Internacionalismo

Armazém do Campo Porto Alegre realiza homenagem à resistência do povo venezuelano

O internacionalismo está entre um dos princípios organizativos do MST; o primeiro evento político cultural de uma série, será nesta quinta (13), às 19 horas
Armazém do Campo Porto Alegre, está na Rua: José do Patrocínio, nº888, no bairro Cidade Baixa. Foto: Maiara Rauber

Por Maiara Rauber
Da página do MST

Não há fronteiras geográficas ou étnicas que limitem as lutas contra a exploração do ser humano pelo ser humano. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra possui um Coletivo de Relações Internacionais, o qual tem o papel de articular a solidariedade às lutas dos trabalhadores Sem Terra, contribuir na resistência dos povos e despertar e aprimorar, junto à base social, os valores que os tornam mais humanos e solidários, construtores de uma sociedade socialista.

Nesse espírito, neste mês de abril, o Armazém do Campo Porto Alegre, traz para suas noites culturais marcos internacionais para serem relembrados. Para dar início a série de eventos políticos culturais Internacionalizemos a luta, internacionalizemos a esperança, a primeira noite, acontece no dia 13 de abril às 19 horas, e trará a memória da luta do povo venezuelano há mais de 20 anos. 

No dia 11 de abril de 2002 aconteceu um golpe de estado na Venezuela, no entanto veio o contragolpe com a participação das massas populares, em que após 47 horas, no dia 13 de abril a presidência retornou às mão de Hugo Chávez. Esse dia passou a ser conhecido como ‘Todo 11 tem seu 13!’.

O evento contará com a participação de militantes que fizeram parte de brigadas internacionalistas na Venezuela, trazendo seus relatos e compartilhando a experiência e a importância desse trabalho prestado pelo MST.

A política de Relações Internacionais do MST tem como alicerce os valores da solidariedade, do humanismo e do internacionalismo, um legado histórico da classe trabalhadora. Outros pontos principais carregados pelos militantes do movimento são a cooperação, a luta política contra o imperialismo, contra as opressões, em favor da autodeterminação, entre outros. E a partir desses princípios, o Movimento construiu com ações concretas a prática do internacionalismo. Uma delas é as brigadas Internacionalistas, em que militantes atuam em diferentes tarefas nos mais diferentes países.

Marildo Mulinári, produtor de arroz orgânico pela Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre, participou de um intercâmbio na Venezuela para compartilhar a experiência da produção arrozeira, realizada no Rio Grande do Sul pelas famílias Sem Terra. 

“Dia 13 é um dia de comemoração dos mais de 20 anos de resistência e luta revolucionária do povo venezuelano e nós temos a alegria de compor essa organização chamada MST e temos a compreensão e a clareza da importância das nossas brigadas internacionalistas, que atuamos com o espírito solidário e espírito revolucionário em vários países do continente latino-americano”, assinala Mulinari. 

O produtor Sem Terra juntamente com o companheiro Airton Rubenich estiveram em solo venezuelano por 11 dias para socialização de seus conhecimentos sobre os processos de plantio, manejo e colheita do arroz ecológico, bem como do sistema de produção do MST e de suas cooperativas. O convite foi realizado após o Presidente Nicolás Maduro, ter conhecimento sobre a experiência do arroz orgânico do MST, e que manifestou seu desejo em levar a produção do arroz ecológico das famílias Sem Terra para a Venezuela.

“Nós começamos um processo de experiência da produção de arroz orgânico lá na Venezuela, e foi um privilégio. No final de março deste ano os companheiros Airton e Carlos Pansera, da Terra Livre, retornaram para dar continuidade ao acompanhamento dessa experiência. Nós temos muitos companheiros do Brasil atuando nesse espírito solidário”, enfatiza Marildo Mulinari. 

Outra companheira que participará da noite no Armazém do Campo é Vanessa Witcel, formada em Serviço Social e Especialista em Economia e Desenvolvimento Agrário. A experiência no internacionalismo da Sem Terra iniciou no acompanhamento dos educandos de medicina humana na Escola Latino Americana da Venezuela, uma extensão da escola que possui sede em Cuba. 

“No segundo e no primeiro ano que eu estava lá, eu acompanhei duas turmas, e essa era a minha tarefa principal, mas acabei me somando também a algumas outras tarefas, principalmente na área da formação” relembra Vanessa. 

A Sem Terra passou a acompanhar cursos nas comunas integralmente no seu terceiro e último ano de brigada, juntamente com um coletivo de pessoas de diversos países da América Latina. “Parte do trabalho era na área da formação, mas também na área produtiva. Nós ajudamos a desenvolver as hortas e consolidamos alguns trabalhos de oficinas na parte da agroecologia”, pontua. 

De acordo com Vanessa, a contribuição dos companheiros internacionalistas do MST é principalmente a formação, a qualificação, a elevação de uma visão mais ampla da militância.

Quando vamos para as tarefas internacionais, podemos notar como contribuímos com esses movimentos, essas organizações com a nossa experiência, que é a experiência do Movimento Sem Terra“, salienta. O MST  é uma grande referência em nível internacional, ressalta Vanessa. 

Segundo ela, todo o conhecimento e experiência que os militantes Sem Terra levam para suas brigadas internacionalistas, também retornam, com uma nova visão, com novos elementos e experiência. “Isso qualifica a nossa militância e faz com que mais militantes queiram participar de brigadas  internacionalistas” finaliza Vanessa. 

Para fechar a noite o Armazém do Campo Porto Alegre (Rua José do Patrocínio, nº 888, Cidade Baixa – Porto Alegre) contará com a animação do Grupo Direito ao Delírio, que traz em seu repertório canções referentes às revoluções Latino Americanas. 

Acompanhe o Podcast do MST: Internacionalizemos a Luta! É um Podcast do Movimento Sem Terra, produzido com a intenção de apresentar informações e elementos para auxiliar os militantes e a sociedade em geral a entender o mundo e, principalmente, analisar a geopolítica internacional com o recorte da luta de classes. Para ouvir acesse AQUI.

*Editado por Solange Engelmann