Violência no Campo
Na Bahia, famílias acampadas sofrem ameaças com armas de fogo de seguranças da CODEVASF
Por Coletivo de Comunicação do MST na BA
Da Página do MST
Desde o dia 18/02, cerca de 500 famílias ocupam parte do perímetro irrigado, no município de Casa Nova/BA, regional norte baiano. A área do novo acampamento, batizado de Francisco da Silva, equivale a um total de 1.600 hectares de terra pública e faz parte do Distrito de Irrigação Nilo Coelho (DINC), administrado pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF).
E desde a ocupação, as famílias vêm sofrendo diversas ameaças e pressões psicológicas causadas principalmente pela equipe de segurança armada do DINC. As famílias relatam que durante a madrugada desta quarta-feira (15), a equipe de segurança armada cortou a energia que atende o acampamento e disparou tiros contra as famílias no acampamento, gerando medo nas crianças que estão no local.
Outras denúncias feitas pelas famílias Sem Terra são sobre o furto de uma bomba de água de pequeno porte, colocada pelas famílias, para consumo humano e preparo das refeições. Ela não servia para produção que foi levada pela equipe de segurança, e fato são os drones que diariamente sobrevoam o acampamento, filmando e fotografando os trabalhadores camponeses.
Todas as ações de ameaça, são na tentativa de amedrontar e coagir as famílias, que se mantêm em resistência e cobram do poder público e da CODEVASF que se posicionem as ameaças.
Luta pela terra nos perímetros irrigados
As famílias reivindicam a área ocupada para fins de reforma agrária e assentamento das famílias Sem Terra, além de cobrar o não cumprimento do acordo estabelecido no ano de 2008, entre Governo Federal, Estadual, CODEVASF e MST para aquisição de 13.000 hectares de terra para o assentamento de 1.000 famílias, acordo este que não foi cumprido.
A direção regional do MST afirma que o Movimento está há 15 anos aguardando o cumprimento do acordo que foi estabelecido entre Governo Federal, Estadual e CODEVASF, para o assentamento das 1.000 famílias, tanto no perímetro irrigado, como também nas áreas que seriam adquiridas justamente para assentar as famílias.
O MST reafirma a importância da agricultura familiar, que precisa ter espaço nos perímetros irrigados com água à vontade, com terra à vontade, semeando a resistência e o sonho de se produzir e cultivar alimentação saudável em terras destinadas exclusivamente ao agronegócio que são terras públicas. A ocupação das famílias é uma retomada do espaço do perímetro irrigado para solicitar ao Governo Federal que retome as tratativas que dizem respeito ao perímetro irrigado e assentamento das famílias Sem Terra. Esse espaço foi pensado para o agronegócio, para grandes empresas e fazendas, não pensando, dessa forma, na agricultura familiar.
*Editado por Fernanda Alcântara