil passou pela resistência do MST. “O MST sustentou a gente neste período”, afirmou. “O esperançar, que Paulo Freire apresenta em suas obras, não é sobre ficarmos esperando, mas resistirmos e lutarmos”, lembrou Torres.

“MST foi um guia para superarmos o golpe contra a Presidenta Dilma, a prisão de Lula e a pandemia”, destacou Camila Gomes, da Terra de Direitos.

Ao destacar a importância do MST na resistência ao fascismo, Fábio Miranda, representando o Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), apontou a importância de se ter uma classe trabalhadora organizada no Distrito Federal para enfrentar o golpismo. “Temos um chamado para nos mantermos juntos, pois o MST forte significa uma classe trabalhadora forte”, destacou Miranda. 

Organização e unidade durante governo Lula

“Há anos estamos sendo reprimidos, em um processo de crescimento do fascismo na sociedade”, lembrou Jarbas Vieira, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM). “Os segmentos bolsonaristas não aceitaram a vitória de Lula e não vão parar com suas ofensivas”, refletiu Nelson Moreira, do PT da Ceilândia e representante do mandato do Deputado Distrital Chico Vigilante (PT). Para Moreira, este é um dos motivos da necessidade das organizações populares mostrarem firmeza e não baixarem a guarda.

Segundo Torres, a possibilidade de superar os últimos governos conservadores do Brasil passou pela resistência do MST. Foto: MST-DFE

Rodrigo Rodrigues, da Central Única dos trabalhadores (CUT), destacou a necessidade de unidade e organização para defender as bandeiras populares no governo Lula. “O empresariado vai pressionar, o agronegócio vai pressionar. Temos muito o que celebrar, mas temos também que cumprir nosso papel enquanto movimentos populares”, afirmou Rodrigues.

No mesmo sentido, Alani Luiza, da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (RENAP), frisou a intensidade das lutas deste período. “Estamos em um período de disputa, do qual precisamos continuar nas ruas”, disse.

Desafios das organizações também foram tema

“Temos muitas perspectivas para este ano”, disse Taísa Magalhães, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). A militante aponta que a luta das mulheres que ocorrerá no mês de março é fundamental para que a pauta delas ganhe mais legitimidade diante do governo. “Na nossa luta, temos que lembrar que a cidade não vive sem os cuidados do campo”, apontou Magalhães.

Dentre os desafios do período, Lucas Ladeira, do Levante Popular da Juventude, apontou a centralidade da disputa ideológica. “Que possamos disputar as cabeças e corações da população brasileira”, afirmou Ladeira.

“Aqui no DF devemos reforçar o processo de luta contra a grilagem e o latifúndio”, destacou Giovane Silva, do PT-DF, que também representou o mandato do Deputado Distrital Gabriel Magno (PT). De acordo com Silva, é necessário também se avançar na luta contra o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) e sua política de desmonte de políticas públicas.

Representantes das organizações e movimentos populares reforçaram preocupação em manter a unidade e resistência na luta contra o fascismo. Foto: MST-DFE

Universidade popular também esteve em pauta

“Hoje, na UnB, é possível materializarmos a universidade de Darcy Ribeiro, voltada à discussão dos grandes problemas do país”, afirmou Luiz Antônio Pasquetti, da Universidade de Brasília, campus Planaltina. Contudo, Pasquetti também lembrou que o governo Bolsonaro combateu este projeto de Universidade. “Temos o desafio de voltar a encher a universidade de estudantes da classe trabalhadora”, destacou.

Nelson Inocêncio, vice-presidente da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), apontou que a universidade segue sendo um campo de disputa. “As questões políticas precisam ser debatidas e precisamos ampliar a presença dos trabalhadores rurais na universidade pública, disse Inocêncio. “Continuamos na defesa de uma universidade pública, gratuita, democrática, laica e socialmente referenciada”, finalizou.

Desafios do MST para o próximo período

Iniciado na última sexta-feira (13), o 23º Encontro Estadual do MST no DF e Entornou seguiu até o domingo (15), com o objetivo principal em debater os desafios do Movimento para o próximo período, frente ao novo governo Lula. Além de buscar fortalecer a organização do MST, para avançar na luta popular no Distrito Federal e regiões entorno.

*Editado por Solange Engelmann