JURA 2023
‘Uma década de experiência coletiva’: 10ª JURA é lançada na UnB
Por Camila Araujo
Da Página do MST
A 10ª Jornada Universitária por Reforma Agrária (JURA) foi lançada nesta segunda-feira (17), às 17h, no auditório Augusto Boal do campus Planaltina da Universidade de Brasília com uma mística e uma mesa de abertura em nível nacional.
O evento é realizado em universidades brasileiras para agregar áreas de conhecimento diversas e atividades como feiras, lançamentos de livros, debates e vivências para pautar a reforma agrária, como explicou o professor Luis Antônio Pasquetti, da UnB de Planaltina, um dos organizadores do evento.
É fundamental que os professores e estudantes das 70 universidades do Brasil e as que estão no exterior participem das atividades porque a questão agrária não está resolvida no Brasil”, disse Pasquetti, que mediou a mesa na UnB.
Parte da agenda de lutas do Abril Vermelho pela memória aos Mártires do Massacre em Eldorado do Carajás, a JURA acompanha ainda uma outra inciativa do movimento: a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, sob o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”.
Clarice Aparecida dos Santos, professora do curso de Licenciatura em Educação no Campo da UnB, comemorou os 10 anos da jornada: “trata-se de uma década de experiência coletiva e sistematização de saberes”.
O evento contou com a transmissão ao vivo pela TV UnB das atividades para as demais instituições de ensino superior participantes da jornada.
Marco Baratto, direção estadual do MST no DFE, explicou que o Movimento está em um processo de “recolocar o debate da reforma agrária no centro da pauta” do país, afirmando que, como ocorre em todo mês de abril, “o MST está em movimento coletivo”. “A gente vai sempre se movimentar, independente do governo vigente, para que nossa pauta avance”, disse.
“O MST está fazendo ações solidárias e construtivas dentro dos INCRAs do Brasil inteiro, e também em latifúndios, para falar da Reforma Agrária”, destacou, acrescentando que “hoje é um dia de afirmação e reafirmação deste projeto histórico. A gente só avança com a luta popular organizada nos territórios, com o povo organizado, que é o motor das transformações”, declarou.
Para ele, é necessário formar novos camaradas nas diversas profissões, como medicina e advocacia, para disputar os espaços, inclusive o da academia, já que o agronegócio sempre nadou de braçada por ali. É preciso fazer a disputa do conhecimento, pontuou.
O dirigente destacou ainda que a reforma agrária é uma pauta muito cara ao movimento. “Muitos camaradas, companheiros e companheiras, tombaram nessa luta. É uma luta sangrenta, dura”, afirmou, lembrando ainda que “assentamentos e acampamentos estão constantemente em disputa e tendo que se reafirmar dentro do projeto político que a gente acredita”.
“Por que não sonhar com um país justo e generoso?”, questionou Teresa Maia, convidando as pessoas presentes para “construir um projeto popular” para o Brasil”.
A representante do projeto Brasil Popular defendeu que o país tem grande capacidade de produção de riquezas, apesar de nossa história ser “marcada pelo autoritarismo, pela concentração de poder e de terras”.
O projeto defendido por Teresa é, segundo ela, comprometido com a realização da reforma agrária popular, com a implementação de amplos programas e políticas de estruturação da agroecologia como base produtiva e tecnológica para a agricultura, promovendo a demarcação de terras e a soberania alimentar e popular sobre os bens comuns do povo brasileiro.
A mística
A mística de abertura da JURA foi a primeira ação do Laboratório de Teatro e Reforma Agrária (Latera), vinculada à Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF.
A cena apresentada na ocasião foi construída coletivamente entre o Latera e estudantes da Oficina Básica de Teatro do curso de Licenciatura em Educação no Campo, ministrada pelo professor Rafael Villas Boas, e contou com contribuições da professora Clarice e de militantes do Levante Popular da Juventude.
Abordando o histórico do Massacre de Eldorado dos Carajás e da reforma agrária, a intenção da peça, de acordo Julie Wetzel, uma das coordenadoras do Latera, foi falar “das várias matanças que ocorrem contra os povos no campo e colocar o projeto de reforma agrária popular como pauta urgente”.
Julie explicou ainda que o laboratório de teatro a partir de agora contará com espaço fixo para pesquisa prática e teórica de teatro político, abordando teatro épico, teatro popular, agitação e propaganda e teatro do oprimido.
“O laboratório tem como compromisso e responsabilidade a questão da transformação social”, concluiu.
Eldorado dos Carajás
17 de abril é o marco do massacre de Eldorado dos Carajás que, em 2023, completa 27 anos. O fato aconteceu no ano de 1996 quando duas tropas da Polícia Militar do Pará avançaram com armamento pesado contra 1.500 famílias de trabalhadores rurais Sem Terra que marchavam em direção à capital Belém para reivindicar a desapropriação de terras para Reforma Agrária.
O resultado da operação foi o massacre. Foram 19 camponeses barbaramente assassinados no local e outros dois que morreram em seguida por conta dos ferimentos.
Confira fotos de lançamento da JURA 2023:
*Editado por Fernanda Alcântara