Dia do Milho!
Semente sagrada na cultura indígena e queridinho da alimentação latino-americana
Por Jade Azevedo
Da Página do MST
O Brasil é um dos maiores produtores de milho do mundo, em 2020 o país ficou em terceiro no ranking como produtor, perdendo somente para o Estados Unidos e China. No entanto, desde 2003 com o aumento da liberação de variedades de milhos transgênicos, hoje encontrar alguma espécie de milho livre de transgenia no mercado é o mesmo que encontrar ‘uma agulha no palheiro’.
Como consequência do uso de transgênicos e agrotóxicos, temos uma grave ameaça à biodiversidade, influenciando a perda de diversidade da flora e da fauna das regiões e mudanças climáticas. Além da mudança nos hábitos alimentares tradicionais de muitas populações, devido a perda de variações nas cores e formatos do milho, além dos danos à saúde humana.
No Paraná, o assentamento Eli Vive do MST, localizado em Londrina, região norte do Paraná, com uma comunidade formada por 501 famílias e cerca de 3 mil moradores, é a maior área de Reforma Agrária em região metropolitana do Brasil, com 7.500 hectares e um dos carros chefes do Assentamento é a produção de milho orgânico e seus derivados.
A área, em dez anos, transformou-se no local onde vivem organizando, construindo espaços coletivos e produzindo alimentos saudáveis. Parte da produção é agroecológica com certificação de orgânico, outras estão em processo de transição para se certificar.
Reforma Agrária, soberania alimentar e direito à comida saudável
Desde o início, as famílias produzem para o autossustento e para a comercialização. Entre as linhas de produção se destacam: leite, hortaliças, café, frutíferas e grãos, principalmente o milho. Em 2022 a comunidade inaugurou a agroindústria de derivados de milho livre de transgênicos da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), que tem a capacidade de beneficiamento de 24 toneladas de milho por dia e envolve 13 municípios da região.
A expectativa da Cooperativa é produzir um milhão de toneladas de derivados de milho não transgênicos e agroecológicos por ano. A estrutura atual já garante a comercialização de fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém. Os resíduos do milho beneficiado são transformados em ração para bovinos e suínos.
Copacon produz 1 milhão de toneladas de derivados de milho em Londrina – PR. Foto: Juliana Barbosa
Segundo Fábio Herdt, presidente da Copacon, a Cooperativa vai ampliar a diversidade de produtos nos próximos cinco anos, assim como a produção de derivados do milho como a quirerinha, canjica branca e flocão. “A expectativa é que a gente tenha todos esses produtos, que além de muito gostosos, sejam agroecológicos, com capacidade de venda, com preço justo e de fácil acesso para toda população”, afirma Herdt, assentado na comunidade.
Em 2022 a média de comercialização foi de 205 toneladas de fubá, 70 toneladas de canjiquinha, 55 toneladas de farinha de milho biju, além de hortifruti, feijão e mais de 20 outros produtos.
Feira Nacional da Reforma Agrária
Considerado um dos maiores eventos realizados pelo Movimento Sem Terra, a Feira Nacional da Reforma Agrária está de volta esse ano, após cinco anos. A Feira vai acontecer no Parque da Água Branca, em São Paulo, de 11 a 14 de maio, reunindo toda a diversidade do MST, em forma de produtos, alimentos, apresentações, debates e plenárias.
Na Feira você também vai encontrar o milho e seus derivados, como o flocão para fazer cuscuz, o fubá pra fazer bolo, polenta, a quirerinha, prato tradicional nas festas brasileira, pamonha, milho orgânico para comer cozido com manteiga e muitos outros produtos que vão te inspirar. Alimentos saudáveis não vão faltar e o milho, esse grão tão popular na América Latina, você encontra na feira, para levar para casa e também para comer ali nas barracas e no espaço da Culinária da Terra, que irá servir pratos típicos das cinco regiões do país, com a presença garantida do milho.
*Editado por Solange Engelmann